Jerri Messias Falcão é presidente do Fernandópolis, clube que irá disputar a quarta divisão do futebol paulista a partir de abril. No fim do ano passado, foi a um jogo beneficente e viu Muller, ex-jogador de São Paulo, Palmeiras, Santos e seleção brasileira em campo. Ele parou de jogar há 11 anos.
O presidente achou que para quem está com 49 anos, Muller conta com um porte físico invejável. Após uma rápida negociação fechou negócio e Muller deve começar a treinar após o Carnaval. O atacante Alex Dias, com passagens por São Paulo e Vasco, também estava em campo. Aos 42 anos, é outro que está na lista de contratações. Ele não atua desde 2012. O lateral Maurinho, campeão brasileiro por Santos, Cruzeiro e São Paulo, é mais um que aceitou vestir a camisa do Fernandópolis, aos 36 anos. Ele não atua há dois anos.
"O que eu quero com isso? Resgatar o futebol do interior e ver o estádio cheio. Nós anunciamos o Muller no fim de semana e até agora já ganhamos novos 1.003 sócios torcedores. Nós tínhamos 600", diz ele.
Em início de mandato de dois anos, ele afirma que resolveu apostar nos três veteranos. "Pelo regulamento do campeonato, só podemos ter três jogadores acima dos 23 anos. E é assim que queremos montar o time. A partir dos nomes conhecidos, trazer jogadores para que possamos fazer um campeonato digno das tradições do clube".
O presidente, que é empresário e atua no setor elétrico, tem uma empresa de transformadores. Ele diz as contratações só serão possíveis por meio do apoio de dez empresários da cidade.
"Tem gente do setor de material de construção, cervejaria, o borracheiro (...) O clube não tem caixa. O que acontece é que a Lei Pelé arrebentou o futebol do interior. O Muller é um cara que é um ícone. Quais são os ícones do futebol brasileiro de hoje? O Neymar e olhe lá. Não tem. Estima-se que o jogador irá receber R$ 100 mil de luvas, mais salário proporcional aos jogos que fizer.
O presidente conta que acertou com Muller para que ele jogue pelo menos por 30 minutos nos jogos em casa, mas que tem esperanças de que ele possa atuar por um tempo inteiro. "O Maurinho tem família aqui na cidade e topou jogar. Já conversei com o Alex Dias e ele disse que para jogar do lado do Muller, também vem. Teremos um campeonato em que os holofotes estarão voltados para Fernandópolis", diz ele, que viaja na quinta-feira para Goiânia para tentar fechar contrato com Alex Dias.
O presidente conta que Muller esteve nesta segunda-feira em Fernandópolis, que fica a 554 km de São Paulo e tem cerca de 80 mil habitantes, e a cidade parou. "O que eu também quero é que esses jogadores sirvam de espelho para os jovens que estão começando".
O estádio do Fernandópolis está liberado para 7,5 mil pessoas e o presidente espera casa cheia durante o Campeonato Paulista. "Estamos começando o time do zero, mas de uma forma bastante interessante. É preciso sacudir o futebol do interior".
Nos planos de Falcão está a construção de uma base forte, para que se revelem jogadores. "Quero fazer do clube uma indústria. O Fernandópolis precisa ter uma projeção. Não pode ser uma casa de caridade".
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