Corinthians pressiona e briga com construtora por causa do Itaquerão




















Cobertura incompleta faz torcedores que pagam caro tomarem chuva no Itaquerão

O Corinthians entrou em rota de colisão com a Odebrecht nos bastidores por causa das obras que ainda precisam ser feitas para completar o estádio do clube.

Oficialmente, as duas partes negam atrito. Porém, os responsáveis pela arena criticam o ritmo dos trabalhos e afirmam que do jeito que está eles não terminarão no prazo estipulado, 31 dezembro de 2014. Pelo menos uma recente reunião entre as duas partes teve cobranças fortes feitas pelo lado corintiano.

O clube tem pressa para poder explorar a arena inteira. Mais do que isso, gostaria de poder desfrutar de algumas das novas receitas antes do fim do ano. Assim, seus representantes pressionam a parceira para acelerar as obras. Querem que mais ações sejam feitas simultaneamente, não por etapas.

A maior parte do que ainda precisa ser realizado era incompatível com o que a Fifa exigia para a Copa do Mundo. Para complicar , nenhum trabalho pode impedir os jogos no local.

Colocar mais gente para trabalhar e antecipar algumas entregas custa caro. E a Odebrecht assegura que no ritmo atual conseguirá cumprir os prazos previstos. O contrato prevê multa em caso de atraso. A construtora nega existir lentidão.

Até tudo ficar pronto, os cofres do estádio engordam menos do que necessário para pagar uma obra de aproximadamente R$ 1 bilhão. A avaliação dos corintianos é de que a arena foi projetada para render R$ 300 milhões por ano, mas no estágio atual sua capacidade de faturamento definha pelo menos para R$ 200 milhões anuais.

Operários instalam revstimento em arco da cobertura da arena na tarde da última quinta
Operários instalam revestimento em arco da cobertura da arena na tarde da última quinta

Outro tormento para os alvinegros é saber que a Caixa, por contrato, pode afastar o Corinthians da operação do estádio. Isso em caso de inadimplência no financiamento de R$ 400 milhões junto ao BNDES. O clube depende exclusivamente do desempenho da arena para conseguir o dinheiro.

No último dia 18, o Corinthians divulgou em seu site uma nota que lista mais de 20 obras que ainda serão feitas. O clube, porém, não criticou a construtora ao relacionar os trabalhos.

Além da diminuição de receitas, enquanto a arena não estiver completa, a direção não pode afrouxar o preço dos ingressos, pois depende basicamente das receitas de bilheteria para manter sua casa. Mas, ao mesmo tempo, o Corinthians não consegue entregar um estádio à altura dos preços mais caros.

Um dos principais problemas é a falta de vidros nas pontas das coberturas. Sem eles, quem paga R$ 350 por um ingresso toma chuva, o que prejudica as vendas. Nas redes sociais, torcedores reclamam da falha.

Em nota ao blog, a assessoria do Corinthians para o estádio, que responde também pela Odebrecht em relação à obra, afirmou que “a fabricação dos vidros já está em andamento”. Declarou que a montagem deles na cobertura começa em outubro e termina em dezembro. Sobre as demais obras que ainda não terminaram, a assessoria disse que várias atividades estão em andamento e que todas as que estão sob responsabilidade da Odebrecht ficarão prontas até 31 de dezembro.

Clube aguarda retirada das arquibancadas provisórias para instalar teloes
Novos telões dependem de saída de arquibancadas móveis

Impossível calcular com precisão quanto o Corinthians deixa de embolsar por causa dos clientes abastados que fogem ou fugirão em dias de chuva. Mas existem outros casos mais palpáveis, como a receita com visitas guiadas ao estádio. A expectativa é de que elas gerem até R$ 40 milhões anuais. Mas só poderão começar quando a arena estiver completa. O clube também espera arrecadar R$ 95 milhões por ano com a venda de assentos especiais em camarotes e outras áreas vips que ainda não estão prontas.

Os representantes do Corinthians no estádio que acreditam que a obra não ficará pronta até dezembro argumentam também que sem a arena inteiramente viva é muito difícil vender propriedades, como naming rights e áreas vips. Sob a condição de anonimato, um deles disse ao blog que os clientes não aguentam mais a “conversinha” sobre o que o estádio terá. Querem ver de fato o que existe para comprar.

