Argel é apresentado com discurso de Inter diferente: "Sem frescura"

(Foto: Jeremias Wernek/UOL)














Argel chegou e, no discurso, o Internacional já mudou. Atendendo ao anseio de dar um choque no vestiário, o treinador foi apresentado no final da manhã desta sexta-feira (14) com uma metralhadora de clichês e promessas. Um time mais aguerrido, empenhado e combativo. Um vestiário blindado e sem frescura. Com trabalho simples, sem milagre.

"A gente vai fazer o simples e no futebol isso é difícil. Não tem frescura. A gente vai dar liberdade muito grande ao jogador e cobra resposta. O jogador não tem profissão paralela, trabalha no futebol como eu. Não tenho dúvida que vamos nos dar bem", disse. "O torcedor pode esperar um time muito competitivo, até porque o futebol moderno pede isso. O Inter tem qualidade técnica, mas temos que resgatar agressividade. Entrega. Empenho. Isso faz diferença", completou o treinador.

Terceira opção do Colorado no mercado, após a recusa de Muricy Ramalho e Jorge Sampaoli, o ex-técnico do Figueirense empilhou frases de efeito e foi franco. Citou a semifinal da Copa Libertadores, contra o Tigres-MEX, e pediu carinho da torcida.

"O engraçado do futebol, e esse é o gostoso, é que há 25 dias o Internacional era o melhor time do Brasil. E ninguém desaprendeu a jogar. Venceu o Tigres e era dito por todos como favorito para chegar à final (da Copa Libertadores) contra o River. Aí você perde no México, perde o clássico e ninguém presta? Não é assim. Esses jogadores aí tem qualidade. É o momento de blindar o vestiário, agregar e recuperar esses jogadores. A fórmula do sucesso é o trabalho. É protegendo o jogador, dando um voto de carinho", afirmou.

Ex-zagueiro e revelado pelo Inter, Argel assinou contrato até dezembro de 2016. Vai receber R$ 200 por mês, R$ 50 mil a menos que Diego Aguirre - demitido às vésperas do Gre-Nal 407. O Colorado será o décimo sexto time da carreira do treinador. A estreia oficial será domingo, às 16h (Brasília), contra o Cruzeiro, no Mineirão.

Confira outras respostas de Argel Fucks

JEITO DE JOGAR

Sistema de jogo a gente pode falar, conversar... Geralmente é 4-4-2, 4-3-3. O importante neste momento é o treinador se adaptar aos jogadores que tem. É isso que a gente vai fazer. Mas quem conhece o nosso trabalho sabe que vamos ter um time competitivo. Precisa ter um time copeiro. O Internacional sempre teve isso. Com transpiração e vibração. Um time comprometido com esta instituição. Com muito trabalho e dedicação. O torcedor pode esperar um time muito competitivo, até porque o futebol moderno pede isso. O Inter tem qualidade técnica, mas temos que resgatar agressividade. Entrega. Empenho. Isso faz diferença.

QUAL OBJETIVO PARA O RESTO DA TEMPORADA

Vamos pensar jogo a jogo. O campeonato é um campeonato maluco. O Joinville ganhou do Cruzeiro por 3 a 0. Futebol é uma coisa diferente. Nosso objetivo é ir jogo a jogo, vamos primeiro pensar no jogo de domingo. Enfrentamos o Cruzeiro na terceira rodada do campeonato e o Figueirense venceu, 2 a 1 lá em Floripa. O importante é focar jogo a jogo. O equilíbrio é total que duas partidas te jogam lá para cima. O engraçado do futebol, e esse é o gostoso, é que há 25 dias o Internacional era o melhor time do Brasil. E ninguém desaprendeu a jogar. Venceu o Tigres e era dito por todos como favorito para chegar à final. Aí você perde no México, perde o clássico e ninguém presta? Não é assim. Esses jogadores aí tem qualidade. É o momento de blindar o vestiário, agregar e recuperar esses jogadores. A fórmula do sucesso é o trabalho. É protegendo o jogador, dando um voto de carinho.

D'ALESSANDRO

O D'Ale é um jogador de confiança minha, gosto do estilo. Da personalidade. Do caráter. A gente era bem parecido quando jogava, a única diferença é que sou brasileiro e ele argentino. O D'Alessandro é ídolo da torcida, é um jogador diferenciado e conto com ele. Não existe mais um camisa 10 como ele. Não tenho dúvida que ele está comprometido com o clube, com o time. Sempre existe uma cobrança maior no D'Alessandro, mas agora chegou um treinador para proteger, para blindar ele. Antes de bater nele, vão bater em mim. O futebol é um esporte coletivo, não é tênis. Lá no tênis é só pegar uma raquete, come a banana e nem olha para o treinador. Aqui não. O D'Alessandro é uma peça fundamental na engrenagem e é um jogador que eu, particularmente, gosto do perfil. É um jogador sanguíneo e que se indigna com a derrota. Que não gosta de perder.

