Dener, falecido há 20 anos, foi citado no julgamento da Portuguesa
O julgamento da Portuguesa no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, pelo abandono de campo na estreia na Série B diante do Joinville não acabou em rebaixamento. Como tem se tornado costume nos processos da Justiça Desportiva, porém, acabou sendo palco se situações bizarras, e colocações, no mínimo, peculiares.
A defesa da Lusa, como já era previsto, foi baseada no fato de que o clube possuía uma liminar que garantia sua permanência na Série A, e apenas cumpriu uma decisão judicial. Para rebater o argumento, o auditor Márcio Amaral fez uma analogia bastante ousada: comparou a postura com a dos nazistas julgados após a Segunda Guerra Mundial.
"Desde a época do Tribunal de Nuremberg, as maiores atrocidades do mundo eram justificadas com a frase 'me mandaram fazer', isso não existe", disse o auditor.
O Tribunal de Nuremberg, criado em novembro de 1945, foi onde foram julgados oficiais do exército nazista de Hitler por seus crimes de guerra. Ali, diversos réus justificavam as injustificáveis atrocidades com o argumento de que estariam cumprindo ordens.
Não parou por aí: o relator do processo, José Nascimento, chegou a sutilmente "cornetar" o elenco montado pela Portuguesa para 2014. Relembrando o falecido craque Dener, lamentou que o clube do Canindé, com a tradição que tem, não priorize a montagem de elencos competitivos.
Problemas técnicos também deram as caras durante a seção de julgamento. Um vídeo que seria apresentado pela procuradoria logo no começo do julgamento não teve o áudio funcionando. Em seguida, os auditores, partes e advogados no caso tiveram que passar alguns minutos em frente ao computador, aguardando o carregamento de um vídeo da defesa da Lusa, que estava travando no Youtube.
Houve também momentos de simpatia à Portuguesa. O presidente da comissão disciplinar que julgou o caso, José Perdiz, mostrou carinho pelo clube.
"Todos os brasileiros são torcedores da Portuguesa, do América-RJ e do América-RN", afirmou.
Após quatro longas horas de julgamento, o presidente da Portuguesa, Ilídio Lico, mostrou alívio pela permanência na Série B, mesmo tendo sido punido de outras formas.
Pela decisão, a Portuguesa perdeu os pontos do jogo contra o Joinville, que será contabilizado como vitória da equipe catarinense por 3 a 0. O clube também pagará uma multa de R$ 50 mil. Ilídio e seu filho, Marcos Rogério Lico (que entregou a liminar ao delegado) foram suspensos por 240 dias, e pagarão multa de R$ 100 mil e R$ 80 mil, respectivamente. Argel, o técnico, foi suspenso por quatro jogos.
O departamento jurídico da Lusa já avisou que recorrerá da punição ao treinador, mas ainda irá estudar se entrará com recurso contra as outras decisões.
UOL Esporte
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