Marco Maia: "terminou o tempo regulamentar, entramos na prorrogação e espero não ir para pênaltis"
A maioria dos partidos da base aliada e a oposição mostraram nesta quarta-feira (21) que estão dispostos a complicar a vida do governo. Em rebelião, os deputados conseguiram adiar mais uma vez a votação da Lei Geral da Copa, colocando em uma situação delicada o novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Chinaglia passou o dia buscando um acordo para levar ao plenário o texto que prevê regras para a realização da Copa. No entanto, liderados pelo PMDB, que faz parte do bloco governista, os deputados utilizaram manobras regimentais, abandonaram a sessão e enterraram de vez as perspectivas de que a Lei Geral fosse votada nesta semana.
"Não somos colônia da Fifa. O Brasil é soberano. Uma organização internacional não pode vir aqui e mudar as leis do nosso País. É o mínimo de brasilidade que temos de ter", disse o líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG).
Boa parte da insatisfação dos aliados decorre, especialmente, da possibilidade de venda de bebidas alcoólicas em estádios durante o torneio. Para contornar a resistência, o governo pediu que essa liberação expressa, que consta no projeto, fosse suprimida. Agora, a proposta se omite sobre o tema e empurra a decisão para o colo dos governos estaduais, que hoje proíbem a venda das bebidas alcoólicas.
Chinaglia discorda da decisão, mas está consciente de que precisa trabalhar a favor da aprovação do texto. Diante da recusa, o líder do governo usa como exemplo a Copa de 2022, no Catar.
"O melhor exemplo que eu tenho é o do Catar, que é um país muçulmano, que tem na constituição a proibição da bebida e que assinou o mesmíssimo acordo. Na ocasião da assinatura do nosso contrato, não vi nenhum governador reclamar", comparou.
Outro ponto que contribuiu para a derrota do governo é encampado pela bancada ruralista, que exige, em troca da Lei Geral da Copa, que seja definida uma data para votar o Código Florestal. Esse, aliás, foi o motivo para o adiamento da votação na semana passada.
"Se não pararem para conversar e marcar data para votar o Código Florestal, não tem clima para votar a Lei da Copa. Não adianta insistir, não tem outro jeito", ameaça o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR).
Visivelmente irritado, o presidente da Câmara, o deputado Marco Maia, encerrou a sessão às 17h30 e deixou plenário abusando de metáforas futebolísticas. "Terminou o tempo regulamentar, entramos na prorrogação e espero que não tenhamos que ir para os pênaltis", disse.
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