A preparação do Rio de Janeiro para a Olimpíada de 2016 ganhou um novo problema: o velódromo. A pista de ciclismo em construção no Parque Olímpico da Rio-2016 está oficialmente atrasada, e a empresa responsável pelo projeto há tempos dá sinais de que terá dificuldades para tocar o projeto conforme o estabelecido em seu cronograma.
A construtora do velódromo é a Tecnosolo Serviços de Engenharia, subsidiária da Tecnosolo Engenharia, a qual está em recuperação judicial. Toda recuperação desse tipo acontece quando uma empresa não tem condições de arcar com seus compromissos. Ela, então, recorre à Justiça para traçar um plano para salvar-se da falência.
A Tecnosolo Engenharia funciona conforme o estabelecido num plano de recuperação judicial desde agosto de 2012. Isso, porém, não impediu que sua subsidiária vencesse a licitação para a construção do velódromo da Olimpíada de 2016, cujo custo estimado é de R$ 118 milhões.
A licitação para a obra foi realizada no final de 2013. Em janeiro de 2014, uma concorrente da Tecnosolo na concorrência chegou a pedir à Justiça a desclassificação da construtora alegando que sua condição econômica impediria que ela executasse uma obra do tamanho do velódromo.
O recurso, porém, não surtiu efeito. Em fevereiro do ano passado, a Tecnosolo Serviços de Engenharia deu início às obras do velódromo a serviço da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Início tumultuado
Um mês depois, contudo, surgiu o primeiro problema na obra. A RioUrbe (Empresa Municipal de Urbanização) notificou a construtora por atrasos no cumprimento de prazos para entrega de documentos necessários para a execução do projeto do velódromo.
Os documentos acabaram entregues, mas a mobilização no canteiro de obras no velódromo permaneceu mais lenta do que nas construções de outras arenas do Parque Olímpico.
Em agosto de 2014, por exemplo, a obra do velódromo tinha recém-iniciado sua fundação. Já a Arena de Handebol e o Centro de Esportes Aquáticos já tinham suas estacas executadas e começavam a ganhar forma apesar de suas construções terem começado meses depois do início do velódromo.
Naquela época, contudo, a própria RioUrbe negava a existência de atrasos.
Já em dezembro, o prefeito Eduardo Paes admitiu o atraso no velódromo. Durante um balanço dos preparativos da cidade para a Olimpíada, ele afirmou que a construção estava três semanas atrás do previsto em seu cronograma. Isso, porém, não comprometeria a data de conclusão da obra: final de 2015.
"Não é uma tragédia. Recupera-se isso facilmente", disse o prefeito. "Para os padrões brasileiros, isso é quase música para os ouvidos."
Segunda notificação
Apesar da tranquilidade de Paes quanto ao ritmo da obra do velódromo, a RioUrbe voltou a notificar a Tecnosolo por atrasos na semana passada. O órgão municipal registrou "constantes descumprimentos de prazos" para fabricação de pré-moldados, mobilização de pessoal, entrega de relatórios de planejamento e revisão do plano de aquisição de material.
Segundo a RioUrbe, foi dado um prazo para que a Tecnosolo corrija os problemas registrados na notificação. Caso isso não seja feito, ela pode ser multada ou sofrer outras "sanções contratuais e legais".
A RioUrbe declarou em nota que a notificação é uma ação normal. Ratificou o atraso de três semanas da construção do velódromo, mas informou que "os prazos nesta fase da obra não configuram riscos para a conclusão do cronograma final proposto na licitação que é dezembro de 2015".
Neste mês, o Ministério do Esporte divulgou fotos do andamento das obras olímpicas no Rio. De agosto para cá, o velódromo ganhou seus primeiros pilares, mas segue atrás de outras arenas. Estruturas metálicas da Arena de Handebol e do Centro de Esportes Aquáticos estão todas de pé.
Questionada pelo UOL Esporte, a RioUrbe ainda falou sobre o fato de a Tecnosolo estar em situação financeira frágil. Segundo o órgão, apesar da recuperação judicial da Tecnosolo Engenharia, não há impedimento legal para que sua subsidiária assine contratos para execução de obras públicas. Como a Tecnosolo Serviços de Engenharia venceu a licitação, foi contratada.
O UOL Esporte procurou a Tecnosolo na segunda-feira. Ninguém da empresa respondeu até agora.
UOL Esporte
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!