O esgrimista Renzo Agresta no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo
Atual 19º colocado no ranking mundial de esgrima, na categoria sabre, classificado para sua terceira participação em Jogos Olímpicos e considerado o melhor atleta na história da modalidade no País, o paulistano Renzo Agresta ainda busca melhorar no quadro mundial para tentar ir longe na Olimpíada de Londres.
Em entrevista exclusiva ao Terra, o medalhista de bronze nos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e Guadalajara, comentou que, depois de conquistar a vaga para os Jogos 2012, tentará subir o maior número de posições possível no ranking para conquistar um chaveamento favorável em Londres e "escapar" dos favoritos. Nas suas duas primeiras Olimpíadas (Atenas 2004 e Pequim 2008), Agresta caiu no segundo jogo ao enfrentar os esportistas nº 1 do mundo.
O atleta de 26 anos disse também que não considera a esgrima um esporte elitista, mas acredita que precisa haver maior investimento em categorias de base e capacitação de novos técnicos no Brasil. Para ele, que foi introduzido à modalidade por um amigo aos 12 anos, a escola europeia está à frente da sul-americana e ainda é necessário cruzar o atlântico para se especializar.
Apesar de ser contratado pelo clube Pinheiros, de São Paulo, Renzo Agresta mora em Roma, na Itália, e treina a maior parte da temporada com a seleção italiana de esgrima. O atleta possui dupla nacionalidade e compete principalmente em torneios europeus.
Confira a entrevista com Renzo Agresta na íntegra:
Terra: como você começou a praticar esgrima? E quando percebeu que poderia se profissionalizar?
Renzo Agresta: comecei aos 12 anos, a convite de um amigo, aqui em São Paulo. Acho que com 16 anos eu percebi que poderia virar profissional. Eu comecei a ir bem nas categorias acima da minha, aí vi que tinha potencial para participar de jogos, como Pan-Americanos, Jogos olímpicos, e conseguir bons resultados.
Você chegou à 19ª colocação no ranking mundial...
É a melhor colocação da minha carreira. Consegui com bons resultados no circuito internacional. Foram quatro etapas da Copa do Mundo. Na esgrima, os oito primeiros colocados são considerados finalistas, então na Copa do Mundo tem mais ou menos 200 pessoas, aí teve uma que fiquei em oitavo, finalista, e em outra eu fiquei em 15º, que foi um bom resultado. Esses resultados que me levaram agora a chegar à 19ª posição.
Com o desempenho neste ano, você chega confiante para os Jogos de Londres?
Chego. Porque o meu primeiro objetivo era a classificação. Agora, depois da classificação, meu objetivo é tentar melhorar meu ranking para que eu possa pegar uma chave melhor nos Jogos. Nas últimas duas Olimpíadas eu ganhei a primeira e, logo depois, tanto em Pequim, quanto em Atenas, caí contra o primeiro do ranking. Então fica mais complicado. Eu quero ficar melhor ranqueado para, de repente, ser cabeça-de-chave.
O primeiro resultado que te colocou em expressão no cenário internacional foi o bronze no Pan do Rio?
Não, tiveram alguns antes. Eu havia sido campeão sul-americano, do campeonato pan-americano. Já fui campeão italiano até 23 anos, o que foi muito importante, pois, para mim, a Itália é o principal país do mundo na esgrima. É que esse resultado do Rio, sem dúvida, foi um dos mais importantes por serem Jogos (Pan-Americanos), por ser em casa, mas também teve outros tão bons quanto este.
Você tem também a nacionalidade italiana e mora na Europa a maior parte do ano. Por que vale mais a pena treinar por lá?
Acho que é uma questão de tradição. Em comparação com a Europa, o Brasil está muito novo no esporte. Eles têm muito mais gente, muito mais treinadores, e muito mais competição de alto nível. Mas o Brasil, pouco a pouco, está melhorando, tem alguns lugares que tem uma estrutura bem bacana. Por exemplo o Pinheiros, que tem uma estrutura legal, tem bons treinadores, tem gente de alto nível, tem investimento, então todas estas coisas fazem com que você possa aumentar a base e a, partir disso, conquistar resultados de alto nível.
A esgrima precisa ganhar mais adeptos no Brasil?
Sem dúvida. Algo que eu sempre falo é sobre a popularização da esgrima, como fazer para popularizar a esgrima no Brasil. Para mim, é preciso aumentar a base. Como você faz para aumentar a base? Você tem de ter gente apta a ensinar o esporte. Ou seja, você tem de oferecer mais cursos, e isso está começando a ser oferecido, para começar a criar mestres. A partir daí, tentar espalhar estes mestres em cidades e Estados e começar a fomentar a prática em lugares que antes não tinham e aumentar o número, aumentar a base. Na minha opinião, a qualidade vem da quantidade.
A esgrima é comumente retratada como esporte elitista. A modalidade é mesmo exclusiva para pessoas ricas?
Não, isso é um mito. Se você parar para ver, o material de esgrima é um material que você até faz um alto investimento inicial, mas você pode ir comprando aos poucos. Você pode buscar uma maneira de não precisar ter esse material para, depois, ter a possibilidade de poder comprar. Então não, não é elitista.
Então o que falta para popularizar o esporte?
Realmente falta mais gente para ensinar em locais que as pessoas possam ter interesse. Eu participei da virada esportiva no ano passado e teve muita gente interessada em fazer esgrima, mas não há muito lugares para a modalidade. A maioria é em clubes, então não tem muita possibilidade de prática. Este é o grande problema. Tem muita dificuldade para encontrar lugar para treinar.
Você está indo para a terceira olimpíada seguida. A expectativa é a mesma?
Acho que, com o tempo, a experiência ajuda você a chegar um pouco mais maduro, conhecendo o evento. Coisas que eram inéditas, hoje eu já estou acostumado. Mas no dia do jogo o frio na barriga faz parte. Você tem que saber usar esse frio na barriga para te motivar. Acho que tem pessoas que, com esse frio na barriga, podem ficar travados. Já outros usam para se motivar. Eu procuro ser a pessoa que usa todo esse evento, toda essa coisa diferente dos Jogos Olímpicos, para tentar fazer meu máximo. Sem dúvida, estas duas Olimpíadas que eu já participei vão me ajudar nessa parte de experiência, tranquilidade, na hora do jogo.
E quando você chegou a uma Olimpíada pela primeira vez, o que mais chamou a sua atenção?
Acho que o clima de Vila Olímpica é fantástico. Você está lá no meio e percebe que tantas outras pessoas sacrificaram a vida inteira para alcançar um objetivo. Você vê tantos atletas de alto nível. Vale a pena. Acho que todo o sacrifício de treinamento, qualquer coisa que você abriu mão, uma vez que você está na Vila Olímpica, você vê que vale a pena. É realmente uma atmosfera fantástica.
É verdade que a delegação brasileira é a mais agitada na Vila Olímpica?
Não, não é verdade. O Brasil chega com alguns dias de antecedência na competição. A maioria dos atletas que estão lá está para buscar resultado. Eles estão sabendo que é um dos eventos mais importantes da carreira deles, se não o mais importante. Então não tem porque fazer festa. Acho que não é o caso.
Até os Jogos, qual é o seu calendário?
Até Londres, ficarei na Itália, treinando com a seleção italiana, e vou competir nos torneios europeus, pretendendo melhorar meu chaveamento até a Olimpíada.
E o seu amigo que te apresentou a esgrima, o que aconteceu?
Meu amigo parou. É sempre assim né?
Terra
queria saber quemé o recordista estadual em esgrima
ResponderExcluir