"Massa demorou para sair da Ferrari", diz engenheiro da Williams

(Foto: Ferrari/Divulgação)














Foram quatro temporadas de decepções e dúvidas para Felipe Massa na Ferrari, desde o retorno às pistas após o acidente de 2009 e a chegada do piloto espanhol Fernando Alonso. Tempo demais para aquele que foi seu grande parceiro nesse período conturbado, o engenheiro Rob Smedley, que hoje também está na Williams. "Definitivamente acho que ele deveria ter saído antes. E disse isso a ele diversas vezes."

O britânico revelou em entrevista ao UOL Esporte que, a exemplo do piloto brasileiro, também se sentia deixado de lado no time italiano – e fica feliz por ter pedido demissão ao final de 2013, após oito anos em Maranello.

"Assim como Felipe, também me senti deixado de lado na Ferrari. Isso me afetou menos do que a ele, porque era ele quem tinha que entrar no carro e guiá-lo. É um ambiente difícil – e tem que ser porque as expectativas são muito altas", avalia.

Smedley explicou que a situação foi ficando cada vez mais tensa no time italiano, que está desde 2008 sem vencer um título. E foi isso que causou a debandada de profissionais de 2014. Saindo um ano antes, o britânico comemora a escolha.

"Vimos muitos profissionais muito bons serem mandados embora – e tive sorte de certa forma porque escolhi pedir demissão da Ferrari. Eu tomei essa decisão e saí de lá quando eu quis. Se você observar, desde que saí, muita gente também deixou a equipe, mas não por escolha deles. A Ferrari decidiu quando eles sairiam. Até o presidente! Desde que saí, mudaram o presidente e dois chefes de equipe e o diretor técnico, e o chefe dos motores. Eram pessoas muito boas, que deram muito à equipe. Mas as coisas não são fáceis na Ferrari."

Em 2014, foram mudadas muitas peças em Maranello: caíram o chefe dos motores, Luca Marmorini, o diretor técnico, Pat Fry, dois chefes de equipe – Stefano Domenicali e Marco Mattiacci – o presidente Luca di Montezemolo e o próprio Alonso, substituído por Sebastian Vettel.

Para Smedley, contudo, nenhum desses personagens pode ser responsabilizado pela sequência de insucessos. "Tivemos muitas dificuldades. Não foi a culpa de uma pessoa em especial. Nunca é assim. Isso inclui Fernando, Felipe, o diretor técnico e os dirigentes, o pessoal de engenharia, pessoas como eu. Tivemos dificuldades em encontrar as respostas corretas. Não foi só uma pessoa. Nem duas. Foi o grupo", defende.

Observando a melhora da equipe neste ano – o time foi ao pódio em todas as cinco etapas disputadas até aqui e venceu sua primeira corrida desde maio de 2013 – Smedley defende que a simples substituição do grupo que comandava o time foi suficiente para melhorar o clima, independentemente de quem saiu ou chegou.

"Acho que o que a Ferrari fez foi tirar essas pessoas – porque, continuando sempre os mesmos, a tendência é que, à medida que as respostas não vêm, a pressão vai aumentando. Você pensa 'ano que vem vai ser melhor' e não é, as pessoas são as mesmas, e a pressão aumenta. Agora, com novas pessoas, toda essa pressão desaparece e é esse o processo que eles estão vivendo agora. E estão fazendo um bom trabalho", reconhece.

UOL Esporte

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