O jornal Ás publicou neste sábado mais uma parte das informações cedidas por um ex-funcionário da Conmebol sobre o funcionamento do esquema de corrupção na entidade. Nomeado pelo periódico como 'Confidente X', ele conta que servia como entregador do dinheiro do suborno para o ex-presidente Nicolas Leóz.
"Me deram US$ 1 milhão em dinheiro vivo e uma lista com iniciais e cifras. Fui ao hotel Yacht&Golf Club de Assunção e, como haviam me ordenado, comecei a fazer a divisão do dinheiro entre os membros que comandavam a Conmebol nesta época. Entreguei dinheiro a Julio Grondona, Esquivel, Osuna, De Luca...", contou o informante.
"Chamava-os na porta de seus quartos e lhes entregava o envelope que havia preparado previamente com a quantidade que cada um tinha assinalada. Alguns contavam [o dinheiro] e outros nem isso. Não me olhavam nos olhos. Fechavam a porta e eu ia para o quarto seguinte, seguindo a ordem estabelecida na lista. Nem todos cobravam o mesmo. Havia subornos maiores e outros com menos dólares", completou.
A distribuição deste suborno teria ocorrido durante um congresso da Conmebol no Paraguai. Temeroso sobre andar com a grande quantidade de dinheiro, o 'Confidente X' pediu aos dirigentes para ser trocado de função. Segundo ele, foi quando passou a ser perseguido e vigiado pela entidade.
O ex-funcionário diz ter ficado assustado quando comprovou que a mecânica de subornos estava institucionalizada e assumida entre todos na Conmebol. Ele afirmou que, para os dirigentes, era normar extrair dinheiro e utiliza-los para o pagamento de subornos. A mecânica consistia em sacar o montante da conta da entidade no Banco do Brasil e distribui-la para os membros da lista pré-selecionada. Desta forma, não haveria recibos ou assinaturas.
O 'Confidente X ainda contou que chegou a pensar em "fugir com o dinheiro, ir ao aeroporto. Mas não sou como eles".
O ex-funcionário da Conmebol, que apresentou uma série de documentos com esquema (todos com a assinatura de Leóz), diz ter ido morar na Espanha para fugir da perseguição dos dirigentes da entidade. Por isso, prefere permanecer anônimo e não dar depoimentos à investigação da Justiça dos Estados Unidos.
"Tenho medo de depor, mas não por contar o que sei, mas pelo que pode me acontecer depois. Que me perdoe a Justiça norte-americano, mas em meu medo mando eu", concluiu.
UOL Esporte
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