Time das Confederações renova era Mano e confirma falta de legado de Dunga















Fernando, Dante e Bernard estão no pelotão de convocados com menos de cinco jogos na seleção

Dos 23 jogadores anunciados por Luiz Felipe Scolari para a Copa das Confederações, na última terça-feira, apenas quatro trazem experiência em Mundiais. O treinador preteriu nomes mais experientes disponíveis e assim decidiu encarar no torneio da Fifa a missão de tirar peso da falta de legado deste ciclo, com uma geração com currículo quase inexpressivo em seleção brasileira.

Felipão aproveita 13,04% da última seleção de Dunga e apenas 52,38% do grupo convocado para o último desafio de Mano Menezes em data Fifa [empate com a Colômbia em novembro de 2012, com 11 de 21 atletas].

Em relação á última competição oficial da seleção principal, na Copa América de 2011 na Argentina, são apenas nove os remanescentes.

Com Kaká e Ronaldinho Gaúcho momentaneamente descartados, Felipão aposta em cacifar um grupo jovem, remediando uma transição de gerações que não aconteceu, pelos motivos mais diversos.

Em 2010, Dunga levou à África do Sul um grupo experiente, com um banco de reservas basicamente formado por jogadores velhos, com horizonte limitado na projeção ao ciclo seguinte. O ex-técnico da seleção à época disse que focava o título, dizia entender que não tinha compromisso com formação de nomes para o futuro.

O mais jovem do grupo de Dunga na Copa era Ramires, então com 23 anos. No entanto, depois de desfrutar de prestígio na gestão de Mano Menezes, o volante do Chelsea acabou ficando pelo caminho com Felipão. Scolari, por sua vez, recuperou nomes que haviam perdido espaço, como Hernanes e Fred.

De quebra, a seleção ainda amargou nos últimos anos a decadência de uma geração que não vingou, aquela que deveria receber o bastão do time campeão de 2002 e conduzir os próximos ciclos. Além de Kaká e Gaúcho, o símbolo deste pelotão certamente paira sobre as figuras de Adriano e Robinho, "projetos de melhores do mundo" que se perderam na carreira em circunstâncias diferentes.

Mano Menezes assumiu a seleção após a Copa de 2010 com a missão pública, propagada pela direção da CBF: era preciso renovar. Mas, depois de um começo de bons resultados, o técnico resolveu apelar à experiência em sua primeira competição, na Copa América da Argentina. O insucesso no torneio oficial acabou inspirando uma nova etapa de testes, com oscilações, até o que parecia ser um começo de caminho, com a introdução de Kaká na linha de frente com os novatos. No entanto, o trabalho terminou interrompido por José Maria Marin, que decidiu recuperar o penta Felipão para o comando.

Na última terça, minutos depois de divulgar seu grupo para a Copa das Confederações, Scolari afirmou que seu projeto para 2014 não está fechado, mas que, neste momento, entendeu precisar oferecer experiência para uma geração praticamente sem currículo relevante na equipe nacional.

 "Pode ser um problema, mas não deverá acontecer. Já na Copa das Confederações esses jovens terão oportunidade de jogar nessa exigência. Vão vivenciar a situação de competição e vão acrescentar no currículo. São jogos disputadíssimos em que vale alguma coisa. É um hiato que tem que ser preenchido dessa forma. São praticamente 12 ou 13 jogadores que vão jogar pela primeira vez [torneio oficial]", afirmou Felipão à TV Globo, sobre a realidade de uma seleção sem rodagem.

Dentre os nomes relacionados para a Copa das Confederações, Julio Cesar, Daniel Alves e Thiago Silva estiveram na última Copa em 2010, enquanto que Fred é remanescente do Mundial de 2006.

JOGOS NA SELEÇÃO DOS CONVOCADOS

QUEM MAIS JOGOU
Julio César – 67
Daniel Alves – 63
Thiago Silva - 33
Neymar - 31
Fred – 23
Lucas - 23
David Luiz - 21
Hulk – 20
Marcelo – 19

QUEM MENOS JOGOU
Leandro Damião - 16
Oscar – 15
Paulinho - 11
Hernanes - 10
Réver – 8
Jadson – 7
Jéfferson - 7
Jean – 5
Fernando – 4
Filipe Luis – 3
Luiz Gustavo - 3
Dante – 2
Diego Cavalieri – 2
Bernard - 1

PALAVRAS DE UMA RENOVAÇÃO QUE NÃO DEU CERTO

DUNGA (ex-técnico da seleção) - Convocação para a Copa, 11/05/2010
"Eu tenho que ganhar a Copa de 2010. Como vou preparar a seleção para a Copa de 2014? Até brinquei com o Jorginho (auxiliar) que, se fosse para dar experiência, eu levaria o meu filho, o filho do Jorginho"

RICARDO TEIXEIRA (ex-presidente da CBF)  - Após a eliminação na Copa, 05/07/2010
"Só temos duas opções para a próxima Copa. Ou é renovar ou renovar. Isso será necessário para o próximo Mundial"

MANO MENEZES (ex-técnico da seleção)  13/06/2011
"Essa renovação foi forte porque se nós olharmos em nomes, hoje a seleção tem quatro jogadores na equipe base. Renovação não é necessariamente ser jovem"

07/03/2012
"Desde o início do trabalho nós sabíamos que seria uma tarefa muito difícil esse processo de renovação. E quando vieram as primeiras vitórias, eu fui o primeiro a pedir calma nos elogios, porque o processo ainda não estava completo. Agora, estamos emplacando uma sequência de vitórias que é importante para que o time ganhe confiança e, mais para frente, fique no nível que queremos"

UOL Esporte

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