Fifa rejeita limite de idade e mandatos para dirigentes

Blatter ao lado de Fernanda Lima no Congresso da Fifa

O Congresso da Fifa rejeitou a limitação de idade e mandatos para cartolas, em votação nesta quarta-feira, em São Paulo. Uma das propostas era da UEFA (Federação de futebol de Europa) - queria 70 anos de idade máxima - e outra era do comitê de reforma da entidade. Houve forte resistência por parte de dirigentes das outras confederações, principalmente da África. Ao rechaçar a restrição, o congresso favoreceu o presidente da federação internacional, Joseph Blatter, que tem 79 anos, e vai tentar a quinta reeleição em 2015.

As duas medidas, se aprovadas, teriam impacto em todo o mundo do futebol. O presidente da CBF, José Maria Marin, por exemplo, teria de sair de qualquer função assim que terminasse seu mandato. Também valeria para confederações continentais. Ainda poderia ser estabelecido uma restrição de mandatos, o que permitiria o fim dos cartolas eternos como Ricardo Teixeira durante mais de 20 anos na CBF. Com a rejeição, a Fifa se mantém presa ao passado e resistente a qualquer mudança em sua administração.

Havia duas propostas em separados. A primeira, de limitação de idade, era pleiteada pela UEFA há vários anos. Mas sofreu séria rejeição principalmente de dirigentes da África, mas também de outros cartolas. Houve discursos que classificavam a medida como discriminação. Até o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela foi citado por ter assumido o país aos 75 anos. Na hora da votação, prevaleceram os cartões vermelhos da rejeição.

Membro do Comitê Executivo da Fifa, Theo Zwanziger, responsável pela comissão de reforma da entidade, defendeu a proposta de limitação de mandatos. "Seria bom que pudessem abrir o caminho para limitação de mandato. Há gente jovem para ajudar. Limitação de idade não faz muito sentido porque temos diferenças em cada confederações. Há pessoas com idade alta que tem performance melhor do que jovens de 30 anos. Seria um ato de discriminação. Procurar uma limitação de mandato seria mais apropriada", discursou. "Seria saudável para a Fifa e reconhecido pelo público."

Suas declarações não tiveram efeito. A maioria dos delegados levantou cartões vermelhos para rechaçar a proposta. Essa também era uma ideia defendida por todos os especialistas contratados pela Fifa para estabelecer uma processo de reformas após as acusações de corrupção que atingem a entidade há anos.

Há até um processo em curso de investigação em relação à escolha da Rússia-2018 e o Qatar-2022 como sedes da Copa. O responsável pela investigação Micheal Garcia fez um discurso sobre o assunto no congresso, mas não deu informações novas. Apenas deu a entender que analisou inclusive informações obtidas pelo "Sunday Times" que revelou documentos pelos quais o ex-membro do Comitê Executivo da Fifa Mohammed bin Hamman teria pago dinheiro a dirigentes de federações africanas para obter apoio à candidatura qtariana.

"Nós investigamos todos os representantes de todos os times de candidatura e membros comitês executivos. Tentamos falar com todos os outros ex-membros do comitês executivos. Revisamos documentos de candidaturas. Houve vários relatórios sobre 2022. E houve questões sobre quais vamos considerar e outras, não. Ninguém deve pensar o que temos e o que não temos. A maioria do material esteve a nossa disposição. Será examinado, no processo de escolha. Fomos à fonte original. E conversamos com ela. E vamos revisar essa informação", afirmou ele, em referência aos dados obtidos pela mídia inglesa. 

UOL Esporte

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