Em Gdansk, espanhóis e irlandeses compartilham clima festivo e apagam imagem de brigas da Euro 2012
Espanhóis e irlandeses na noite de Gdansk, na Polônia, em uma das áreas destinadas pela cidade para os fãs. Cervejas à mão, os torcedores da Irlanda cantam: "stand up for the boys in green" - algo como "levante-se para os rapazes de verde", cor de sua seleção. Também munidos de suas cervejas, os aficionados da atual campeã mundial respondem com "ole ole ole Fernando Torres ole ole", uma homenagem ao herói do título da Euro 2008. Juntos e misturados aos poloneses cantam todos o hino da torcida da casa, o "Polska Bialo czerwoni" ("Polônia branca e vermelha").
É essa atmosfera que gira em torno da segunda mais importante sede polonesa que precedeu o encontro das duas seleções agendado para às 15h45 (de Brasília) desta quinta-feira, na Arena Gdansk, entre Espanha e Irlanda. Algo muito distante da tensão entre Polônia x Rússia na segunda-feira, das manifestações de racismo, inclusive do vice-prefeito de Gdansk, e até dos deslizes de Antonio Cassano sobre homossexualidade. Espanhóis e irlandeses, festeiros, fazem o confronto da amizade.
O clima amistoso já foi notado em Gdansk no último domingo em uma das mais belas cenas desta Eurocopa até aqui. Pouco notado, mas marcante, pois espanhóis e italianos, juntos, também bradaram juntos em 80 ou 90% do estádio o repetido canto "Polônia branca e vermelha". A homenagem ao país co-anfitrião da Eurocopa, que possivelmente se repetirá no duelo desta quinta, contrasta com tantos episódios ruins no extracampo.
Contraste é, aliás, uma boa palavra para definir as sensações de Espanha e Irlanda na competição. Atuais campeões, os espanhóis largaram com empate contra a Itália não perdem há 20 jogos, excetuados os amistosos. Mas há, entre todos os europeus, uma ideia grande de respeito aos sempre competitivos irlandeses, o que também se aplica no time de Vicente del Bosque.
"Tenho preocupações porque sei que é uma equipe de muitas armas, de bola alta. Kevin Doyle é um grande jogador, perigoso e são todos bons da defesa ao ataque", resumiu o treinador da seleção espanhola. Ele indica uma Irlanda em busca do resultado, afinal perderam por 3 a 1 na estreia contra a Croácia. "Não acho que vão depender tanto. Eles vão atacar, sabem crias suas chances".
A tendência entre os espanhóis é pela repetição do time que empatou com a Itália na estreia, mas Fernando Torres poderia surgir como titular. Certo é que Fàbregas, o falso camisa nove do primeiro jogo, deve enfim se manter na primeira equipe - ele, Busquets ou David Silva poderiam sair para Torres jogar. "Estou na seleção há cinco anos e nunca parei de pensar que meu momento viria. Jogar 10 ou 20 minutos me anima também, mas começo entre os titulares e espero seguir por muito tempo. Tenho responsabilidades no time e espero ter a oportunidade de provar", disse o homem do gol contra os italianos.
Del Bosque, por sua vez, saiu em defesa de seu sistema de jogo peculiar, sem atacantes de origem e apenas meias armadores. "Fàbregas sabe pensar o futebol, conhecemos a chegada dele à frente", argumentou. "São jogadores distintos", tentou explicar Cesc sobre Torres, Llorente e Negredo, os atacantes do banco. "Com Andrés (Iniesta), David (Silva) e eu, tivemos mobilidade e nos movemos pela frente até mais que no Barcelona. Também fiz a parede, creio que funcionou bem".
Os próprios irlandeses admitem conviver com poucas possibilidades de vencer a Espanha. "Somos uma zebra", disse o capitão Robbie Keane, maior artilheiro da Irlanda em todos os tempos e hoje no Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos. "Temos que crer em nosso grupo. São 90 minutos, 11 de cada lado e tudo pode acontecer. Necessitamos dos pontos, é por isso que vamos jogar". Giovanni Trapattoni, italiano treinador dos britânicos, elogiou seus atletas. "Eles têm mentalidade e capacidade."
Terra
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