Camila Minakawa foi com a Seleção à Olimpíada de Londres e participou da equipe de treinos
A oportunidade de treinar e se preparar com mais afinco fez Camila Minakawa trocar a Seleção Brasileira por Israel. A judoca, que é filha da judia Miriam e de um nipo-brasileiro, o árbitro de judô Edson Minakawa, se naturalizou israelense e desde março defende a pátria que acolheu a mãe aos cinco anos de idade, mas que logo retornou ao Brasil. O Mundial de Judô no Rio de Janeiro fez a atleta lutar em seu país de nascimento, mas sem defender a bandeira verde e amarela.
A paulista, que já vestiu o quimono do Brasil e chegou a ser vice-campeã mundial Sub-21, foi em busca de uma mudança na vida pessoal e profissional. Antes de ir morar em Netanya, a judoca defendia o Hebraica, em São Paulo, onde morava com a família, mas as condições de treino não estavam mais estimulando o crescimento da atleta, que sonhava com outro rumo para a carreira.
"Não foi questão de espaço na Seleção Brasileira que me fez deixar o país. Eu estava querendo tanto na minha vida pessoal, como na minha vida profissional, uma mudança. Eu acho que é sempre bom. Tenho 23 anos e sempre treinei e morei com meus pais. Por isso acho que foi o momento certo para fazer essa mudança", disse.
"Em Israel eles me chamaram e me deram uma expectativa e oportunidade de treinos e condições que não teria aqui no Brasil. E não só de Seleção Brasileira, mas também no clube", acrescentou a paulista.
Mesmo sem falar hebraico a atleta não considera a língua um empecilho para a evolução no dojo. "Lá, a Seleção treina sempre junta. Fazemos tudo juntos. É muito bom. Estou sozinha lá. Mas eles me ajudam bastante. Sempre falo que eles são a minha segunda família, o técnico e as meninas. Já estou começando a entender um pouco de hebraico, mas é muito difícil, não dá para relacionar muito com o português. Mas aos poucos vou aprendendo", falou a atleta, que terminou o Mundial em sétimo lugar na categoria leve (57 kg), a mesma que deu o primeiro ouro feminino do judô em mundiais, para Rafaela Silva.
Por oportunidades e condições financeiras melhores, os judocas brasileiros vem adotando um segundo país - na modalidade é permitido que um atleta que já defendeu uma nação lute por outra. Mas a FIJ (Federação Internacional de Judô) impõe dois anos de afastamento para que um atleta se naturalize. Mas se houver permissão da entidade nacional, no caso do Brasil a CBJ (Confederação Brasileira de Judô), a troca é imediata.
Tenho 23 anos e sempre treinei e morei com meus pais. Por isso acho que foi o momento certo para fazer essa mudança
Camila Minakawa
No Mundial carioca sete atletas brasileiros estão defendendo outros países. Além de Minakawa por Israel, tem o capixaba Nacif Elias pelo Líbano; Taciana Lima por Guiné-Bissau; Victor Karabourniotis pela Grécia; Sérgio Pessoa pelo Canadá; Carlos Luz por Portugal; e Hernan Birbrier pela Argentina.
Minakawa acredita que é preciso ir atrás dos sonhos, e para isso vale a pena vestir outra camisa, ou melhor, outro quimono.
"Acho que cada um tem que correr atrás do que é melhor para si. Eu acho que se servimos de exemplo, se as pessoas se expirarem em nós, para ir em busca dos sonhos, por que não? Acho que vale a pena. Que você tem que correr riscos se quer ser feliz e chegar em um objetivo", disse a atleta que ficará mais uma semana de férias no Brasil, matando saudades da família, e que espera voltar em 2016 para disputar os Jogos Olímpicos.
"Depois desse Mundial, estou com um gostinho de quero mais. Essa sétima posição não desceu. Então vou treinar para estar aqui e disputando a medalha, e quem sabe fazendo uma final com uma brasileira em casa, em 2016. Vamos ver como vai ser", finalizou a emocionada judoca.
Terra
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