O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ainda não vai se movimentar em relação aos indícios de que a Portuguesa recebeu dinheiro para escalar o meia Héverton de maneira irregular na última rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado. O órgão só tomará alguma atitude caso exista alguma comprovação de que realmente houve suborno.
O procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, afirmou ao UOL Esporte que qualquer posicionamento do tribunal depende de uma conclusão do inquérito do Ministério Público, o que ainda não aconteceu.
"Temos que avaliar. O caso está pendente em função do inquérito. Está condicionado às conclusões do Ministério Público", disse.
Caso seja comprovado o suborno, o STJD vai analisar a situação e só então punir os possíveis novos responsáveis pelo pagamento.
"Tem que avaliar, existem vários procedimentos. Temos que apurar e punir os possíveis responsáveis. Até o momento, os responsáveis estão punidos, a própria Portuguesa já foi punida", analisou.
Em conversa com o UOL Esporte na noite desta terça-feira, o promotor Roberto Senise Lisboa, que investiga o caso do rebaixamento da Portuguesa, já havia adotado a mesma linha ao afirmar não existe nenhuma conclusão sobre se houve corrupção dentro do clube na escalação de Héverton contra o Grêmio, o que levou ao rebaixamento do clube. Segundo ele, as investigações até agora apontam que houve uma série de erros de funcionários da agremiação que levaram ao uso do atleta. Não há comprovação de que alguém tenha recebido dinheiro irregular para prejudicar a Portuguesa e favorecer terceiros.
"Estamos no estágio de investigação que já relatei antes a todos", afirmou. Segundo ele, para que seja comprovado um caso de corrupção, tem ser identificado o pagamento de uma entidade ou pessoa para um terceiro. E até agora isso não aconteceu. Ainda serão quebrados os sigilos bancários de envolvidos.
Entre os dados já coletados, o MP comprovou que a Portuguesa recebeu e-mail da CBF avisando sobre o julgamento e houve conversas entre o advogado do clube e seu departamento jurídico.
Nessa linha de investigação, trabalha-se com a possibilidade de o dinheiro estar fora do país. Paraísos fiscais como as Ilhas Cayman, no Caribe, ou Punta del Este, no Uruguai, estão no radar. Entre as dezenas de depoimentos colhidos até agora, há indícios de pelo menos um crime financeiro.
Uma apuração interna dentro da Portuguesa aponta para um "erro administrativo". O Conselho Deliberativo fala em responsabilizar o ex-presidente Manuel da Conceição Ferreira (Manuel da Lupa), civil e criminalmente. Em jogo, estariam pelo menos R$ 30 milhões, valor estimado do prejuízo do clube com o rebaixamento.
O Gaeco investiga desde o início do ano a relação do Banco Interamericano do Funchal (Banif), ex-patrocinador de camisa da Portuguesa, com ex-dirigentes do clube.
Quando o Manuel da Lupa assumiu a Portuguesa em 2005 para o primeiro de seus três mandatos consecutivos, a a Lusa passava por fortes dificuldades financeiras, com dívidas trabalhistas e falta de capital de giro.
A partir de então, o Da Lupa e o vice-presidente, Roberto Cordeiro, passaram a receber empréstimos em suas contas de pessoa física e repassavam esse dinheiro para o clube, que estava sem crédito na praça. O esquema teria durado mais de oito anos, envolvendo também o ex-vice-presidente de futebol Luís Iaúca, que teve participação na gestão a partir de 2008.
UOL Esporte
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