RODÍZIO OU ESCALAÇÃO SEMPRE 100%

Vamos colocar sempre o que temos de melhor no momento. Não sou adepto do rodízio, acredito que quanto mais o jogador joga, melhor fica. Temos um grupo bem homogêneo, dois jogadores para cada posição. Gente experiente e garotos. Eu tenho trabalho especial com os garotos, eu já fui garoto. A gente vai fazer o simples e no futebol isso é difícil. Não tem frescura. A gente vai dar liberdade muito grande ao jogador e cobra resposta. O jogador não tem profissão paralela, trabalha no futebol como eu. Não tenho dúvida que vamos nos dar bem. Sistema e jogo e formação... o mais importante é ter um time definido e dar rodagem a este time. O torcedor tem que ter a escalação na ponta da língua. Não gosto muito de invenção, de testar. Vamos definir um time, dar confiança ao jogador. Podemos jogar no 4-4-2, 4-3-3. Não vão me ver jogar com três zagueiros, isso é quase impossível. Não vamos confundir  éva cabeça dos jogadores. Não pode um time ter desaprendido a jogar em 25 dias. Futebol é igual a andar de bicicleta, não se esquece.

MUDANÇAS NO DOMINGO

Eu gosto de jogar... o sistema 4-2-3-1 em algumas partidas é importante. Principalmente quando você está atrás do resultado. O sistema que eu gosto de usar é 4-4-2, dois volantes, dois meias e um centroanvate. Podemos jogar com dois jogadores velocistas na frente. Ser um time compacto. Com todos atrás da linha da bola. Começar no 4-2-3-1 é ser meio faceiro demais, digamos assim. Começar com o 4-4-2 é melhor, te dá chance de mudar. Quando você sai para o jogo, desde o começo no 4-2-3-1, toma um gol e aí, põe outro atacante? Já tem três. A minha preferência é no quadrado. Podemos jogar no losango e aí tem a terceira opção, o 4-2-3-1.

COMANDA O TIME CONTRA O CRUZEIRO

Pode ter certeza, sou contra um profissional ficar sentado na cabine dizendo que vai conhecer o elenco. A gente se conhece, eu já joguei contra o Internacional. Se eu estivesse me apresentando no sábado, sem nenhum treino, pode ter certeza que eu sentaria no banco. Eu vivo futebol 24 horas por dia e o mínimo que eu possa fazer é conhecer os outros times. Eu conheço os jogadores, vamos trabalhar à tarde e ainda teremos dois treinos para ter uma estratégia. Já cheguei em equipes onde não dei nenhum treino e fui direto para o jogo. Quando a gente vem para um clube, vem de corpo e alma, não é para sentar lá em cima.

ALEX E D'ALESSANDRO JUNTOS

No nosso grupo não tem cadeira cativa para ninguém. A instituição está acimade tudo. Daqui 500 anos vai existir o Sport Club Internacional. A única coisa que prometo é oportunidade. Quem vai jogar? Quem estiver bem. Claro que Alex e D'Alessandro podem jogar juntos, desde que o rendimento seja aceitável. Vamos tratar de forma muito simples, direta. Olho no olho. Não existe um time titularíssimo. Você ganha campeonato com grupo, com 11 você ganha uma partida. Você vai precisar de todo mundo. O torcedor colorado está ferido neste momento, a manifestação é importante desde que não tenha violência. Não concordo com violência. Até porque o torcedor do Internacional é atuante. A moldura humana do Beira-Rio é forte, responde. Isto é a história do clube. Quando o Inter foi campeão da Libertadores e do Mundial tinha qualidade, mas atitude. Transpiração. Uma coisa que vem de dentro. Só a qualidade técnica não vai te levar a lugar nenhum. Nós tivemos um exemplo na Copa do Mundo, achamos que só a qualidade técnica ia vencer. Não venceu. O atleta tem que estar aqui de corpo e alma. Perder ou ganhar faz parte do futebol. Agora, existem várias maneiras de perder um jogo. Quando você perde um jogo quando se deixa a pele no campo, pode ter certeza que nos próximos vai vencer. Agora tem um comandante para cobrar, lá no vestiário. E o vestiário é sagrado. Nunca me contrataram em uma situação tranquila, sempre na difícil. E eu gosto disso, gosto da adrenalina. É combustível. Ainda mais em um clube onde eu cresci. Vamos cobrar atitude diferente, comprometimento. E a gente já viu um time diferente contra o Fluminense, um time mais comprometido mesmo. Não vamos fazer treinamento com portão fechado, mas desde que o torcedor não venha xingar A, B ou C. Deixa comigo, eu cobro ali dentro. Eu sou da aldeia, conheço Porto Alegre, a imprensa e a vida noturna. Isso é.importante. No primeiro jogo com o Tigres, a torcida fez a festa mais linda que eu vi. A torcida precisa abraçar o time de novo, o que passou nos últimos 25 dias. O torcedor é fiel

