EUA usam cartilha e FBI para ir a Sochi e não repetir boicote de 1980

Atletas americanos são desencorajados a circular por Sochi trajando referências do país

Atletas americanos são desencorajados a circular por Sochi trajando referências do país

A Rússia recebe o mundo pela segunda vez em um evento olímpico, com os Jogos de Inverno que começam oficialmente nesta sexta-feira. No entanto, será a primeira vez que os Estados Unidos enviam uma delegação a um evento do gênero no país, já que boicotaram a edição de verão de 1980. A estreia americana acontece com a marca da tensão da ameaça terrorista. 

Nos últimos dias de 2013, dois atentados terroristas mataram 34 pessoas em questão de horas em Volgogrado, a cerca de 400 km de Sochi. O ato reivindicado por um grupo extremista islâmico acendeu o alerta para a Olimpíada e deflagrou de vez a apreensão dos visitantes da maior potência do mundo.

Alvos tradicionais de facções de terror pelo mundo, os cidadãos americanos terão atenção especial em Sochi. A delegação dos Estados Unidos será acompanhada por um contingente especial do FBI, agência federal de segurança.

O governo americano emitiu no último mês um alerta para que os americanos que visitem Sochi evitem ostentar referências pessoais do país fora das áreas de competição. O aviso vale inclusive para os atletas, que devem abdicar dos uniformes em eventuais passeios pela cidade russa.

O Departamento de Defesa do país ainda anunciou a presença de dois navios de guerra na costa do Mar Negro, que estarão preparados para evacuar os cidadãos americanos da região em caso de atentado.

Além dos americanos, outras delegações viajam para Sochi com apreensão. Os comitês olímpicos de Eslovênia, Hungria, Itália e Alemanha anunciaram que receberam cartas ou e-mails com ameaças de ataques, em textos escritos em inglês e em russo.

Um alto dirigente da NHL, a liga de hóquei dos Estados Unidos, afirmou que a entidade poderia considerar vetar a viagem de suas estrelas à Rússia se entender que as condições de segurança não eram adequadas.

"A questão da segurança acho que é um procedimento normal. Todos os jogos olímpicos são uma vitrine muito grande. Faz parte da nossa rotina", afirmou Stefano Arnhold, presidente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve e chefe da missão brasileira em Sochi.

BOICOTE EM 1980 MARCOU RETA FINAL DA GUERRA FRIA

A pedido do então presidente Jimmy Carter, o comitê olímpico dos EUA decidiu boicotar os Jogos de Moscou, depois de ver frustrada a tentativa de fazer o COI mudar o evento de sede. A medida veio como retaliação à invasão da União Soviética ao Afeganistão naquele ano.

Na oportunidade, os americanos ainda pressionaram governos com que mantinham relações amigáveis a aderirem ao boicote. Ao todo 61 nações se juntaram ao movimento dos EUA, esvaziando os Jogos de Moscou.

O boicote americano marcou a reta final da Guerra Fria, período de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre EUA e a União Soviética, entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (começo da década de 90).

Compareceram ao evento apenas 5.179 atletas, representando 80 países, na menor participação desde a edição de 1956, em Melbourne. Sem os americanos e seus aliados, a União Soviética dominou o quadro de medalhas, com quase o dobro de ouro em relação à segunda colocada, a Alemanha Oriental (80 a 47).

UOL Esporte

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