Mas o ritmo da Odebrecht não é o único que incomoda o estafe corintiano em Itaquera. Existe a queixa de que a retirada das arquibancadas provisórias demora mais do que o esperado. Depois de um avanço inicial, a operação no setor norte teria ficado praticamente parada.

Os corintianos alegam nos bastidores que o problema seria um acréscimo de R$ 6 milhões na conta do serviço a ser pago pela Ambev para a Fast Engenharia, encarregada da montagem e desmontagem das arquibancadas móveis.

Por sua vez, a Ambev assumiu a responsabilidade de pagar pelas arquibancadas provisórias, incialmente na conta do Governo do Estado. Sem elas, a abertura da Copa do Mundo não seria na cidade.

Indagada pelo blog, a assessoria de imprensa da Fast afirmou que não comenta “questões envolvendo seu contrato com a Ambev, uma vez que o documento possui cláusulas de confidencialidade”.

A assessoria de imprensa da Ambev declarou que “o contrato das arquibancadas temporárias com a Fast está em vigor” e que as “estruturas serão desmontadas conforme cronograma previamente estabelecido”. O prazo para a retirada termina em novembro, e os trabalhos não podem impedir o Corinthians de usar o estádio.

Nesta quinta, do lado de fora da arena, era possível ver operários trabalhando na desmontagem do setor Sul, mas ainda há muito trabalho a ser feito. O estafe do Corinthians esperava que pelo menos um dos dois setores que têm as estruturas provisórias ficasse livre em setembro, pois existem obras a serem feitas nesses locais. Entre elas, estão as instalações dos telões do clube. Os atuais são alugados.

A assessoria de imprensa do Corinthians e da Odebrecht para o estádio nega que tenha havido diminuição no ritmo da retirada das arquibancadas provisórias e afirma que a operação está dentro do cronograma.

Também sobram disparos dos corintianos contra a Fifa. Reclamam que funcionários contratados pela entidade quebraram degraus de escada, danificaram portas e paredes, além de outros estragos, durante a montagem e desmontagem de equipamentos e mobílias usadas na Copa. A entidade se comprometeu a cobrir os prejuízos. Magoado, o clube nem usou a expressão “modo legado'', adotada pela Fifa, e preferiu “modo Corinthians'' em nota em seu site sobre como a arena ficará depois de pronta.

Veja abaixo o que ainda precisa ser feito no estádio corintiano de acordo com o site do clube.


- Falta substituir placa metálica na área de visitantes por uma mais moderna

- Estacionamentos. No estacionamento principal, no  lado Oeste, haverá uma área para 30 mil pessoas e outra para 5 mil disponíveis para eventos e shows. No estacionamento do leste, existirá um espaço semelhante, com capacidade para 10 mil.

- Nove lounges vips.

- Restaurantes.               

- Bares.

- Dois centros de convenções.

- Instalação de escudos do Corinthians nas fachadas laterais do prédio Oeste (dos lados Sul e Norte) e atrás da fachada principal do Oeste, centralizado atrás do vidro curvo.

- Construção de quatro banheiros no setor leste.

- Construção de oito áreas vips no setor Oeste, incluindo áreas business.

 - Quiosques de mercadorias.

- Lonas de revestimento nos arcos da cobertura dos setores Norte e Sul serão colocadas para que a estrutura metálica inferior não fique aparente.

- Vidros nas pontas da cobertura nos setores Leste e Oeste.

 - Instalação de vidros para dividir os setores destinados à torcida do Corinthians.

- Instalação nova divisória para separar a torcida visitante. Não será mais metálica, será de policarbonato e móvel, podendo alterar o espaço destinado aos visitantes.

- No hall de entrada do setor Oeste, serão montados 200 metros de estantes onde ficarão expostos troféus do Corinthians.

- Áreas para cabines de rádio, TV e pontos para trabalho da imprensa.

- Instalação de pontos de iluminação nas áreas de acesso ao estádio.

UOL Esporte

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