Madureira de Duba não foi páreo para o Fluminense no Estadual
A desigualdade social atrapalha os Estaduais. Parece até discurso de socialista, mas é nesta tecla que os times pequenos estão batendo ultimamente. E o principal alvo de reclamação é o abismo entre os valores repassados referentes aos direitos de transmissão televisiva dos campeonatos.
Esta diferença é apontada pelos próprios pequenos como uma das razões que deixam os Estaduais menos competitivos e, consequentemente, menos atrativos ao torcedor.
– É uma verdadeira covardia. Os grandes levam a maior parte da receita da TV e não temos condição de investir na equipe. Futebol se faz com dinheiro. Em Minas, até a Federação ganha mais que os pequenos – reclamou Edvaldo Soares, presidente do Democrata-GV, que após seis anos se segurando para não ser rebaixado, precisa de um milagre para escapar em 2012.
Mas não é só em Minas que a disparidade de valores gera reclamação. No Rio, onde metade dos times pequenos recebem até 90% menos que os grandes, a insatisfação já foi motivo de reunião entre os clubes de menor investimento. Ainda mais porque o Carioca, com todos os seus problemas, é o que chega ao maior número de estados.
– Os pequenos já avisaram que são contra redução no número de participantes, mas somos a favor do aumento do repasse da TV – afirmou o presidente do Madureira, Elias Duba.
Nem em São Paulo, estado onde a televisão paga mais pelos direitos de transmissão, os pequenos deixam de reclamar. Também pudera! Recebendo 81% menos que os grandes...
– Por isso que não dá ninguém nos jogos entre pequenos. Não tem dinheiro para montar time bom e aí ninguém vai. Acho que isso deveria ser revisto. Hoje ganhamos R$ 1,9 milhão. Para os times que ficaram, deveria pelo menos dobrar – comentou Valmor Peruzzo, presidente do rebaixado Catanduvense.
E assim caminham os pequenos. Sempre com o pires na mão.
A grana da TV nos Estaduais
Carioca
Flamengo e Vasco faturam R$ 600 mil/jogo. Botafogo e Fluminense R$ 428 mil/jogo. Entre os pequenos, há os que, de acordo com a classificação no ano anterior, recebem R$ R$ 108 mil/jogo e R$ 60 mil/jogo.
Paulista
No campeonato mais valorizado do Brasil, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos recebem R$ 10 milhões por competição. Enquanto isso, os pequenos ganham R$ 1,9 milhão por edição. Uma diferença de 81%.
Mineiro
A divisão da verba anual é: 32% para Atlético e outros 32% para Cruzeiro. O América e a Federação levam 8% cada. Enquanto os nove pequenos levam 2,2% do montante da TV.
Preparação mais cedo já não resolve mais
Já foi o tempo em que a arma utilizada pelos times pequenos de começar a preparação mais cedo e chegar aos Estaduais com equipes superiores fisicamente aos grandes resolvia alguma coisa.
A disparidade técnica entre os clubes tem sido tão grande, que a “correria” não significa mais fator de desequilíbrio. Em 2012, os placares comprovam a tendência.
Na Taça Guanabara todos os grandes estrearam com vitórias tranquilas. E ainda mais: o único que foi derrotado por um pequeno no primeiro turno do Carioca foi o Fluminense, que, pensando na Libertadores, se deu mal na terceira rodada, contra o Boavista. Outro dado da disparidade é que último pequeno finalista do Estadual foi o Madureira de 2006.
No Paulistão, os grandes ficaram mais da metade da primeira fase sem serem batidos pelos pequenos. O primeiro tropeço só veio na 13 rodada, quando os reservas dos Santos levaram a pior diante do Mogi Mirim.
O saldo da soberania é que os grandes garantiram a classificação com quatro rodadas de antecipação. Um marasmo de quase um mês, até a fase de mata-mata.
Em Minas, o Atlético estava com 100% de aproveitamento até o último fim de semana, quando deixou o clássico com o Cruzeiro com um empate. A Raposa só perdeu um jogo, para o Guarani de Divinópolis.
Com a palavra
Elias Duba - Presidente do Madureira
Pequeno valorizado é bom para os grandes
Além dos grandes usarem reservas, outro ponto que esvazia os Estaduais é que os times pequenos não têm condições de montar elencos fortes. O problema é a diferença de verba que é repassada pela TV para os grandes e os pequenos.
Eu tenho que ter responsabilidade e não vou gastar mais do que posso para contratar jogadores. O campeonato seria mais competitivo, mesmo com 16 times, se os pequenos fossem mais valorizados. Tudo bem que em meio a isso tudo ainda saímos sem prejuízo, mas com recursos, os elencos seriam mais fortes.
Com a valorização dos pequenos, os grandes também ganham. Afinal, seria um meio de contratar jogadores com valor menor. O Dedé, por exemplo, que é o cara mais badalado do Vasco, veio do Volta Redonda.
Lancenet
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