Repassado à equipe campeã em 2013, Eric Granado (ao centro) tenta conquistar primeiros resultados de destaque; brasileiro pode ser o primeiro representante do País na MotoGP desde a aposentadoria de Alexandre Barros em 2007
Desde que Alexandre Barros deixou a MotoGP no final de 2007, o torcedor brasileiro demonstra perda de interesse pela categoria. No entanto, o renascimento pode acontecer com a ascensão de outro piloto do País, que briga para chegar à elite do motociclismo mundial. Trata-se de Eric Granado, 17 anos, que compete na Moto3 pelo segundo ano consecutivo.
Nascido em 10 de junho de 1996, quando Alexandre Barros já competia na então 500 cc pela Pileri Honda, Granado praticamente não correu no Brasil. Em 2007, já estava na Europa – e mais especificamente na Espanha, principal polo do motociclismo na Europa. Naquele ano, na cidade de Valência, conquistou o título do Festival Metrakit na categoria 70 cc.
A partir daí, passou a enfileirar conquistas na Espanha. Em 2008, faturou o Cuna de Campeones Bancaja da categoria 80 cc. No ano seguinte, faturou a categoria 125 cc da mesma competição, além de terminar o ano com o título da cilindrada no Campeonato Valenciano – este último, repetiu em 2010. Na temporada 2011, foi o quinto colocado no Campeonato Espanhol CEV-Buckler.
Destaque na Espanha, Granado chegou ao Mundial de motovelocidade em 2012, já correndo etapas da Moto2
Foi este período na Espanha que colocou Eric Granado no radar do Mundial de motovelocidade. “O Eric é um piloto extremamente dedicado, não larga a mão por nada. Quando estava na Europa, a gente ficava junto em hotel – ele acordava cedo, ia correr a pé, se alimentava certo, ia treinar, tentava entender de suspensão de mecânica... Ele é um cara extremamente envolvido com o que está fazendo”, elogiou Lucas Barros, 18 anos, piloto da Moto 1000 GP no Brasil.
Em 2012, Eric teve a chance de disputar corridas da Moto2 pela equipe JiR-Motobi. O paulista esteve em 11 das 12 últimas corridas daquele ano, e, embora não tenha conquistado pontos, abandonou apenas duas provas (Malásia e Austrália). Sua melhor posição foi o 21º lugar na etapa da Itália. Seu companheiro de equipe, o francês Johann Zarco, fechou a temporada em décimo, somando 95 pontos.
O resultado acabou freando um pouco a ascensão de Eric, que “caiu” para a Moto3 em 2013. Correndo pela Mapfre Aspar-KLM, ele somou pontos pela primeira (e única) vez na temporada ao terminar a etapa da Itália em nono. No final do ano, embora tenha sido aprovado pela equipe, foi “obrigado” a se mudar para a Calvo-KLM. O motivo: diferenças de patrocínio.
Para Alexandre Barros, Eric Granado "está com uma boa chance na mão"
“Em 2013, a Aspar deu ao jovem piloto brasileiro Eric Granado a oportunidade de disputar uma temporada complete do Mundial (...). Depois deste primeiro e positivo ano no Mundial, a colaboração de Granado com a equipe Aspar parecia praticamente confirmada. No entanto, devido à incompatibilidade de patrocínios de ambas as partes, o time foi forçado a procurar uma alternativa para permitir a Granado continuar competindo em 2014. O brasileiro irá correr pela equipe Calvo Team Laglisse, no qual ele continuará seu desenvolvimento como piloto”, anunciou o time.
A troca, no entanto, foi positiva para Eric – afinal, em 2013, o espanhol Maverick Viñales conquistou o título da Moto3 com a própria Calvo Team. Em comunicado, Eric aprovou o acerto e agradeceu aos novos chefes. “Estou muito feliz e grato à Calvo por me dar esta oportunidade”, disse na época. “Fico contente por ter o apoio de Jaime Fernandez Aviles e Pablo Nieto, que têm grande experiência e irã nos ajudar a melhorar os meus resultados corrida a corrida”, anunciou.
Eric Granado, Jakub Kornfeil e Isaac Viñales: no trio da Calvo-KLM, brasileiro começa ano atrás de companheiros nos resultados
Na nova equipe, no entanto, Eric ainda não tem conseguido acompanhar o ritmo dos companheiros. Após quatro corridas, o espanhol Isaac Viñales (irmão de Maverick Viñales) tem como melhor resultado um quinto lugar na Espanha, mesma posição do checo Jakub Kornfeil no GP das Américas, em Austin (Estados Unidos). O brasileiro, por sua vez, completou duas das quatro provas, sofrendo uma queda na última etapa, na Espanha. Seu melhor desempenho foi o 18º lugar em Austin.
Para Lucas Barros, Eric compensa a desvantagem em resultados com a dedicação dentro da equipe. “Por mais que haja pilotos no Mundial com muita vontade, (eles) não têm essa garra. Hoje, para estar no Mundial, não adianta ter só talento, porque você não consegue correr lá. Ele tem talento – não tanto quando os outros, mas a dedicação dele é muito grande, e é isso que está fazendo ele crescer lá fora”, destacou.
A opinião é semelhante à do próprio Alexandre Barros, pai e chefe de equipe de Lucas na Moto 1000 GP. “A chance que ele está tendo, tanto ano passado quanto neste ano... Ele está em excelentes equipes. Depende mais dele agora: ele está com uma motocicleta excelente, uma equipe excelente, a parte técnica dele é ótima”, disse Alex Barros em entrevista ao Terra. “Ele está com uma boa chance na mão. A gente espera que ele saiba aproveitar para começar a ter resultados fortes. Isso faz bem para o motociclismo se acontecer”, completou.
Terra
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