Brasil cala torcida canadense, suporta pressão e leva ouro no basquete

(Foto: John David Mercer/USA Today Sports)















Se fora de quadra o momento do basquete brasileiro é delicado, com inúmeras dívidas e a participação olímpica ameaçada, dentro dela a seleção masculina deixou uma boa impressão no Pan-Americano de Toronto (CAN) e conquistou a medalha de ouro de maneira invicta, mas não sem levar um susto no jogo que valeu o título.

Na decisão deste sábado, contra o Canadá, o Brasil chegou a liderar por 25 pontos no início do terceiro quarto, permitiu uma reação canadense e precisou suar para garantir o triunfo por 85 a 71. O Brasil teve três jogadores dividindo o posto de maior pontuador: Larry Taylor, Rafael Hettsheimeir e Olivinha, cada um com 13 tentos.

A superioridade foi tamanha até o intervalo (48-29) que a torcida que encheu o ginásio já mostrava desânimo com a situação. Só se animou de verdade e colocou pressão com muitos gritos e vaias no terceiro quarto e durante boa parte do último quando o time local tentou uma reação que acabou não se concretizando.

O título do Pan - o quarto nas últimas cinco edições da competição - marcou também a primeira conquista de Rubén Magnano no comando da seleção nacional em sete competições oficiais. Até então, o melhor resultado do treinador havia sido o vice-campeonato do Pré-Olímpico de Mar del Plata, em 2011.

A medalha de ouro supera de longe a péssima campanha de 2011, em Guadalajara (MEX). Naquela ocasião, a seleção perdeu dois de três jogos e nem sequer avançou à semifinal. Acabou na quinta colocação.

"Este título representa muito, não apenas pela cor da medalha, mas também pela maneira que jogamos, a imagem que deixamos, com ninguém se importando com o ego e jogando em conjunto. Estou muito feliz, significa muito esta conquista", afirmou o ala-armador Vitor Benite.

"Quando saímos do Brasil falamos sobre o sonho de ganhar uma medalha. E fico feliz também com a imagem deixada pela equipe, de um jogo sólido, coletivo", disse o técnico Rubén Magnano.

"Que ótimo que depois de 50 dias de trabalho conseguimos este título, fazer o basquete brasileiro dar orgulho às pessoas, trazer de volta esta alegria de torcer",  afirmou o armador Ricardo Fischer, de 24 anos, que fez a sua estreia em Pans.

O Brasil mandou a Toronto uma seleção B, sem os astros da NBA e até figurinhas carimbadas na equipe nacional nos últimos anos como Alex, Marquinhos, Marcelinho Machado e Guilherme Giovannoni.

O Canadá, rival na decisão, contou neste Pan com dois atletas que têm contrato na liga americana: Andrew Nicholson (Orlando Magic) e Anthony Benett (Minnesota Timberwolves). Este último, foi a primeira escolha do Draft em 2013 e terminou com 18 pontos, sendo o cestinha da partida.

Já Nicholson teve uma atuação que deixou a desejar. Fez somente 11 pontos antes de ser excluído no terceiro quarto com cinco faltas, a última delas uma técnica por reclamação.

Na final deste sábado, o Brasil só não teve o controle do marcador nos quatro primeiros minutos, quando errou bastante no ataque e a defesa não funcionou tanto. Mas mesmo neste tempo a maior vantagem que os canadenses conseguiram colocar foi de quatro pontos 7 a 3.

Os donos da casa só mantiveram a dianteira até os 5m56. Foi quando o Brasil igualou em 9 a 9 e começou a deslanchar no marcador. E o grande responsável por colocar a seleção nacional em vantagem de 26 a 13 ao fim do primeiro quarto foi o pivô Rafael Hettsheimeir. Ele anotou 11 pontos e acertou três dos cinco arremessos de três tentados (60% de aproveitamento).

Com a defesa intensa o ataque fluindo sem dificuldades, a seleção brasileira foi fazendo a sua vantagem aumentar ainda mais. Os 19 pontos registrados no intervalo (48-29) refletiram bem o que se via em quadra.

No começo do terceiro quarto, o Brasil abriu 25 pontos após uma enterrada de Augusto Lima e deu a impressão de que a vitória já estava definida. Mas a torcida canadense acordou e uma enterrada de Anthony Bennett que fez a tabela tremer colocou fogo na partida. Ao fim do período, o time brasileiro só tinha 13 de vantagem (67 a 54)

A reação canadense foi tomando formada. A torcida fez ainda mais barulho e o Brasil se assustou. Perdeu JP Batista e Vitor Benite com cinco faltas. A diferença foi caindo até achegar a seis (69-63) quando faltavam pouco mais de sete minutos para o fim.

Mas a seleção conseguiu manter a tranquilidade para não deixar a vitória quase certa escapar. Um lindo arremesso de três de Leonardo Meindl quando faltam pouco menos de três minutos levou a vantagem para 12 (78 a 66) e calou o ginásio. Depois disso, foi só administrar o marcador e festejar.

Dos 11 jogadores que representaram o Brasil em Toronto, dois já haviam sentido o gostinho de levar a medalha de ouro. JP Batista e Marcus Toledo jogaram no Rio de Janeiro, em 2007.

O próximo compromisso da seleção brasileira será o Pré-Olímpico da Cidade México, a partir de 31 de agosto. Caso a Federação Internacional de Basquete (Fiba) não confirme a vaga direta para 2016 em reunião que fará entre 7 e 9 de agosto em Tóquio (JAP), o time nacional precisará ficar em primeiro ou segundo do torneio para assegurar a vaga. As equipes posicionada entre os 3º e 5º lugares jogarão o Pré-Olímpico Mundial no ano que vem.

UOL Esporte

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