Pouco treino, polêmicas e imagem arranhada: a queda de Neymar em 2 semanas




















Neymar vive seu auge técnico após pouco mais de seis anos de carreira como jogador de futebol profissional. Destaque do Barcelona, artilheiro da Copa do Rei e também goleador da Liga dos Campeões da Europa, o atacante brasileiro viu o ápice ao conquistar o título mais importante entre clubes do mundo no último dia 6, na vitória do time catalão sobre a Juventus. Duas semanas depois, no entanto, o cenário é preocupante. Principalmente fora de campo.

Neymar dará adeus à seleção brasileira nesta segunda-feira, após uma decisão conjunta com a comissão técnica de desistir de recorrer contra a sentença da Conmebol que o suspendeu por quatro jogos e encerrou sua participação na Copa América. E a saída será melancólica, bem diferente da chegada como "salvação" às vésperas do torneio.

Celebrado como postulante ao título de melhor do mundo após a conquista com o Barcelona, Neymar deixa o grupo com a imagem arranhada. No lugar de dribles, gols e liderança dentro de campo, o que se viu foi muita polêmica, reclamações exageradas e pouco treino.

Após se juntar ao grupo no dia 8, em Porto Alegre, o jogador fez uma leve atividade no dia seguinte e jogou apenas 45 minutos no amistoso contra Honduras. Foi então que tudo começou. Ao não aceitaras vaias da torcida ao time que teve uma atuação sonolenta, Neymar sugeriu que os jogadores "metessem o pé" para o vestiário e não cumprimentassem o público gaúcho.

Horas depois, na manhã seguinte, o atleta cancelou uma entrevista coletiva que daria no hotel que a delegação estava hospedada. Ele não queria contato com a imprensa, nem mesmo para comentar as recentes conquistas.

Passados alguns dias, o atacante chegou ao Chile para iniciar a caminhada na Copa América. Em campo, um gol e assistência para Douglas Costa definir a vitória. A atuação reacendeu a discussão sobre a disputa para ser um dos melhores do mundo. O nervosismo em campo, no entanto, não ficava escondido. O atacante foi punido com cartão amarelo por retirar a espuma que marca a posição da bola na falta e reclamações constantes.

Nos dias seguintes, às vésperas da partida contra a Colômbia pela Copa América, uma nova polêmica: a Justiça espanhola abriu processo contra Neymar e outras quatro pessoas – seu pai, inclusive – para investigar a transferência do atacante para o Barcelona, em 2013. Eles são acusados de fraudar contratos firmados no acordo entre Santos e o clube catalão.

Em campo, Neymar deixou claro que sua cabeça estava tumultuada. Nervoso, socando a bola e reclamando o tempo todo, o jogador se envolveu em uma confusão após a derrota por 1 a 0 para a seleção colombiana, foi expulso e ainda tentou ir para cima do árbitro no túnel que dá acesso aos vestiários. Foi o início do processo que tirou Neymar da Copa América e culminou com seu desligamento da seleção nesta segunda.

O capitão da seleção mostrou que não estava tranquilo para uma derrota como essa – a primeira após 24 jogos no time nacional – e teve sua liderança questionada. O episódio arranhou a imagem de Neymar. A comissão técnica não aprovou a atitude e se mostrou preocupada com o nervosismo exagerado do jogador nos últimos dias.

Sem treinar entre os titulares e com a punição confirmada dois dias depois, o atacante perdeu o rótulo de esperança e virou um peso para o grupo que só falava dos problemas de Neymar. Dos camarotes, escondido, viu o time de Dunga superar sua ausência, e suas polêmicas, para vencer a Venezuela e ir às quartas de final da Copa América. Foi o último ato de uma passagem frustrante daquele que pretendia utilizar o torneio para se consolidar entre os melhores do mundo.

UOL Esporte

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