Santos promteu a permanência de Neymar até o fim de 2014
Celso Leite, conselheiro influente do Santos, acredita que os dirigentes do clube diretamente envolvidos na venda de Neymar ao Barcelona, da Espanha, em junho do ano passado, já possuem culpa pela transação polêmica investigada pela justiça espanhola. Leite aponta que, de forma direta ou indireta, o Comitê Gestor que conduziu e, posteriormente, concluiu a negociação falhou e vê como quase inevitável a saída por renúncia ou impeachment do presidente em exercício Odílio Rodrigues e outros membros da diretoria.
"Por enquanto estamos acompanhando. Caso se confirmem as acusações, de que o Neymar já estava vendido ao Barcelona desde 2011 ou que o Santos tomou um chapéu do pai do Neymar ou do Sandro Rosell (ex-presidente do Barcelona), fica provado que essa é uma gestão temerária. Qualquer que seja a verdade entre as opções, não há condições dessas pessoas continuarem à frente do clube, não podemos esperar até o fim do ano, resta renunciar ou caberá ao Conselho se posicionar drasticamente (para o impeachment) porque fica provado que a gestão é temerária", disse o conselheiro.
"Acho que deveriam, pelo menos, se afastar ou se licenciar. Se sou eles, renuncio, pois foi feito um negócio em que até o presidente do outro clube renunciou, está claro que há problemas que precisam ser averiguados", completou.
Leite é membro influente no Conselho, mas ficou licenciado por três meses de suas funções no clube após ver o pedido de licenciamento por um ano, sob alegação de problemas de saúde, do então presidente Luis Álvaro Ribeiro esfriar o impeachment do mandatário. Na ocasião, o conselheiro liderou o movimento contra o dirigente com 97 assinaturas de conselheiros. O mesmo foi brecado pelo afastamento de Laor.
O abaixo-assinado dos conselheiros tinha como base no item b do artigo 68 do estatuto (ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Santos), motivado pela histórica goleada sofrida por 8 a 0 para o Barcelona, em 2 de agosto do último ano, em confronto válido pelo Troféu Joan Gamper.
"Voltei no último dia 3 e, pelo visto, em um momento bom. Pedi o licenciamento pelo não acontecimento da reunião pelo impeachment. Agora, voltei em um momento ainda pior para o Comitê (Gestor)", disse.
O parecer da investigação da justiça espanhola ainda é aguardado pelos oposicionistas, que exigirão explicações e estudam ações para investigações no País. Orlando Rollo, membro do grupo Terceira Via, já acionou os advogados para abrir um inquérito na Polícia Federal e um procedimento jurídico no Mistério Público Federal. Leite diz que prefere aguardar.
"Eu diria que foi a pior transação do futebol mundial, o Santos vendeu uma joia rara por preço de banana. É terrível pensar que pode ter atuado em 2011, naquela final em que muitos gastaram fortunas para ir ao Japão, já comprometido com o Barcelona. É importante o associado cobrar pacificamente de todos os conselheiros para que exijam as explicações. O conselheiro tem que ter postura, valorizar o seu mandato", argumentou.
Na Espanha, o Ministério Público investiga uma denúncia de um sócio do clube espanhol, Jordi Cases, sobre a negociação. Cases entrou com uma ação alegando que os valores da negociação superavam os 57 milhões de euros (cerca de R$ 188,9 milhões) anunciados oficialmente. A justiça abriu uma ação judicial contra o então presidente do Barcelona, Sandro Rosell. O jornal espanhol El Mundo divulgou que o valor total chegaria a 95 milhões de euros (R$ 314,8 milhões).
Rosell anunciou na última quinta-feira a renúncia ao cargo máximo do clube catalão alegando que não queria que "ataques injustos prejudicassem a imagem do clube" e citando a família. O dirigente foi substituído por Josep Maria Bartomeu, que ocupava a vice-presidência.
Um dia após, o novo presidente abriu os detalhes do contrato para justificar a diferença entre os valores divulgados. Os catalães afirmaram não haver fraude e elevando o custo da negociação para 86,2 milhões de euros (cerca de R$ 285,6 milhões).
O Santos garante que ter recebido apenas 17,1 milhões de euros (R$ 54 milhões à época) pelo atleta. Do montante, só teve direito a 55%, 9,4 milhões de euros (R$ 29,7 milhões), já que o Grupo DIS recebeu 40% da transação, enquanto a Teisa, grupo formado por conselheiros influentes do clube, 5%. O clube ainda acertou por 8 milhões de euros (R$ 24 milhões) a preferência aos catalães na compra três promessas das categorias de base, além dos amistosos acordados.
Em nota, a assessoria do clube informou que "continua acompanhando atentamente todas as informações" e prometeu se manifestar ainda nesta semana.
Terra
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