Não é só a Baía. Lagoa também tem poluição a 2 anos da Rio-2016

Palco da Rio-2016: Canoístas treinam na Lagoa Rodrigo de Freitas em meio a poluição

O mês de agosto foi marcante para a preparação do Rio de Janeiro para a Olimpíada de 2016. No dia 5, a capital fluminense deu início à contagem regressiva de 2 anos para os Jogos. Nesse dia, o Comitê Organizador da Rio-2016 celebrou a data convidando jornalistas e patrocinadores para um evento realizado à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, local que vai receber competições de remo e canoagem na Olimpíada.

Naquele dia, porém, nenhum remador ou canoísta pôde usar a Lagoa para treinar ou mesmo se divertir. Faltando exatos dois anos para a Olimpíada, o local era considerado impróprio para a prática de esportes devido à poluição. Sujeira trazida pela chuva e esgoto comprometiam a área de futuras competições olímpicas, e despertavam um novo alerta sobre a degradação de um espaços cruciais da Rio-2016.

Além da Lagoa Rodrigo de Freitas, a Baía de Guanabara também sofre com a poluição anos antes do início da Olimpíada do Rio. O espaço será palco das competições olímpicas de vela. Para que esteja própria para receber os velejadores na Olimpíada, a baía está passando por um processo de limpeza que envolve investimentos de mais de R$ 2,5 bilhões, de acordo com o governo do Estado.

No caso da Lagoa, organizadores e políticos sempre disseram que a poluição no local não era um problema. Apesar de a área não ter águas próprias para banho, ela é usada frequentemente por atletas e esportistas amadores em treinos e competições. Portanto, estaria pronta para os Jogos. Chuvas e um vazamento de esgoto, entretanto, mudaram essa situação.

No dia 24 de julho, a SMAC (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) divulgou um relatório informando que a maior parte da Lagoa –inclusive a que será usada na Rio-2016-- era considerada imprópria para esportes. No dia 31, todo o local teve águas consideradas impróprias. Só no 13 de agosto, a área da raia olímpica de remo foi liberada. Já no final da tarde de quinta-feira, a SMAC informou que Lagoa foi novamente considerada própria para o esporte.

Segundo a secretaria, as chuvas ocorridas no Rio em 9 e 28 de julho comprometeram a qualidade da água. "Em dias de chuva toda a poluição das ruas e calçadas (óleo, poeiras, fezes de animais e lixo jogados indevidamente) é lavada e encaminhada para Lagoa", declarou o órgão, em comunicado. No mesmo texto, a SMAC informou que problemas na rede de esgoto também teriam colaborado com a poluição.

Só para se ter uma ideia, caso fatos como esse de repitam em 2016, a Olimpíada pode ser prejudicada. Procurado pelo UOL Esporte, o Comitê Organizador dos Jogos já informou que não vai expor atletas a qualquer condição que crie risco à saúde deles. O órgão ratificou, entretanto, que confia que a Lagoa estará própria para esportes durante os Jogos. Por isso, nem cogita mudar as competições de remo e canoagem de velocidade de lugar.

Em março de 2013, remadores brasileiros que participavam da seletiva para um torneio sul-americano de remo tiveram que competir em meio a peixes mortos na Lagoa. Um problema na oxigenação das águas do local causou a morte de mais de 70 toneladas de animais. A limpeza da água durou quase uma semana.

Companhia nega vazamento de esgoto

A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) é a responsável pela rede de esgoto no Rio. Procurada para comentar a poluição na Lagoa, a empresa negou que ela foi causada por esgoto despejado no local.

A Cedea Informou que obras para a ampliação do metrô do Rio –projeto que é compromisso olímpico do governo do Rio—demandaram um rebaixamento do nível do lençol freático da área do Lagoa. A água do lençol foi despejada na própria Lagoa, de forma contínua. Isso elevou o nível de poluição. "Foi como se houvesse uma chuva contínua, só que com tempo seco", explicou a Cedae.

Segundo a companhia, a empresas responsáveis pela obra do metrô estão executando uma obra para que o problema não se repita. Isso deve ficar pronto em 20 dias. "Não há qualquer risco para as Olimpíadas e nem para atividades esportivas na lagoa, afinal, a área é totalmente esgotada e sem espaço para novos projetos e empreendimentos de grande porte que possam causar outro rebaixamento de lençol freático como o que ocorreu", concluiu a Cedae.

Vale ressaltar que as empreiteiras do metrô negaram que o rebaixamento do lençol freático tenha ligação com a poluição na Lagoa, contrariando a Cedae. Segundo as empresas, água despejada na Lagoa era limpa.

UOL Esporte

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