O Flamengo tem o sonho antigo de construir um estádio para pelo menos 40 mil torcedores no Rio de Janeiro. Mas a realidade na Gávea envolve um empreendimento reduzido, porém, não menos complexo. Preocupada com os fechamentos de Maracanã e Engenhão para os Jogos Olímpicos Rio-2016, a diretoria estuda alternativas e pensa em uma estrutura provisória na sede social.
A ideia foi discutida com o governador Luiz Fernando Pezão na última terça-feira (17) e inicialmente bem recebida. O objetivo é construir arquibancadas provisórias para cerca de 20 mil torcedores e minimizar o prejuízo pela não utilização dos estádios. Mas o clube já esbarra em obstáculos para transformar o sonho em realidade antes mesmo de tirá-lo do papel.
As complicadas autorizações da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, CET-Rio e Associação dos Moradores são problemas conhecidos pela cúpula rubro-negra. A boa notícia fica por conta do bom entendimento com o Governo do Estado. Por outro lado, o clube ainda não definiu o orçamento e precisa correr contra o tempo para apresentar um projeto viável.
"É uma ideia. Não temos o projeto ainda. Poderíamos construir as arquibancadas provisórias na Gávea ou em outro lugar", explicou o presidente Eduardo Bandeira de Mello. "Como é só uma ideia, não sabemos o custo. Acredito que não teríamos problema para conseguir a licença porque falamos com o governador."
Os obstáculos não estão apenas nas questões legais. O clube tem um planejamento que prioriza a construção da Arena Multiuso antes dos Jogos Olímpicos do próximo ano e ainda a sequência das obras no módulo profissional do CT Ninho do Urubu. Sair do curso não está nos planos de alguns membros da diretoria. Além disso, a sede da Gávea servirá de local para treinos de delegações olímpicas em 2016. O comitê dos Estados Unidos firmou acordo com a direção para utilizar as instalações.
"A arquibancada atual não comporta mais de 500 pessoas. Não vejo viabilidade para colocar 15 mil pessoas em uma estrutura provisória. Vejo como muito improvável. Acho complicado até uma estrutura para cinco mil torcedores. Quem vai pagar? Isso tudo custa caro mesmo que de forma provisória. O Flamengo luta hoje para construir o seu ginásio e seguir com as obras do CT. São as nossas prioridades. Não faz sentido mudar a ordem", comentou o vice-presidente de patrimônio Wallim Vasconcellos.
"Governo e Prefeitura precisam arrumar uma solução. O Flamengo ainda vai receber delegações nos Jogos Olímpicos. Existem questões de segurança e restrições. As coisas não funcionam assim. Temos Macaé, Volta Redonda e podemos pensar também em uma estrutura provisória na Portuguesa da Ilha do Governador. Uma ideia é jogar o Campeonato Carioca do ano que vem contra os pequenos nesses estádios e vender os clássicos para fora do Rio. É uma alternativa em um período único", completou o dirigente.
Ex-presidente do Flamengo, Kleber Leite recordou o período no qual as arquibancadas provisórias foram instaladas na Gávea. O hoje senador Romário atuou no local muitas vezes a partir de 1995. O último jogo foi realizado em 27 de abril de 1997, quando o Rubro-negro venceu o Americano por 3 a 0. Na época, a capacidade divulgada era de pouco mais de 20 mil torcedores.
"Tivemos problemas com a segurança. Existia infiltração na arquibancada e uma obra grande foi feita. É uma alternativa, mas não imagino que a mesma arquibancada esteja em boas condições atualmente. Foi uma coisa que funcionou e sempre vai funcionar. É um caso diferente. O futebol carioca perderá Maracanã e Engenhão. A Gávea quebrou o galho para o Flamengo, mas é fundamental ter preocupação com a segurança. É preciso vencer etapas o quanto antes", encerrou o ex-mandatário.
Na época de Kleber Leite, uma arquibancada frontal provisória e duas laterais foram construídas. Em uma delas funcionava uma espécie de social. O Flamengo ainda não avançou tanto no projeto, mas sabe que não tem alternativa. É preciso definir se o estádio provisório da Gávea sairá do papel.
UOL Esporte
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!