Em clima de adeus, Seleção reencontra palco que mudou rumo do time de 94

Janio Oliveira comprou ingresso promocional e decidiu ver o jogo acreditando na mística do Arruda . Foto: Eduardo Amorim/Brisa Comunicação e Arte – Especial para o Terra

Janio Oliveira comprou ingresso promocional e decidiu ver o jogo acreditando na mística do Arruda

Além de fundamental para o resgaste do bom futebol da Seleção, o duelo entre Brasil e China, às 22h (de Brasília) desta segunda-feira, será disputado em um clima de despedida. Com a construção da Arena Pernambuco, que será inaugurada no início de 2013, muito provavelmente o duelo será o último do time nacional no Estádio do Arruda.

Foram nove partidas do Brasil no estádio recifense, mas uma em especial marcou toda uma geração. Depois do 6 a 0 sobre a Bolívia pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994, o Estádio José do Rego Maciel virou um amuleto para a Seleção Brasileira.

No total, após o confronto contra a China, serão dez partidas da Seleção Brasileira no Arruda. No começo nem foi tão fácil assim. Em 1978, o Brasil empatou por 0 a 0 com uma seleção de Pernambuco, que tinha entre os seus destaques Fumanchu e o hoje treinador Givanildo Oliveira. Quem estava naquele jogo diz que o placar não reflete a bela partida, mas a expectativa do torcedor é que neste último jogo os brasileiros vençam e convençam.

O time voltaria a empatar na preparação para o Mundial de 1982: 1 a 1 com a Suíça. Em 1985, finalmente a primeira vitória no Arruda, e foi logo diante do Uruguai: 2 a 0 Uruguai.

Uma partida realmente histórica do Brasil no Arruda aconteceu no dia 30 de abril de 1986. Alguns acham que aquele jogo marcou a melhor atuação de Zico com a camisa amarela. O meio-campista do Flamengo marcou três gols, um deles foi de placa, driblando metade da zaga da Iugoslávia. Depois daquele 4 a 2, a Seleção Brasileira parece ter se empolgado com jogos no Arruda.

Primeiro veio um 2 a 0 contra o Paraguai. A partida marcada inicialmente para Salvador, pela Copa América, serviu para levantar a moral do time de Romário e Bebeto, que se tornaria campeão continental em 1989. Quatro anos depois, a Seleção Brasileira voltaria ao Arruda, desta vez sem Romário, para talvez o jogo mais importante já realizado no estádio do Santa Cruz.

O Brasil vinha desacreditado. O zagueiro Ricardo Rocha, ex-jogador do time da casa, pediu que todos entrassem em campo de mãos dadas. A torcida pernambucana deu todo o apoio e o resto a história conta como um 6 a 0 diante da Bolívia. Os gols foram marcados por Ricardo Gomes, Branco, Müller, Raí e Bebeto (duas vezes).

Aquela vitória deu moral para o time conquistar a vaga à Copa do Mundo. Foi tão importante que Romário acabou trazendo a taça conquistada nos Estados Unidos para um desfile pelas ruas do Recife, logo depois da conquista do tetracampeonato.

Em 1994, a Seleção veio agradecer pelo apoio dos pernambucanos na Eliminatórias e venceu a Argentina por 2 a 0. Em 1995, apenas 24 mil pessoas assistiram o 2 a 1 sobre a Polônia, realizado durante uma chuva torrencial. Mas uma briga entre dirigentes afastou a Seleção Brasileira de Pernambuco e, só em 2009, o time voltou ao Arruda. Robinho e Nilmar marcaram os gols brasileiros na vitória por 2 a 1 sobre o Paraguai.

Quando a partida contra a China for encerrada nesta segunda-feira ninguém terá a mínima perspectiva de uma próxima partida no Arruda. A verdade é que com a inauguração da Arena Pernambuco em São Lourenço da Mata, Recife deve passar alguns anos sem receber um jogo da Seleção.

Para os torcedores que acreditam na mística de um estádio acostumado a recuperar equipes em crise, a partida contra a China se torna o momento de torcer para que uma atuação brilhante dos brasileiros torne inevitável a volta do Brasil ao Arruda. Objetivamente é difícil acreditar, mas quem sabe o futebol não escreva certo por linhas tortas.

Terra

Comentários