Com Bellucci surpreendido, Brasil tem pior resultado desde 2008




















Principal esperança brasileira, Thomaz Bellucci caiu nas oitavas para Filippo Volandri


O Brasil Open 2013 terminou com um saldo ruim para o tênis nacional – pelo menos na competição individual. Enquanto Bruno Soares conquistou o tricampeonato em duplas ao lado do austríaco Alexander Peya, em simples o País teve o pior desempenho no evento desde 2008, quando todos os representantes haviam sido eliminados na estreia: os convidados Gustavo Kuerten, Thomaz Bellucci e Marcos Daniel.

Neste ano, Thomaz Bellucci, número 38 do mundo e cabeça de chave 5, era a principal esperança brasileira. Mas ele foi eliminado nas oitavas de final pelo italiano Filippo Volandri, o 113. Nessa mesma fase caiu João Souza, o Feijão, 133º colocado do ranking mundial e oriundo do torneio qualificatório, que perdeu para o espanhol Rafael Nadal, o quinto.

Após receber um convite para fazer na competição a sua despedida das quadras, Ricardo Mello, número 389 do planeta, caiu na estreia diante do argentino Martín Alund, o 93. Qualifier assim como Feijão, Guilherme Clezar, dono do 234º lugar na ATP, perdeu na primeira rodada da chave principal, quando encarou Bellucci.

“Acho que a explicação de não ter nenhum brasileiro nas quartas é o nível do torneio muito alto. Este ano estava mais forte, com quatro cabeças de chave entre os 25 primeiros do mundo. Infelizmente o Thomaz, que era teoricamente a grande esperança, acabou não andando na chave. O Clezar é uma promessa (20 anos), acabou passando o quali e fez um bom torneio”, comenta Feijão.

Os principais favoritos ao título do evento eram o espanhol Rafael Nadal (quinto do ranking), o espanhol Nicolás Almagro (11º), o argentino Juan Mónaco (15º) e o francês Jeremy Chardy (25º).

Por outro lado, o Brasil teve mais sucesso no qualificatório desta vez, com a passagem de Feijão e Clezar à chave principal. Em 2012, todos os nove brasileiros inscritos no quali haviam sido eliminados – desses, apenas André Ghem e Bruno Sant’anna passaram pela estreia, perdendo na segunda rodada.

A partir de 2008, o País contava sempre com ao menos um semifinalista: em 2009, Bellucci foi vice-campeão, sendo derrotado pelo espanhol Tommy Robredo; em 2010, Mello foi semifinalista, caindo para o espanhol Juan Carlos Ferrero; em 2011, Mello foi semifinalista, perdendo do ucraniano Alexandr Dologopolov; e em 2012, Bellucci também foi semifinalista, sendo derrotado por Volandri.

Em meio aos maus resultados em simples, Bruno Soares salvou o desempenho do País ao ser campeão nas duplas com Peya. “Torço para os meninos e acho que o Gui (Clezar) era um cara que podia fazer um belo torneio. Ele fez uma belíssima apresentação contra o Thomaz”, analisa Soares.

“O Feijão, quando se tem um Nadal em um torneio de saibro, digamos assim que foi o ‘vice-campeão’, chegou aonde podia. O Thomaz perdeu e o Ricardo estava vindo com pouco ritmo e não conseguiu impor o seu melhor. Está sendo feito um bom trabalho no Brasil e espero que no futuro a situação possa se inverter, com vários brasileiros nas quartas e levando o caneco do Brasil Open em simples, que faz um bom tempo que a gente não tem”, completa o duplista, que já havia conquistado a competição em 2011, ao lado do compatriota Marcelo Melo, e em 2012, ao lado do americano Eric Butorac. O último brasileiro a conquistar o torneio nacional na modalidade individual foi Guga, em 2004.

Com sexto título seguido, Espanha confirma hegemonia no Brasil Open

A edição 2013 do Brasil Open também ratificou a hegemonia da Espanha, nação maior campeã da história da competição com sete títulos, os últimos seis consecutivos. Nesta temporada, coube a Rafael Nadal a missão de carregar a bandeira espanhola.

Após se afastar do circuito por sete meses devido a uma lesão no joelho esquerdo, o ex-líder do ranking mundial disputou em São Paulo o segundo torneio desde então e conquistou o primeiro título, vencendo o argentino David Nalbandian na decisão.

“Levamos anos conseguindo grandes coisas ao redor do mundo e nos sentimos bem no Brasil. É similar à nossa casa, não?”, diz Nadal, acerca do domínio espanhol no torneio. “O idioma não é exatamente o mesmo, mas podemos nos comunicar e nos entender perfeitamente, nos sentimos cômodos com o clima, as pessoas. Quando estou aqui na América Latina me sinto muito mais perto de casa do que quando estou em outro lugar”.

Nadal já havia sido campeão do Brasil Open na outra vez em que atuou no País como profissional, em 2005. Ele se tornou o segundo maior campeão da história do evento ao lado de Gustavo Kuerten (vencedor em 2002 e 2004). O recordista de títulos, com conquistas em 2008, 2011 e 2012, é o também espanhol Nicolás Almagro, que neste ano se despediu nas quartas de final, superado por Nalbandian.

A competição foi idealizada em 2001 e disputada em um resort na Costa do Sauípe, em quadras de saibro ao ar livre, até 2012, quando se transferiu para São Paulo, tendo como quadra principal o saibro coberto do Ginásio do Ibirapuera. A alteração, segundo Nadal, é um grande desafio para a hegemonia de seu país.

“Jogando aqui em muita altura (São Paulo tem altitude média de 760 m) e com estas bolas muito rápidas, para os espanhóis é muito mais difícil do que quando era no Sauípe, ao nível do mar, com condições um pouquinho mais lentas”, argumenta. “Historicamente sempre fomos bons jogadores no saibro. Em Sauípe as condições eram muito boas para os espanhóis”.

Único ATP do País desde 2001, o Brasil Open será organizado pela próxima vez entre 24 de fevereiro e 2 de março de 2014, e receberá a companhia do ATP 500 do Rio de Janeiro a partir do ano que vem. Gerente geral do Brasil Open, Roberto Burigo minimizou a concorrência do torneio carioca, que distribuirá o dobro de pontos no ranking ao campeão e será realizado uma semana antes do evento paulistano.

"O Brasil Open historicamente sempre teve nomes fortes e esse ano foi um dos mais fortes. E, com certeza, a atração que se tem por São Paulo não vai se perder", disse Burigo, que comemorou o público de 57.465 pessoas no torneio, um recorde na história da competição. Ele confirmou que não há planos de tirar o evento do Ginásio do Ibirapuera.

Terra

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