Futebol é ingrato, e o goleiro Talles Lima, do Botafogo-SP, aprendeu isso aos 17 anos, neste domingo, num Pacaembu lotado (36 mil pessoas) e com transmissão ao vivo para todo Brasil. Destaque na semifinal contra o Palmeiras, ele vinha pegando tudo também contra o Corinthians, na grande decisão - a ponto de, aos 15 minutos do segundo tempo, ser apontado pelo comentarista Walter Casagrande como o grande nome da partida. Seis minutos depois, porém, Talles engoliu um frangaço - em chute de fora da área de Maycon, "foi com a mão mole", como se diz no futebol, e viu a bola morrer no fundo da rede.
Talles vai carregar para sempre na memória o lance infeliz. Assim como seu colega de time, Túlio Souza, que perdeu um gol sem goleiro ainda no primeiro tempo. Coisa que beirou o inacreditável.
Foi assim, contando com a ajuda involuntária dos adversários, que o Corinthians conquistou sua nona edição de Copa São Palo. Num jogo equilibrado e de bom nível técnico, os meninos do Timão se mostraram mais experientes, menos nervosos. Aproveitaram-se dos erros do Botafogo-SP e, com a vitória suada por 1 a 0, conquistaram o título da competição que abre o calendário do futebol nacional.
O zagueiro Rodrigo Sam, o volante Marciel, o atacante Gabriel Vasconcelos e o meia Matheus Cassini (que não jogou por estar suspenso) devem ser promovidos por Tite ao time de cima, onde já estão o lateral-esquerdo Guilherme Arana, o zagueiro Pedro Henrique (que ficou na reserva) e o atacante Gustavo Tocantins (também suspenso).
Ao Botafogo de Ribeirão Preto, vice-campeão da Copinha pela segunda vez na história, fica a lamentação pelos dois erros individuais, mas também o orgulho por ter feito excelente campanha, derrubando os grandes Botafogo, Fluminense, Grêmio e Palmeiras no caminho até o Pacaembu. O time de Ribeirão ainda reclamou a não marcação de um pênalti já nos acréscimos. Segundo o comentarista de arbitragem, Leonardo Gaciba, não houve falta.
O jogo
Os meninos do Botafogo começaram visivelmente nervosos. Não acertavam passes simples e se postavam de forma medrosa, recuados demais, dando espaço para o Corinthians. O gol do Timão parecia questão de tempo. Mas não saiu. E, aos poucos, o time de Ribeirão Preto foi entrando no jogo. A camisa alvinegra e a força da torcida já não assustavam tanto.
E foi o Botafogo quem quase abriu o placar, aos 16 minutos, numa chance desperdiçada de forma incrível por Túlio Souza: sozinho na pequena área, com o goleiro Caíque França caído, conseguiu chutar por cima do travessão.
O gol perdido não abalou os jogadores do Botafogo, que continuaram evoluindo com o passar do tempo. Isaac, como pivô, dava trabalho para a defesa mal postada do Corinthians. Na metade do primeiro tempo, o jogo já havia invertido completamente - era o Botafogo quem tocava a bola, rondando a área do Timão, que se limitava a buscar os contra-ataques. Yan teve duas chances assim - na primeira, não conseguiu o domínio; na segunda, sozinho na área, desviou para fora o bom cruzamento de Gabriel Vasconcelos.
No segundo tempo, o Corinthians voltou bem melhor. Com o Botafogo novamente recuado demais, e mostrando desatenção na defesa, Gabriel Vasconcelos e Matheus Vargas tiveram boas chances para marcar. Não fizeram. E quase o time de Ribeirão Preto abriu o placar num escanteio, aos 9: João Neto cabeceou, Caíque França fez a defesa, a bola bateu na trave e caiu sobre o goleiro, que, em cima da linha, afastou com o pé, antes que Isaac completasse para o gol.
O lance capital saiu aos 21. No chute despretensioso de Maycon, Talles foi para a bola como quem já vai pensando em como fará a reposição. Tanta autoconfiança resultou no vacilo do goleiro. Azar do Botafogo, sorte do Corinthians, que se fechou na defesa e soube como administrar o resultado.
Globo Esporte
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