#Vai ter Olimpíada? Movimentos sociais devem eleger o evento para protestos

Policiais avançam para conter manifestação contra a Copa próxima ao Maracanã

Policiais avançam para conter manifestação contra a Copa próxima ao Maracanã

A Copa do Mundo no Brasil é vista pelos movimentos sociais como uma vitrine internacional para que se colocasse em evidência as insatisfações da população em diversos setores da sociedade. Desde a habitação, com a remoção de famílias por conta das obras para o Mundial, passando por saúde, educação e corrupção no setor público. A Copa acabou dia 13 de julho. Agora, é hora de as estratégias serem revistas.

Francisco Carneiro, que faz da Ancorp (Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa), estruturada nas 12 sedes do Mundial, afirma que o momento é de reaglutinar as forças. Ele reconhece que a Copa do Mundo foi uma vitrine importante para colocar os problemas nacionais em evidência e que é preciso fazer com que essa mobilização não se perca com o fim do Mundial.

"Precisamos continuar com esse processo, talvez com um outro mote. Se por um lado a Copa do Mundo ajudou a mobilizar as pessoas por conta dos problemas nacionais, por outro, se montou uma estrutura de repressão, com um conceito de segurança desvirtuado. Essas políticas públicas acabam agindo contra o povo organizado e a periferia, diz Carneiro, da articulação em Brasília.

O próximo alvo pode ser a Olimpíada de 2016. Os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, têm uma característica diferente da Copa, por acontecerem praticamente em uma sede única, no Rio de Janeiro. Partidas preliminares do futebol serão disputadas em Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Salvador, nos estádios utilizados para a Copa do Mundo.

Carneiro diz que tanto na Copa do Mundo como nos Jogos Olímpicos perde-se a oportunidade de gerar investimentos que reduzam as desigualdades sociais. "Não se discute um modelo de cidade que promova a melhoria das condições de vida das pessoas. O que se vê é a apenas a violação doo direitos sociais e humanos", diz ele.

O ativista conta que o movimento passa por um momento de revisão para voltar com força, antes do primeiro turno das eleições. A ideia é fazer com que haja uma mobilização no dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Nos últimos anos a data vem se transformando em um dia tradicional de "lutas".

José Araújo, da coordenação em Porto Alegre, afirma que ao mesmo tempo que a Copa do Mundo serviu para ajudar na mobilização das pessoas, deixou um legado preocupante. O da criminalização dos movimentos sociais.

"Com tudo o que aconteceu, é algo que preocupa. Temos acompanhado o caso de prisões em São Paulo, Rio de Janeiro, em que as provas são bastante frágeis. Se o mote da Copa e de suas consequências atraíram muita gente para o movimento, essa repressão também afastou muita gente. Muitos se aproveitaram dessa mobilização para promover quebra-quebras. Eu não compartilho dessa ideia. Não sei dizer se é certo ou errado, mas a gente não faz", diz.

Na última segunda-feira a Justiça de São Paulo aceitou denúncia do Ministério Público contra o professor Rafael Lusvarghi e o técnico laboratorial Fábio Hideki Harano. Ambos foram presos em junho, suspeitos de atuar na coordenação de ações violentas nas manifestações contra a Copa do Mundo. A defesa de ambos nega a acusação.

Os dois vão responder na Justiça por incitação ao crime, associação criminosa, resistência, desobediência e porte de arma de fogo de uso restrito. No momento da prisão do professor, a polícia alegou que foram apreendidos uma máscara de gás e artefatos com potencial de incendiários. Também é alegado que ambos já haviam sido fotografados e filmados em outras ocasiões, "coordenando as manifestações".

No Rio de Janeiro o Ministério Público denunciou 23 manifestantes acusados de atos violentos em protestos na cidade. A denúncia afirma que os réus, comandados por Elisa Quadros, a Sininho, queriam incendiar o prédio da Câmara Municipal, quando ocuparam o local em agosto do ano passado.

UOL Esporte

Comentários