Com um jogo a mais na tabela, o líder provisório do Campeonato Alemão é um desconhecido, o Paderborn. O anonimato nem é o maior problema porque o episódio pelo qual a equipe é mais lembrada não é dos mais favoráveis. Ela foi involuntariamente beneficiada em um esquema de apostas montado por mafiosos da Croácia para comprar árbitros e manipular resultados.
A partida que serviu de estopim para a Federação de Futebol da Alemanha (DFB) investigar 23 jogos ocorreu no estádio do Paderborn em 21 de agosto de 2004. O time estava na terceira divisão e recebeu o tradicional Hamburgo. Favoritos, os visitantes abriram 2 a 0, mas viram a vantagem ruir quando o juiz Robert Hoyzer expulsou o atacante Mpenza e marcou dois pênaltis a favor dos donos da casa – um inexistente e outro duvidoso.
Ele havia recebido 67 mil euros e uma televisão para arranjar quatro resultados aos chefes do esquema. O escândalo explodiu em janeiro de 2005 e a Copa do Mundo seria na Alemanha no ano seguinte fazendo a repercussão ficar ainda maior. Os suspeitos foram chamados para depor e mais tarde a DFB divulgou trechos das declarações do árbitro admitindo ter pedido ao capitão do Paderborn, o holandês Thijs Waterrink, para se jogar na área. O atleta acabou suspenso por receber 10 mil euros de um desconhecido e foi enquadrado em atitude antidesportiva e corrupção passiva.
O líder do esquema, o croata Ante Sapina, pegou dois anos e 11 meses de prisão. A apuração descobriu que somente na partida do Paderborn com o Hamburgo o criminoso embolsou 500 mil euros. Agindo com dois irmãos, a manipulação de apostas teria rendido pelo menos US$ 2,4 milhões. O juiz Robert Hoyzer foi condenado a dois anos e cinco meses de prisão.
Passados 10 anos a situação do Paderborn mudou completamente. A equipe mandava seus jogos em um estádio com capacidade para mil pessoas até 2008. Sobre o campos passavam fios de alta voltagem da linha de transmissão. Ex-jogadores contam que o goleiro Oliver Kahn tentava acertar os cabos de energia a cada reposição de bola quando participou de um amistoso na cidade.
O folclórico campo foi substituído e o time manda as partidas no estádio que tem o maior estacionamento de bicicletas do país e abriga 15 mil espectadores. Mas megalomania não pode ser considerada uma característica dos moradores da cidade que possui o mesmo nome do time. Em Paderborn fica a nascente do menor rio da Alemanha, com quatro quilômetros de extensão.
Com todas estas particularidades, os torcedores estão eufóricos. Recém-promovida à elite do Campeonato Alemão, a equipe é líder numa competição que tem o poderoso e milionário Bayern de Munique, do técnico Pep Guardiola e de jogadores campeões da Copa no Brasil.
Para completar, neste final de semana Moritz Stoppelkamp fez um gol impressionante. Ele acertou um chute a 83 metros de distância da trave, ou seja, na frente da própria área. O goleiro do Hanover havia subido para tentar um cabeceio no final da partida e acabou surpreendido. O placar terminou 2 a 0 para os donos da casa que dormiram sem enxergar ninguém a frente deles na tabela.
A situação deve mudar porque três adversários jogam neste domingo e podem ultrapassar o time. De qualquer maneira, o começo no campeonato está melhor que a encomenda.
UOL Esporte
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