Após pressão por erros, Anaf quer R$ 4 milhões do governo federal para formar árbitros

Aldo Rebelo (d) promete analisar pedido da Anaf por recursos para formar árbitros

Aldo Rebelo (d) promete analisar pedido da Anaf por recursos para formar árbitros

Sob pressão após erros recentes de arbitragem no Brasileiro-2012, a Anaf  (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) reivindica que o governo federal dê R$ 4 milhões para projetos de formação de juízes no Brasil. Uma parte sairia diretamente do caixa do Tesouro Nacional e outra por meio da Lei de Incentivo ao Esporte.

Os pleitos dos árbitros já foram oficializados no Ministério do Esporte, que considera legítimos os pedidos e promete analisá-los. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que é responsável pela qualidade dos juízes, entende que a iniciativa é louvável.

Um dos projetos é para a viabilização de cursos de formação para árbitros à distância. Seu custo previsto é R$ 2,7 milhões, que, no plano da Anaf, deveriam ser bancado em convênio com o governo.  Uma universidade de Santa Catarina ficaria responsável por centralizar os cursos.

O outro projeto é para aperfeiçoamento de juízes, com um custo de R$ 1,3 milhão. A intenção é que seja colocado em prática por meio da Lei de Incentivo ao Esporte.

RELEMBRE ALGUNS DOS ERROS DE ARBITRAGEM DO BRASILEIRÃO


Na partida entre Santos e Corinthians, pela 18ª rodada, André marcou o segundo gol da vitória santista após um “impedimento triplo”. Léo cruza, Bruno Rodrigo desvia em posição irregular, Durval recebe também impedido e André toca para o gol também a frente da zaga. Emerson Augusto de Carvalho, o assistente que não assinalou nenhum dos impedimentos, foi afastado.


Na 30ª rodada, o Fluminense bateu a Ponte Preta por 2 a 1, de virada, com a ajuda de erros dos árbitro Nielson Nogueira Dias. No gol de Fred, o de empate do tricolor, um pênaltis inexistente foi marcado após a bola bater no braço de Luan. Depois, aos 43 min, Gum fez de cabeça após cruzamento em cobrança de falta – que não existiu. Marcos Júnior, do Flu, puxou a camisa de Renê Júnior, mas o árbitro inverteu o lance.


Na partida entre Internacional e Palmeiras no Beira-Rio, pela 33ª rodada, Barcos marcou com a mão o gol que salvaria o Palmeiras da derrota. O juiz Francisco Carlos do Nascimento primeiro validou o lance, mas depois voltou atrás. O Palmeiras chegou a conseguir a suspensão da partida no STJD, porém o resultado acabou sendo mantido. A possibilidade de interferência externa na decisão do árbitro aumentou a polêmica, já que Francisco demorou para mudar sua decisão em campo.

“A lei diz que a entidade de classe [o sindicato] é responsável pela formação dos profissionais. Queremos criar a escola brasileira de arbitragem. Para isso, são necessários recursos”, explicou o presidente da Anaf, Marco Antônio Martins.

Os dois projetos foram anunciados durante o Congresso da Anaf, na última semana. Na reunião, estava presente o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que recebeu a demanda dos juízes. Para ele, pode, sim, ser uma atribuição do Estado investir em juízes.

“Vou ver se o projeto se encaixa na lei de incentivo e analisar o outro. Tem interesse do governo em ajudar”, explicou o ministro. “Uma das atribuições do Estado é melhorar o nosso futebol. Se entendermos que é uma medida que pode melhorar o futebol, pode ser feito.”

Internacionalmente, a Fifa é quem investe nos juízes para as Copa do Mundo. Pelo menos é a entidade que faz cursos e treinamentos para os árbitros. A CBF também tem aperfeiçoamentos a juízes, mas não um curso amplo em todo território nacional.

O presidente da confederação, José Maria Marin, disse que tem investido na área de arbitragem. E defendeu que o governo também pode botar dinheiro em programas com esse fim.

“E louvável”, afirmou o dirigente. “Desde que assumimos, pusemos os dois auxiliares a mais atrás do gol. Temos tentado melhorar, mas o erro humano já existia antes e vai existir”, observou ele, que considera boa a arbitragem nacional.

Além desses cursos, está em discussão no Congresso há dez anos a profissionalização do árbitro de futebol, bandeira defendida pelo sindicato da categoria. Foi pedido o apoio do ministro Aldo Rebelo para o pleito. Ele também considerou o pedido legítimo, mas fez uma ressaltava.

"Apoio a regulamentação do árbitro. Mas há uma questão de uma cláusula, artigo, que conflita com código penal. Vou examinar as demandas", afirmou o ministro.

UOL Esporte

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