SEM FRESCURA, FAZENDO O SIMPLES

Ainda não fabricaram medicamento, vai ser no treino. Na minha época era só agua e ninguém cansava. Futebol se modernizou, cada um tem sua época. Nós era do tempo do orelhão. Agora é só whatsapp... A gente ter uma simplicidade é falar a linguagem do jogador. Eu sentei no vestiário 18 anos, joguei em nove clubes. O Internacional é meu décimo sexto clube como técnico. Eu comecei debaixo, trabalhei na Série C do Brasileirão. A gente já vem calejado, estou acostumado com a pressão, com a crítica e com o elogio. Eu sempre fui elogiado. Cansei de ser herói, de ser vilão. Cansei de fazer gol a favor e contra. O tratamento vai ser leal, olho no olho. Tratamento sério. Cobrança por entrega, por render o que a gente pode render. Você tem que treinar no dia a dia. Se você treina fraco, joga fraco. Se você treina a 200 por hora, joga assim. Não adianta chegar no jogo e dar um comprimido antes do jogo com raça, força. A gente trabalha com treinos curtos, mas com intensidade muito alta. Esse é o futebol moderno. Não dá mais para se dar ao luxo de montar um esquema e tal... Não, todo mundo tem que ter participação maior. Futebol ficou muito mais forte. O espaço diminuiu e se joga muito mais. Antigamente não se jogava tanto. Aqui no Brasil se joga muito e em lugares diferentes. É dessa forma que vamos trabalhar.

ANDERSON COMO VOLANTE OU MEIA

O Anderson tem um contrato de quatro anos, é um jogador que não está com uma performance satisfatória. Ele mesmo não deve estar contente com ele. O Anderson não deve ter desaprendido a jogar, impossível. É um jogador diferenciado, jogou no Manchester, na seleção brasileira. Não tem lesão grave, está inteiro. É um desafio meu recuperar esse jogador. Não só ele, mas outros também. Falo dele porque você citou. A gente vai dar uma atenção especial, ele precisa de um rendimento melhor. Precisamos sentar com ele e definir a posição dele, saber a posição onde ele se sente bem. Ele era meia aqui, foi para Europa e virou segundo volante. Ele precisa me passar onde se sente bem. Ele precisa render mais? Precisa. Ele tem capacidade para render mais? Muito. Mas temos que entender que um jogador que vem da Europa, muito tempo parado... Eu sofri isso. Aqui o calor é mais forte, tudo é diferente. Temos que ter uma compreensão, mas claro que haverá cobrança. Se criou uma expectativa em cima dele. Ele veio com status de craque e verdadeiramente é um craque. Temos que encontrar isso. Não adianta só eu querer, meu tempo de jogador já passou e eu não sinto falta. Tem que partir dele também.

ESCALAÇÃO PARA A ESTREIA E SITUAÇÃO DE RÉVER

Calma, primeiro vamos treinar. O time que treina é o time que joga. Sei que vocês estão ansiosos pela escalação, mas vamos com calma. É uma loucura por escalação. Mas vamos observar o treino. Existe a possibilidade do D'Ale voltar, vou falar com ele. É um jogador vigoroso, que gosta do combate, da guerra. Vamos falar com ele e ver as condições dele. Já cansou de entrar no sacrifício e deu retorno muito importante para a equipe nos jogos que participou. E o Réver é um caso parecido com o do Anderson. Jogador com qualidade. Precisa render mais, a performance dele é que vai deixar ele no time ou não. Não existe cadeira cativa no meu time, o importante é jogar bola.

SEMPRE FAVORITO, NUNCA CAMPEÃO

Achar no futebol é muito fácil. E ai eu daria uma de profeta do acontecimento. O importante é tentar ganhar tudo. Tudo. Se você vai jogar Gauchão, Copa do Brasil, Libertadores, Supercopa, Sul-Americana você tem que colocar o melhor em todos os jogos. E sempre priorizar o próximo jogo.

UOL Esporte

Comentários