Rigor fiscal e Engenhão fechado ampliam crise de clubes do Rio

A interdição do Engenhão por problemas na cobertura aumentou a crise no Botafogo

A interdição do Engenhão por problemas na cobertura aumentou a crise no Botafogo

O rigor cada vez maior da Fazenda Nacional na cobrança de impostos e a interdição do Engenhão por problemas estruturais ampliaram a crise financeira do futebol carioca. As dificuldades têm forçado os grandes clubes a reduzirem gastos e até mesmo se desfazerem de jogadores, casos de Wellington Nem e Fellype Gabriel, vendidos por Fluminense e Botafogo, respectivamente.

As penhoras feitas pela Fazenda Nacional funcionam de forma bastante restritiva: com mandados judiciais, o órgão governamental retêm recursos antes que eles entrem nos cofres dos clubes. A condição faz com que os times percam receitas essenciais para o pagamento de despesas corriqueiras, como salários e até mesmo passagens de seus funcionários. A situação, portanto, acaba funcionando como uma bola de neve, já que as agremiações são forçadas a criar novas dívidas.

O time mais atingido pelo aperto promovido pela Fazenda Nacional é o Vasco. O Cruzmaltino sofre com atrasos salariais desde o ano passado e teve de reformular seu elenco para este ano por conta da situação. Já o Botafogo foi pego de surpresa com a interdição do Engenhão, importante fonte de recursos, e tem lidado com a insatisfação de seus atletas pela dificuldade de manter a folha em dia.

Mesmo com a forte parceria com o Unimed, o Fluminense tem tido problemas para manter o pagamento de alguns jogadores em dia, na sua grande maioria jovens revelados pelas suas categorias de base. Já o Flamengo apertou os cintos e conta com um elenco humilde enquanto paga um refinanciamento de suas dívidas com a Fazenda. Entenda melhor a situação de cada um dos grandes clubes cariocas:

VASCO SOFRE COM PENHORAS E ENFRENTA ATRASO SALARIAL DE DOIS MESES

Marcelo Sadio/Vasco.com.br

Em grave crise, o Vasco chegou a sofrer com o desmanche de seu elenco antes desta temporada. Atualmente, os salários estão atrasados em dois meses por conta do bloqueio das receitas pela Fazenda, que asfixiam o clube desde o fim de 2011. No ano passado, a dificuldade do time em arcar com seus compromissos causou a recusa dos atletas a se apresentarem para a concentração para algumas partidas. A situação pode melhorar nas próximas semanas, quando o Cruzmaltino espera anunciar a obtenção de certidões negativas de débito, o que abriria caminho para as chegadas dos patrocínios da Caixa Econômica Federal (R$ 28milhões) e da Nissan (R$ 8 milhões). O quadro gerou até mesmo a mobilização da torcida vascaína, que crou um programa chamado "Dívida Zero", em que os participantes podem ajudar a pagar diretamente parte do montante devido à Fazenda Nacional. O movimento já descontou mais de R$ 380 mil do valor devido pelo Cruzmaltino. Dívida com a Fazenda Nacional: cerca de R$ 52 milhões 

BOTAFOGO CORTA GASTOS E VÊ CRISE APÓS INTERDIÇÃO DO ENGENHÃO

Satiro Sodre/AGIF

Iniciada no dia 26 de março, a interdição do Engenhão até 2015 complicou a delicada situação financeira do Botafogo. Se já tinha problemas em manter sua folha salarial em dia antes do fechamento do estádio, o novo quadro forçou o time de General Severiano a cortar ainda mais gastos para se adequar à nova realidade. O Alvinegro tirou até mesmo celulares de seus vice presidentes e planeja demissões entre seus funcionários. Mesmo com as atitudes, a equipe segue com um mês de salários atrasados. A insatisfação do plantel é crescente por conta da situação e pelo não cumprimento de algumas promessas. O próprio título carioca aconteceu mesmo com a recusa dos atletas em participar de concentrações para partidas fora da cidade. A venda do meia Fellype Gabriel para o Al Sharjah-EAU deve amenizar o quadro, assim como a provável negociação de Dória, que está nos planos imediatos da diretoria. Dívida com a Fazenda Nacional: cerca de R$ 62 milhões.

UNIMED PAGA SALÁRIOS DE ASTROS DO FLU, MAS JOVENS SOFREM COM CRISE

Nelson Perez/Fluminense FC

As penhoras promovidas pela Fazenda Nacional em receitas do Fluminense têm pesado principalmente para os mais jovens do elenco. A Unimed banca quase integralmente os salários de jogadores mais caros, como Deco, Thiago Neves e Fred, mas atletas de menos peso são pagos pelo clube, que não tem conseguido manter sua folha em dia. Atualmente, o Tricolor lida com um mês de atraso, situação que o fez vender Wellington Nem ao Shakhtar Donetsk no começo deste mês, por 9 milhões de euros (cerca de R$ 25 milhões). Mesmo sendo um dos elencos mais caros do país e atual campeão brasileiro, o time das Laranjeiras também ainda não conseguiu recursos para iniciar a construção de seu centro de treinamento no terreno doado pela Prefeitura, em Jacarepaguá. Dívida com a Fazenda Nacional: cerca de R$ 31 milhões.

FLA CORTA GASTOS E OPTA POR ELENCO HUMILDE PARA EQUILIBRAR CONTAS

Alexandre Vidal/Fla Imagem

Mesmo tendo conseguido um acordo com a Fazenda Nacional em abril, o Flamengo não está livre de sofrer com o rigor do órgão estatal. O esforço rubro-negro para pagar impostos tem feito com que a torcida tenha que se acostumar com um elenco mais humilde que em outras épocas, além de investimentos menores em contratações. Já as obras no CT Ninho do Urubu estão paradas há 10 meses e sem previsão de retorno. A diretoria apostou no reparcelamento da dívida para diminuir os sustos com novas penhoras. Desde janeiro, o clube pagou cerca de R$ 50 milhões em impostos atrasados. Após um longo histórico de inadimplência com seus atletas, hoje, o time da Gávea é o único entre os grandes cariocas a não dever salários a seus jogadores. A equipe conseguiu reduzir sua folha com a saída de medalhões como Ibson e Vagner Love. Total da dívida fiscal (o clube não detalha o valor devido exclusivamente à Fazenda): R$ 394 milhões.

UOL Esporte

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