Camilo supera dor com pé lesionado e rivais para ganhar em Goiânia e faturar terceira Corrida do Milhão

Camilo vence em Goiânia e fatura terceiro milhão (Foto: Fernanda Freixosa/Vicar)

Minutos antes da largada, Thiago Camilo estava em pé ali nos boxes da RCM com dificuldade e um pé que mal cabia na sapatilha especial feita pela adidas para que corresse neste fim de semana em Goiânia. Contava que eram 18 lesões, que havia suspendido os analgésicos e anti-inflamatórios porque davam sono e para não ter problema com doping, que a dor era considerável e que valia a pena o sacrifício.

Largando em 12º e nestas condições, poucos o viam como candidato à vitória. Mas de repente tudo começou a dar certo. Já era quarto ao final da primeira volta num mix de excelente largada com a má partida de rivais como o próprio pole, Marcos Gomes, Rubens Barrichello e Lucas Foresti. Passou a terceiro superando na pista Ricardo Zonta. Foi segundo quando ganhou nos boxes a posição de Daniel Serra. E contou com a sorte com o abandono de Ricardo Maurício.

Bingo: mais uma Corrida no Milhão no bolso. E se trata da terceira — havia ganhado em 2011 e 2012.

Os pilotos saíram para a volta de apresentação de forma lenta. Eram dois os motivos: a preocupação com o consumo de combustível e o aquecimento de pneus – apesar da temperatura da pista apontar 44ºC naquele instante.

Camilo foi abrindo caminho em Goiânia (Foto: Carsten Horst/Hyset)

Na largada, Gomes perdeu uma série de posições com certa lentidão e foi engolido por Daniel Serra, segundo no grid, e outros quatro carros. Outro que caiu foi Lucas Foresti, que pretendia atacar desde o início por não ter nada a perder. Um terceiro piloto nesta derrocada foi Rubens Barrichello: terceiro no grid, despencou para 23º ao escapar da pista na curva 1.

Serra sofreu certa pressão de um empolgado Ricardo Maurício e trouxe à baila Ricardo Zonta, que pulou para terceiro. Thiago Camilo, cujo pé inchado apresenta 18 lesões, também ascendeu bem, indo parar em quarto. Aos poucos, o líder foi colocando uma vantagem interessante sobre o resto do pelotão.

Mais atrás, Gomes tentava partir para a recuperação, tendo Valdeno Brito como seu primeiro oponente. Na volta 5, tentou uma ultrapassagem por fora usando o push-to-pass, mas o paraibano soube se defender corretamente; na passagem seguinte, usou da mesma tática e teve o mesmo resultado: nada. Nas posições imediatamente à frente, Zonta começou a ficar para trás em relação a Maurício e passou a ser atacado por Camilo. 

No pelotão intermediário, quem começou a aparecer foi Gabriel Casagrande, que logo se pôs entre os dez primeiros e foi para cima de Max Wilson e Átila Abreu. Antes da décima volta, o novato do carro #83 superou ambos, indo ao oitavo lugar.

Camilo conseguiu passar Zonta ao abrir a volta 11, fazendo uso do botão de ultrapassagem. Era a primeira mudança efetiva dentre os primeiros colocados. Uma vez livre, Thiago foi descontando a diferença para os dois primeiros – que já não mais existia como no início da corrida.

Se Casagrande pretendia algo maior na corrida, um pneu furado no final da reta principal no giro 12 tratou de minar seus sonhos. Curiosamente, voltas antes, seu companheiro de C2, Sérgio Jimenez, sofrera do mesmo infortúnio. Com isso, sua posição caiu no colo de Felipe Fraga, outro que superou sem sobressaltos Wilson e Abreu. Estes dois também viraram presa fácil de Barrichello.

A janela de boxes foi aberta na volta 15, mas foi na 16 que Serra e Camilo passaram por lá. Foi então que houve a inversão das posições. Os dois voltaram atrás de Maurício, que, com todos parando, foi à liderança. De interessante nos pits apenas o problema com Popó Bueno, que saiu com parte da mangueira de combustível acoplada a seu carro #74.

Camilo não hesitou em partir para o ataque e colou em Maurício. Mas a manobra não precisou ser efetuada: Ricardo teve problemas e ficou lento na pista, entregando de bandeja a primeira posição ao rival. Metros adiante, o piloto do carro #90 estacionava seu carro e dava adeus ao milhão.

A partir daí, Camilo se viu livre. Foi abrindo uma distância confortável para Serra volta a volta e recebeu a bandeirada ao final de 45 minutos mais um giro. Zonta completou o pódio. O pole Gomes e Brito encerraram o top-5.

Pela terceira vez milionário, Camilo mal cabia em si diante da conquista inesperada. A dor foi por momentos esquecida. Mais tarde, com a adrenalina mais baixa e o sangue frio, há de sentir as consequências duras de quem vai ter de aturar mais dois meses o período de recuperação.

Camilo ganha Corrida do Milhão em Goiânia (Foto: Carsten Horst/Hyset)

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