A Olimpíada-2016 tem como um dos seus desafios superar a rivalidade de Rio de Janeiro e São Paulo. Há três anos e meio, o público paulista tinha bastante resistência ao evento, mas agora é um dos que mais se interessa por ingressos. Só que ainda permanecem questionamentos vindos do Estado aos gastos públicos e à inclusão da cidade na competição.
Vamos aos fatos. Em 2011, o Comitê Rio-2016 fez um relatório de comunicação dos Jogos, que traçou um plano de como estabelecer uma relação com o público, imprensa, organismos sociais, etc. Ali, estava expressa a preocupação em relação à reação de São Paulo à Olimpíada.
O documento afirmava que os veículos de comunicação paulistas eram mais críticos. E contava: “O fato de São Paulo ter perdido a disputa interna no país pelo direito à candidatura a sediar os Jogos incitou o histórico clima de rivalidade entre as cidades''. Destacava que comentários de paulistas no site do comitê eram negativos, e que eles precisavam ser conquistados.
Após três anos e meio, o Rio-2016 não fez um novo documento de comunicação, mas vê a realidade de forma bem diferente. Aquele relatório de 2011 é classificado como equivocado – houve troca na equipe de comunicação. A nova visão do comitê é de que os paulistas aderiram à competição, e não fazem mais oposição.
Para demonstrar isso, o comitê acena com números que mostram que São Paulo está entre os três maiores compradores de ingressos para os Jogos na atual fase de venda, o que comprovaria, para o Rio-2016, o fim da rivalidade nos Jogos.
Mas a dúvida da participação de São Paulo nos Jogos demonstra que a aceitação paulista à Olimpíada não é tão automática assim. A prefeitura paulista se negou a investir os cerca de necessários R$ 13 milhões como estruturas provisórias na Arena Corinthians para receber cerca de 10 jogos das Olimpíadas.
“O que temos percebido da população é que apoia nossa posição de não dar nenhum centavo para o orçamento dos Jogos. Ou alguém banca, ou estamos fora'', afirmou o secretário de Esporte de São Paulo, Celso Jatene. “Pelo que ouço nas ruas, se trouxer os jogos para o estádio, todo mundo vai gostar. Mas desde que não tenha gasto.''
A leitura de qualquer lista de comentários de matérias sobre o risco de São Paulo ficar fora da Olimpíada dá razão à posição do secretário. A maioria dos internautas que se identifica como paulista – claro, em uma amostragem sem valor científico – manifesta repúdio ao gasto público e questiona os Jogos. Em resumo, o Comitê Rio-2016 pode ter avançado na redução da rivalidade para os Jogos, mas está longe de ter acabado com a resistência do Estado ao evento.
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