O brasileiro mais rápido da natação: como Fratus ameaça o reinado de Cielo

(Foto: Satiro Sodre/SSPress)

Dono de um ouro olímpico na prova e atual tricampeão mundial dos 50m livre, Cesar Cielo, 28, é atualmente a maior estrela da natação nacional. É o cara mais procurado por todos – de jornalistas ávidos por entrevistas a torcedores em busca de autógrafos, acenos e sorrisos. Bruno Fratus, 25, não convive com todo esse assédio. No entanto, a postura excessivamente focada e os resultados recentes têm servido como respaldo para o nadador carioca. Meses antes dos Jogos Pan-Americanos de Toronto (Canadá) e do Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia), o desafio dele é mostrar que pode ser o homem mais rápido das piscinas brasileiras.

"Não é uma sensação, mas o que foi mostrado nas duas últimas seletivas. Eu fui o nadador mais rápido das duas últimas seletivas e ponto", disse Fratus em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

No início de abril deste ano, na piscina do Fluminense, no Rio de Janeiro (RJ), Fratus venceu os 50m livre e fez o segundo melhor tempo do ano na prova (21s74). Cielo ficou com a prata (21s84) e o terceiro índice mais rápido do planeta na temporada.

Fratus também havia sido vencedor dos 50m livre no Troféu Open de natação, no Rio de Janeiro, em dezembro de 2014 (21s41). Ele ainda venceu a prova no Pan-Pacífico de Gold Coast (21s44).

"Não existe essa de homem a ser batido, de favorito... Eu não gosto desses termos, e acho que usá-los não acrescenta nada, mas a única coisa que acontece é que eu fui o melhor tempo nas provas das duas últimas seletivas [para o Mundial]. Mas o trabalho ainda tem de continuar", afirmou o nadador.

Em agosto, Fratus e Cielo representarão o Brasil nos 50m livre do Mundial de Kazan. Fratus também vai para os Jogos Pan-Americanos – Cielo já tinha avisado que não pretendia disputar a competição, e a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) anunciou na última sexta-feira (17) os atletas convocados para cada evento.

A dupla representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Cielo, que defendia o ouro nos 50m livre, fez a prova em 21s89 e ficou com o bronze. Fratus foi o quarto, a apenas dois centésimos do compatriota.

Como Cielo desistiu da disputa dos 50m livre no Open e os tempos dos dois atletas no Maria Lenk foram muito altos – o evento foi disputado no início de temporada, e o foco dos dois atletas é o Mundial –, ainda é impossível dizer o quanto essa distância entre os dois mudou. Contudo, é inegável o quanto Fratus demonstra estar totalmente focado em sua evolução.

"Tenho vivido em função da natação, e é isso que tem acontecido nos últimos anos. É o dia inteiro, a temporada inteira, o mês inteiro em função da natação", disse Fratus. O nadador chega a fazer 18 sessões de trabalho por semana (calendário que soma treinos físicos, períodos na piscina, análises biomecânicas e exercícios de recuperação). "A gente vai colocando um tijolinho a cada dia e vai construindo o resultado final a partir disso. Não tem nada específico e que você passe muito tempo trabalhando numa coisa só. É um tijolinho que você vai encaixando no outro, e no fim da temporada você tem um muro, que é o resultado final", completou.

A conta de Fratus é que ele ainda está a muitos tijolos do Mundial deste ano: "Falta uma muralha. Vocês não têm ideia da quantidade de trabalho que a gente encaixa numa semana". Ele treina desde o início de 2014 na universidade de Auburn (Estados Unidos), que já foi casa de Cielo. O técnico é Brett Hawke, outro que já trabalhou com o campeão olímpico.

"Não vejo os outros caras treinando, mas eu trabalho bastante", avisou Fratus. A menos de quatro meses do Mundial, o nadador desponta como ameaça ao domínio de Cielo nos 50m livre. E isso, como ele diz, não é apenas uma sensação.

UOL Esporte