(Foto: Reginaldo Castro/Estadão Conteúdo) |
A comissão permanente que discute a segurança pública nos estádios de futebol de São Paulo ainda procura consenso para decidir se os clássicos envolvendo Santos, São Paulo, Palmeiras e Corinthians passarão a ser realizados com torcida única.
De acordo com Alexandre de Moraes, secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, também está em análise o uso da biometria na entrada dos estádios, incluindo os seus custos, além de uma forma mais eficaz para o cadastramento dos membros das torcidas organizadas.
"Há uma questão que é sempre discutida: torcida única ou não? Não houve consenso entre os participantes, nem entre as autoridades públicas, nem entre os representantes de clubes. É algo que devemos analisar. Se houver necessidade, será que é torcida única ou a mudança da forma de destinação dos 5% de ingressos do time visitante? Como destinar isso?", questionou o secretário.
Na mesa também há a discussão sobre a venda de bebidas no entorno dos estádios. "Há controvérsias sobre o fechamento ou não dos bares ao redor dos estádios. Não se pode beber dentro do estádio. Não se pode vender bebida. A violência diminuiu? Será que você retirando o entorno, as pessoas que querem beber não irão beber antes? É algo que segue sob análise. É um processo evolutivo", disse.
A comissão é formada por 11 pessoas e presidida pelo secretário de Segurança Pública. A ideia é que haja uma reunião mensal para avaliar as medidas e discutir novos temas. Fazem parte dela representantes de clubes, da Federação Paulista de Futebol e está prevista a integração de um membro da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.
Nesta segunda-feira foi lançado um pacote de medidas contra a violência no futebol paulista. Entre as mudanças divulgadas está a implantação do serviço comunitário para o torcedor que for impedido de ir ao estádio.
Hoje, quem for punido por algum tipo de ocorrência relacionado a futebol é banido temporariamente dos estádios e precisa se apresentar à delegacia na hora dos jogos. O problema é que, na prática, esse mecanismo não funciona tão bem.
Agora, os torcedores "banidos" terão de prestar serviços comunitários por seis horas, que se iniciam duas horas antes das partidas e se encerram duas horas depois.
Entre os locais escolhidos para a prestação de serviços estão o IML (Instituto Médico Legal), o Instituto de Criminalística, o Corpo de Bombeiros e o Centro de Reabilitação Lucy Montoro.
"Muitos torcedores se envolvem em casos em que as vítimas ficam com sequelas. O Centro de Reabilitação Lucy Montoro é um bom local para ver como é a luta pela vida e como é duro o trabalho de reabilitação. Nos outros órgãos, eles vão prestar serviços administrativos", disse Alexandre de Moraes.
Essa é medida considerada mais importante do pacote anunciado pelas autoridades, que tentam aprimorar a luta contra a violência no futebol paulista depois de um primeiro semestre marcado por muitos conflitos e até mortes em torcidas organizadas.
"Nada dará certo se a impunidade prevalecer. A partir do momento que os baderneiros perceberem que há punição, vão pensar várias vezes antes de praticar a violência. A Justiça será rápida e eficaz", afirmou.
Além da exigência do serviço comunitário, as autoridades também anunciaram a implantação de delegacias móveis nos estádios. A ideia é aumentar o potencial de atendimento de ocorrências em um dia de jogo.
Por último, há uma mudança estratégica da Secretaria de Segurança. A partir de agora, ocorrências do entorno dos estádios serão encaminhadas ao Juizado do Torcedor, setor especializado em violência no futebol. Até hoje, os casos eram levados a uma delegacia de polícia comum, o que por vezes atrasava o processo de apuração.
Segundo o secretário, quaisquer indício de crimes relacionados ao futebol estará na competência do Juizado do Torcedor. "Antes havia uma dificuldade. O caso ia para uma delegacia comum e muitas vezes, com a impossibilidade de individualização dos crimes, todos eram liberados. Agora eles estarão sob o olhar das pessoas que conhecem essa rotina".
UOL Esporte
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