Cidades-sedes da Copa investiram milhões em CTs que mal foram usados

Imagem mostra projeto de implosão do Olímpico; Grêmio não implodiu e gastou R$ 200 mil para Copa

Imagem mostra projeto de implosão do Olímpico; Grêmio não implodiu e gastou R$ 200 mil para Copa

Mais de R$ 4 milhões em investimentos públicos para apenas uma hora de treino durante o Mundial. Foi esse valor que a prefeitura do Recife investiu para reformar os acessos dos centros de treinamento de Sport e Náutico, que foram escolhidos pela Fifa como possível local de treinamento para seleções.

Nove seleções passaram pela capital pernambucana, mas apenas uma passou pelo local, mesmo assim de forma relâmpago. Os dois centros iriam passar em branco não fosse a Costa Rica ter escolhido o do Náutico para treinar na véspera da partida pelas oitavas-de-final. 

Segundo a Secretaria de Esportes e da Copa do Mundo no Recife, o maior gasto foi com a ligação entre o CT do Sport e a BR-101. O orçamento total da obra chegou a R$ 3,27 milhões, contemplando uma extensão de 2,1 km. Apesar disso, nenhuma seleção passou por ali.

Já no Náutico, a pasta informou que as obras de acesso receberam investimentos de R$ 711 mil, numa extensão de 456 metros. Além disso, o Náutico construiu um hotel cinco estrelas dentro do centro de treinamento. O valor foi pago pelo acordo do clube com o consórcio administrador da Arena Pernambuco, para que o clube mandasse seus jogos no estádio.

Apesar de ser a capital nordestina mais centralizada e com cinco jogos programados, as seleções prefiram se instalar em outros locais da região, a exemplo de Gana e Grécia, que fizeram de Maceió e Aracaju Centro de Treinamento. 

As seleções que jogaram no Recife também optaram por não fazer treinos fora da capital pernambucana, como foi o caso da Itália, que após a partida contra a Costa Rica optou por treinar no Frasqueirão, em Natal.

Uma das explicações para a negativa das seleções pode ter sido a péssima imagem deixada na Copa das Confederações, quando as seleções de Espanha e Uruguai tiveram dificuldades para chegar aos centros de treinamento por conta das chuvas, que deixaram o acesso aos locais difícil. O Uruguai, por exemplo, foi obrigado a treinar em uma academia antes da estreia na competição por conta de alagamentos no campo de treinamento.

Grêmio gasta em vão com reforma do Olímpico

Em Porto Alegre, a Fifa separou três campos de treinamentos para seleções durante a Copa do Mundo. Não houve investimento de verba pública em reforma de gramados, ou entorno dos locais de trabalho. Entretanto, o Grêmio investiu na recuperação do Olímpico desnecessariamente. 

Os três locais para atividades foram: Arena do Grêmio, Olímpico e campo do SESC. Destes, a Arena foi utilizada três vezes para treinamentos de Holanda, Nigéria e Argélia. Os demais não chegaram a receber uma seleção sequer. 

O clube tricolor preparava a implosão do Olímpico, que já não recebe os jogos da equipe desde dezembro de 2012. Mas a solicitação da Fifa forçou uma 'maquiagem' que custou cerca de R$ 200 mil. O pagamento sem reclamação teve como justificativa a publicidade ganha com a Copa. Só que o Mundial passou longe de lá. 

O prejuízo também foi técnico. Sem campo para treinar ou jogar, o Grêmio precisou mandar duas partidas do Brasileirão no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Os treinamentos foram conduzidos ao campo suplementar e nem mesmo o vestiário profissional pôde ser usado. Ficou fechado o período todo, enquanto os atletas usaram locais improvisados. O antigo Centro de Eventos virou academia e os vestiários da base abrigaram os profissionais. 

A não utilização dos campos de treinamento em Porto Alegre também foi forçada pela ausência de seleções permanecendo no Rio Grande do Sul durante o Mundial. Apenas o Equador optou pelo Estado, utilizando o município de Viamão como base. Só que realizou todos seus treinos no hotel onde ficou hospedado.

Manaus gastou R$ 36 milhões

Manaus cumpriu com a exigência da Fifa e preparou dois Centros Oficiais de Treinamento para poder receber jogos do Mundial. O gasto foi de R$ 21 milhões no COT da Colina e outros R$ 15 milhões no COT Coroado. Nenhum dos dois foi usado uma única vez pelas seleções com jogos realizados na cidade.

Os dois estádios não usados contaram com dinheiro do governo do Amazonas para saírem do chão. O COT da Colina foi demolido e reconstruído para o Mundial. A capacidade é para 11,4 mil torcedores e consumiu R$ 21 milhões – R$ 9,7 milhões de recursos federais e o restante de verbas estaduais.

Os R$ 15 milhões gastos no COT do Coroado foram integralmente bancados pelo contribuinte do Amazonas. O estádio pode receber 5 mil espectadores. Ambos contam com toda a infraestrutura exigida pela FIFA: gramado, vestiários, sala de imprensa e estacionamento.

A assessoria de imprensa do governo do Amazonas explicou que os estádios foram construídos para atender a exigências da FIFA para a realização da Copa em Manaus. Acrescentou que sem os COTs a cidade não poderia sediar o Mundial e que a utilização deles ficaria mesmo a critério da entidade.

De acordo com o governo do Amazonas, no entanto, os estádios reformados  são importantes legados porque no passado o Estado não tinha locais para receber jogos de médio e pequeno portes de torneios como a Copa do Brasil, a Copa Verde e o Campeonato estadual. Procurada, a FIFA não se manifestou.

UOL Esporte

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