Há cerca de um mês, Ricardo Gareca comandou seu primeiro treino no Palmeiras não cercado de desconfiança, mas de uma curiosidade genuína sobre o que significaria para um time brasileiro, neste momento, ter um técnico estrangeiro.
Até agora, foram apenas três partidas no comando do Palmeiras. Mas a vitória conquistada sobre o Avaí na Copa do Brasil a partir de uma atitude considerada arriscada, a de escalar os reservas para um jogo decisivo fora de casa, acendeu uma chama de esperança entre os palmeirenses.
O método de trabalho de Gareca também é diferente, embora ele insista que não: "Não trago nada de novo aqui para o Palmeiras, só responsabilidade. Não acredito que haja algo diferente do que vocês vêm no futebol brasileiro".
Numa semana como esta, com jogo na quarta-feira e no domingo, é raro os jogadores terem folgas em dias úteis. Mas, com o novo técnico, o esquema foi outro. Os jogadores não treinaram nem na segunda (21), após a derrota para o Cruzeiro por 2 a 1 em casa, nem na quarta (23), dia em que voltaram de Florianópolis. Por outro lado, aqueles que não entraram em campo contra o Avaí realizaram atividades por quase uma hora no gramado da Ressacada à noite, após a partida.
Folga após derrota em meio a uma sequência de cinco jogos sem vencer poderia ser considerado inadmissível em outros clubes ou no próprio Palmeiras de outros tempos. Mas Gareca conta com o benefício da dúvida, com o fato de ser ainda uma incógnita.
Por outro lado, o treino na manhã de sexta-feira (25) foi longo, quase duas horas e meia de duração. Primeiro, treino físico por uma hora. Em seguida, treino tático e técnico. Por fim, atividade técnica para os jogadores que não vêm atuando com frequência.
Nesta sexta, ele aproveitou para elogiar os brasileiros companheiros de profissão, a começar por Mano Menezes, adversário deste domingo (27) no clássico Corinthians e Palmeiras: "Menezes é um técnico muito importante, dirigiu a seleção nacional. O trabalho de todos os treinadores brasileiros é muito bom. Os times que enfrentamos até agora, Santos, Cruzeiro e Avaí, são muito bem organizados taticamente".
Quando, num determinado momento, um jornalista mencionou Luis Felipe Scolari em uma pergunta, a atenção de Gareca ficou presa ali. Sem parecer ter compreendido o teor da pergunta, ele apenas fez questão de deixar claro: "Não gostaria de trazer Scolari para a conversa. Tenho respeito por ele. Para mim, é um dos melhores treinadores do mundo".
A adaptação à nova vida em São Paulo vai bem, melhor agora com a chegada da esposa e do filho menor: "Ele vieram, mas meu filho e minha filha mais velhos ainda estão lá. Estou gostando de São Paulo, comendo muito bem! Parabéns pela comida de São Paulo", brincou.
O clima no Palmeiras não dá indícios de que o clássico deste final de semana seja o maior teste para Gareca, que não parece sentir um grande peso nas costas já que é nítida a diferença entre as duas equipes. Enquanto o Corinthians anda mais constante e ocupa a segunda colocação na tabela, o Palmeiras ainda tenta se encontrar e é apenas o 12° colocado.
Neste meio tempo, Gareca aproveita para implementar um estilo que, perceba ele ou não, vai mostrando suas diferenças para o modo de trabalhar comumente empregado pelos treinadores brasileiros.
UOL Esporte
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