No São José-RS, Fabiano Eller mira time da elite e futuro como cartola

Fabiano Eller teve uma passagem vitoriosa pelo Inter (foto de arquivo). Hoje no São José, ele encara momento como recomeço e foca clube da Série A

O zagueiro Fabiano Eller, 34 anos, tem um currículo de fazer inveja a muitos jogadores do futebol mundial. O defensor já conquistou três Copas Libertadores da América, dois Campeonatos Brasileiros, um Mundial de Clubes, uma Copa Mercosul, um Torneio Rio-São Paulo e um Campeonato Carioca. Jogou em vários times de ponta, como Fluminense, Flamengo, Santos, Palmeiras, Vasco e Inter.

Com passagens também pelo futebol europeu, onde atuou por Atlético de Madrid, da Espanha, e Trabzonspor, da Turquia, hoje Fabiano Eller tenta a sorte no modesto São José, time da zona norte de Porto Alegre e que está nas finais do segundo turno do Campeonato Gaúcho. A ideia do zagueiro é, após o Campeonato Gaúcho, retornar para um time da primeira divisão, segundo relatou com exclusividade ao Terra.

Na entrevista, ele ainda conta os planos de ser dirigente em um futuro próximo, lembra de uma divertida história com o hoje flamenguista Vagner Love e ainda conta uma tarefa extra que acumula na concentração do São José: ser o homem responsável pelo lanche.

Confira a entrevista exclusiva com Fabiano Eller:

Terra- Como é atuar no São José, time de estrutura modesta, diferente de quase todos em que você já jogou?
Fabiano Eller: Olha, eu estou bem tranquilo, mas eu tenho objetivos maiores para depois do Campeonato Gaúcho, que é conseguir atuar na Série A do Brasileiro. Eu sei que tenho condições de jogar e se não der na Série A, pode ser na Série B também. Consegui fazer um bom Campeonato Gaúcho, sou o único jogador do São José que atuou em todos os jogos, então o meu objetivo é depois do Gaúcho conseguir um time de ponta do Brasileiro.

Terra - Com 34 anos e com o currículo que você tem e pelos títulos que conquistou, hoje você joga por prazer ou por necessidade?
Fabiano Eller: Eu jogo por prazer. Eu tenho a minha situação financeira estabilizada, só que eu sempre falo: o cara para parar de jogar é muito difícil. O jogador tem que estar preparado. E o mais importante para o cara parar de jogar é já estar encaixado para trabalhar no futebol. Não adianta parar de jogar e ficar em casa sem fazer nada. Na hora que eu for parar de jogar eu já tenho que estar encaminhado para continuar trabalhando no futebol para ver se sofro menos.

Terra - E você vai ser treinador ou dirigente?
Fabiano Eller: Acho que eu tenho uma característica de ser dirigente. Eu vou começar a fazer alguns cursos de gestão, o mercado está bem aberto para isto, principalmente para os jogadores que atuaram em muitos times como eu fiz, mas eu não posso descartar uma possibilidade de ser treinador. Hoje o que eu mais gostaria de fazer é um curso de gestão para ser dirigente.

Terra - Você tem uma história interessante com o Vagner Love na época em que vocês atuavam nas categorias de base do Vasco. Como é esta história?
Fabiano Eller: O Vagner Love era da categoria mirim no Vasco e eu pagava o lanche, porque ele não tinha dinheiro para nada. Vê como o mundo dá voltas. Morávamos eu, meu irmão e o Vagner Love. E como ele era menino e eu era da categoria júnior, eu ficava responsável de pagar as coisas para ele. Só que ele é quem tinha que ir na padaria buscar. Hoje eu tento cobrar dele e ele não paga. É muito pão duro (risos).

Terra - O que você aprendeu atuando em um time pequeno como o São José?
Fabiano Eller: Eu acho que aprendi bastante. Antigamente, quando eu jogava em clube grande, quando eu tinha dificuldade, eu só reclamava. Hoje não. No São José, quando tem uma dificuldade, eu tento resolver o problema, não fico só lamentando. Ass vezes é uma situação simples de ser resolvida e a gente tem uma mania feia de só ficar reclamando. Hoje eu mudei isto na minha vida e tem me ajudado para caramba. Tenho certeza que vai me ajudar no futuro.

Terra - Que tipo de dificuldade você teve que resolver no São José?
Fabiano Eller: Hoje no São José eu sou responsável pelo lanche. De repente muitos jogadores reclamariam por isto. Eu fico responsável pelo que tem que comprar. Eu faço uma lista e peço para o pessoal comprar. Na concentração a gente faz dois lanches: um a tarde e outro a noite, e na hora do lanche eu organizo o andar que vai ser servido. Se fosse em outra época, eu iria reclamar porque o lanche não estava organizado. Hoje não. Eu vejo que não tem ninguém para fazer vou lá e faço. Me sinto bem por fazer, acabo ajudando, me sentindo mais útil.

Terra