Após fracasso, Grêmio reinicia ação para banir termo 'macaco' de músicas

Se alguns torcedores do Grêmio seguem agindo de forma racista, não é por falta de iniciativas do clube e de grupos de torcedores. O Tricolor organizou várias campanhas contra atitudes deste tipo e até um grupo de aficionados tentou acabar com a utilização do termo 'macaco' nas músicas cantadas na Arena. Mas ambas as investidas fracassaram. Após o ato extremo ocorrido na quinta-feira, quando o goleiro Aranha foi alvo de injúria racial, o movimento recomeça e agora pode realmente surtir efeito.

O primeiro passo para conscientização de alguns focos dentro da torcida do Grêmio foi dado pela torcida organizada Jovem. Através do perfil oficial no Twitter, a torcida informou que o 'macaco', utilizado para se referir a torcedores do Internacional, será trocado por 'colorado' nos cânticos tradicionais de jogo. A ideia dos aficionados é 'mudar a cultura que ronda a torcida do Grêmio'.

A iniciativa segue solicitação antiga. Em março, o conselheiro gremista Minwer Daqawiya iniciou este movimento através do Blog Grêmio Libertador. Mas não foi ouvido. Mais do que isso, acabou sofrendo críticas dos aficionados que não consideravam o termo 'macaco' racismo ao se referir ao Internacional.

A alegação dos que não veem racismo no termo em referência ao rival é que a própria torcida do Internacional se denomina 'macacada'. E um dos mascotes do clube é o mamífero do qual os seres humanos descendem.

O Grêmio também fez trabalhos institucionais para 'educar' os torcedores. A campanha: Somos azuis, brancos e pretos buscou com palavras evitar o que acabou acontecendo na última quinta-feira. Em materiais de vídeos e fotos, jogadores de todas as etnias apareciam lado a lado tratando do tema e mostrando a igualdade entre as raças.

E o clube vai, novamente, no domingo, quando pega o Bahia pelo Brasileirão, reabrir tal discussão. A ideia é mais uma vez criar movimentos que coíbam termos como 'macaco' utilizados repetidamente, com intenção racista para alguns, ou não para outros.

"Eu acho que a menina [Patrícia Moreira, que apareceu nas câmeras da ESPN gritando xingamentos racistas para o goleiro Aranha na quinta-feira] nem é racista. Ela foi no embalo dos outros. Mas temos a oportunidade de mostrar que não pode acontecer isso", disse o camisa 1 do Santos em entrevista coletiva na manhã de sexta-feira.

Na luta pelo fim do termo 'macaco', o Grêmio esbarra na torcida Geral. A organizada não tem boa relação com a direção do clube e não parece disposta a participar do movimento. Na tentativa anterior, os aficionados da Geral ignoraram totalmente o pleito realizado.

Na noite de sexta-feira, o STJD oficializou a suspensão da partida de volta entre Santos e Grêmio pela Copa do Brasil até que o clube gaúcho seja julgado em todas as instâncias pelos atos racistas da torcida. Entre as possíveis penas estão multa, perda de mando de campo de 5 a 10 jogos ou até exclusão da competição.

UOL Esporte

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