Ao lado de Michel Platini (à esq.) e Joseph Blatter (à dir.), Hassan é premiado como então recordista de jogos por seleções
Participar ativamente da história foi algo a que o egípcio Hossam Hassan Hussein, 47, se acostumou desde que começou a ser um dos mais importantes jogadores de futebol da África.
Astro no seu país, manifestou-se durante as turbulências da Primavera Árabe. Agora, como treinador, ao lado do assistente técnico e irmão gêmeo, o ex-lateral direito Ibrahim, ele tenta levar a Jordânia à sua primeira Copa do Mundo.
Seus comandados enfrentam os uruguaios em dois jogos pela repescagem mundial das eliminatórias. Nesta quarta-feira, será em casa, às 13h de Brasília. Dia 20, em Montevidéu.
"O mundo todo sabe que o Uruguai é o favorito", disse em entrevista à Folha.
Hassan tornou-se recordista da sua seleção com 68 gols. Jogou a Copa de 1990 como titular. Foi um dos atletas com mais partidas por um selecionado nacional: 176.
Ganhou três Copas da África, a última aos 40 anos. Conquistou 13 campeonatos egípcios e seis títulos africanos, pelos arquirrivais Al Ahly e Zamalek, além de uma infinidade de torneios no Oriente Médio.
Defendeu ainda em clubes da Suíça, da Grécia e dos Emirados Árabes.
"É bem esclarecido, antenado com o futebol no mundo, a gente conversa muito. Ele vê jogos de todos os lugares", contou o preparador físico da seleção jordaniana, o brasileiro Manoel Barrionuevo.
O egípcio chegou em agosto para substituir o iraquiano Adnan Hamad. Está invicto após nove jogos, com quatro vitórias --contra Palestina, Líbia, Nigéria e Zâmbia-- e cinco empates.
Ele critica o trabalho do técnico americano Bob Bradley e a preparação da seleção do Egito, que foi goleada por Gana por 6 a 1 e precisa vencer por 5 a 0 em casa para se classificar para o Mundial após 24 anos.
Mas o ex-artilheiro possui divergências maiores em relação aos americanos. "Os Estados Unidos quiseram interferir em nossa politica, coisa que nós, os egípcios, não admitimos de forma nenhuma", afirmou.
PRIMAVERA ÁRABE
A crise política no Egito começou em 25 de janeiro de 2011, quando milhares de pessoas foram às ruas para exigir o fim do regime ditatorial de Hosni Mubarak, que durava 30 anos. A pressão popular teve resultado em 11 de fevereiro.
Um ano e meio depois, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, foi democraticamente eleito presidente, derrotando o general da reserva Ahmed Shafiq, último premiê de Mubarak. Entretanto, acabou deposto após um ano.
Hossam Hassan garante que não se colocou do lado dos presidentes. "Eu me manifestei e dei a minha contribuição política para o meu povo, nunca pensando em uma posição a favor ou contra Mubarak ou Mursi".
Ele se mostra satisfeito com a administração atual: "Estamos sendo governados pelos militares já há quatro meses, e vejo com bons olhos este governo. Sei que vai levar um tempo para tudo se normalizar".
Folha de S.Paulo
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!