Rafael Francklin Júnior tem 18 anos e sonha em ser jogador de futebol. Mora em Fragoso, bairro pobre de Magé, cidade da Baixada Fluminense, e tenta dar início a sua carreia num time vinculado a uma ação social mantida pelo governo do Rio de Janeiro, o projeto Esporte RJ.
Neste sábado, entretanto, completam-se 18 dias que Rafael não treina nem joga futebol. Isso porque, no último dia 14, as atividades de seu time foram suspensas.
"Entrei no Facebook e li por acaso uma mensagem dizendo tudo estava parado", contou ele, ao UOL Esporte. "Eu estou de férias da escola [Rafael ainda não concluiu o Ensino Médio]. Estou afim de treinar e jogar. Mas descobri que o projeto parou. Não tem mais treino."
Assim como Rafael, outras 300 mil pessoas –crianças, jovens e idosos-- do Estado do Rio não tem como praticar sua atividade esportiva. Todos eram beneficiados pelo projeto Esporte RJ, o qual foi criado para promover o maior legado social da Olimpíada de 2016.
Acontece que, por falta de recursos, o governo do Rio suspendeu o Esporte RJ. Oficialmente, a SEELJE (Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude) parou o projeto para reavalia-lo e otimizá-lo. Quem trabalha na ação, contudo, sabe que a falta de dinheiro é que causou a interrupção.
"O novo secretário [Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sergio Cabral] nos chamou para uma reunião. Disse que houve uma readequação orçamentária", relatou Fabio Sodré, diretor do Zico 10, uma das entidades contratadas pelo governo por causa do Esporte RJ. "A parada é ruim. Espero só que ela seja curta."
A parada, aliás, não é a primeira promovida pelo governo do Rio. Em setembro de 2013, o Esporte RJ também foi paralisado. Naquela época, porém, a iniciativa tinha outro nome: Projeto Rio 2016.
Na época, a SEELJE informou que o projeto havia sido suspenso para ser reformulado e virasse o Esporte RJ.
Foi exatamente o que aconteceu. Porém, até que o projeto fosse reiniciado, milhares de pessoas ficaram sem praticar esporte. E mais: muitos professores do projeto ficaram sem receber seus salários.
Hoje, segundo a SEELJE e Fabio Sodré, da Zico 10, não há problemas de pagamento. Sodré deu férias coletivas para todos seus funcionários. Ele, inclusive, disse que confia no secretário Cabral e na retomada do Esporte RJ. No entanto, já não com o mesmo tamanho.
"Nos avisaram duma redução de 70% no orçamento", disse Sodré. "Com certeza o projeto vai diminuir. Não tem como atender à mesma quantidade de pessoas com 30% da verba que tínhamos antes."
Rafael espera que a futura redução do projeto não o afete, nem aos seus amigos. Em Fragoso, disse ele, o futebol tem papel importante para afastar jovens do crime. Neste caso, portanto, qualquer corte ou parada pode ter consequências radicais.
"Está todo mundo aí na rua, sem fazer nada. Sabe como é?", disse ele. "É bom os treinos voltarem logo, senão já viu…"
UOL Esporte
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