Tripé de sucesso: planejamento, comissão técnica e torcida
Ninguém imaginava em sã consciência que, ao final da 11ª rodada do Campeonato Paulista, o Botafogo-SP estaria na 4ª colocação, a frente de forças como Corinthians e Palmeiras. O próprio técnico Marcelo Veiga, sempre com os pés no chão, evitava falar no início da temporada que brigaria pelas primeiras colocações.
Em entrevista ao globoesporte.com, logo após a vitória diante do Mogi Mirim por 2 a 0, o presidente do Pantera, Gustavo Assed, confessou que também não fazia contas para dormir na vice-liderança de um campeonato tão concorrido. A realidade é que o Botafogo-SP, a dois pontos do líder São Paulo, começa a se aproximar dos objetivos traçados: terminar a primeira fase no G8 e conquistar uma vaga na Série D do Brasileiro.
Feliz com o desempenho da equipe dentro de campo, Gustavo Assed falou sobre o tripé de sucesso que deixou o time no G4 - times que têm vantagem de jogar as quartas de final em casa.
GLOBOESPORTE.COM - Presidente, ninguém imaginava que o Botafogo dormiria na vice-liderança na 11ª rodada do Campeonato Paulista. Como o senhor avalia esse sucesso do time, que está a frente de grandes como Corinthians e Palmeiras?
Gustavo Assed - A palavra é planejamento. Nosso planejamento não foi uma frase vazia, solta no estádio Santa Cruz. Trabalhamos desde outubro na montagem do elenco e da comissão técnica. Temos a menor folha de pagamento ou uma das menores desde que o Botafogo voltou para a primeira divisão. É uma folha bem planejada, pensada, com uma comissão técnica de muita competência. O segundo fator é o Marcelo Veiga. Temos um excelente treinador, que conhece muito, que consegue colocar o time de maneira equilibrada. O time não se expõe e não deixa de atacar. Ele sabe usar o resultado a seu favor. Temos também um preparador fisico de primeira qualidade. O time corre os 90 minutos, não se entrega, não cansa. Já reparou que o nosso time não tem problemas de cãibras dentro de campo. E o terceiro ponto é a torcida. Tivemos uma chuva torrencial em Ribeirão e a torcida, maravilhosa, compareceu em peso. Estou muito feliz, muito satisfeito. No começo, eu não tinha a menor ideia de onde a gente ia chegar. Você pode chutar na trave e a bola sair, pode enfrentar um goleiro inspirado... Acho que o principal é o planejamento: um elenco fechado, que vem recebendo em dia, com bicho no vestiário. Futebol tem que ter seriedade.
Mas com tantas vitórias, vai faltar dinheiro para o bicho...
- O bicho é realista, do tamanho da nossa perninha. O Botafogo tem um problema financeiro que é serio. E tem dado um azar incrivel, de chuvas, que não permite que a gente não tenha ótimas rendas. Isso vai pesando. Mas nosso bicho é realista, conseguimos pagar em dia, e estamos conseguindo honrar tudo.
Você disse que não imaginava dormir na vice-liderança. Agora, com o time montado, jogando bem, dá para imaginar o quê?
- Dá para imaginar a classificação, a Série D. Temos o sonho de se classificar no G4. Seria um sonho e um presente para essa torcida. Financeiramente não muda tanto porque a renda é dividida. Mas poderíamos fazer um jogo no Santa Cruz, no G4. Claro que a gente sonha com isso, mas a gente não tem nada ganho. Faltam oito pontos na minha opinião. Se chegar no G8, é sonhar, ir pra cima, e até buscar o campeonato. Ainda tá longe e eu engasgo até para falar: cumpriu o objetivo? Vamos pra cima. Antes de tudo isso, vamos em Jundiaí, vai ser um jogo dificílimo.
Mesmo com a campanha para colocar 10 mil torcedores no estádio, muitos acabam ficando em casa. Essa não presença, como pode ser avaliada? Foram os anos de quedas e decepção?
- O torcedor do Botafogo, eu sou assim, é bastante desconfiado. Você é vice-campeão paulista, joga a
Série A do Brasileiro, e vai caindo. E depois tem toda aquela baixa, até o "fim", em 2005. Em 2006, na Série A3, a gente tinha 500 pessoas no estádio. Aquele momento de reconstrução foi uma luta dificílima do grupo do Virgílio (Martins) e do Luis Pereira. Chega 2010, um momento lindo, e depois em 2011, mais um anticlímax. Um Brasileiro da Série D muito ruim, que se pese o trabalho feito, a passagem do Luis Muller não foi muito boa, uma parceria que não deu certo... Em 2012, o torcedor sofreu de novo. Escapamos com uma assistência do Camilo, um golaço do Clebinho, com a mão de deus. Sinceramente, ninguém tinha esperança. O Botafogo estava rebaixado. Na situação fianceira que o Botafogo se encontra, não sei o que seria do clube. Acho que o torcedor é ressabiado. Devagar, contunuando trabalhar direito, o torcedor volta. Há uma torcida latente. A gente sabia que não viriam 10 mil no Santão, mas a gente esperava uma arrecadação maior. Tivemos duas mil pessoas a menos porque choveu demais em Ribeirão, infelizmente.
Apesar de toda euforia, a distância para a vaga da Série D segue a mesma, de cinco pontos (nós já tínhamos a informação de que o Penapolense tinha vencido sua partida no sábado). Como trabalhar isso? O Botafogo não conquistou nada até aqui...
- Faltam oito jogos. É muita coisa no Campeonato. Não tem como ficar eufórico com uma campanha assim, mas vamos falar o português claro. Não conquistamos nada. Cumprimos o mínimo da obrigação. Não estamos com a vaga no G8 e nem estamos na Série D. Claro que a vitória do Penapolense vai impactar na maneira da gente jogar contra o Paulista, em Jundiaí. A gente segue pressionado pelo Penapolense. Eles souberam trocar de técnico na hora certa. São três ou quatro clubes para duas vagas. Vamos ter que remar bastante para se livrar dos dois, Penapolense e Linense.
Globo Esporte
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