Após saída de Teixeira, substitutos adotam perfil "mais aberto"

Após um mês como presidente da CBF, Marin ainda busca mais reconhecimento. Foto: Reuters

Após um mês como presidente da CBF, Marin ainda busca mais reconhecimento

A saída de Ricardo Teixeira do comando da CBF e do COL (Comitê Organizador Local) da Copa de 2014 ainda não produziu grandes impactos no futebol brasileiro. Até porque o substituto dele, José Maria Marin, assumiu o cargo há menos de um mês falando em "fazer uma gestão de continuidade do que vinha sendo feito".

Nos bastidores, contudo, já é possível sentir os primeiros efeitos da queda do mais controverso cartola brasileiro. Pelo menos no que diz respeito à postura do comandante da CBF em relação à imprensa e a outros dirigentes da bola.

Ao longo de seus 23 anos como presidente da confederação brasileira - 18 deles acumulando também uma cadeira no comitê executivo da Fifa - Teixeira se tornou figurinha carimbada em Zurique. Nos últimos anos, após diversas declarações polêmicas e denúncias de corrupção envolvendo seu nome, Teixeira raramente falava com a imprensa.

O ex-presidente da CBF evitava a todo custo conversar com repórteres brasileiros e estrangeiros que freqüentam o lobby do hotel onde se hospedam os dirigentes da Fifa nas semanas de reunião na entidade.

Novo no cargo e praticamente desconhecido pela imprensa internacional, José Maria Marin não se privou de falar com a imprensa sempre que requisitado. Muito pelo contrário. O substituto de Teixeira se mostrou bastante disposto a falar sobre os mais diversos assuntos, entre eles sua época de jogador no São Paulo, o período em que comandou o estado mais rico da nação e a amizade de longa data com Nicolás Leoz, presidente da Conmebol.

Durante uma entrevista para o Terra em Zurique, Marin foi abordado por outros dirigentes sul-americanos que vieram se apresentar. Falando espanhol impecável, o cartola brasileiro prometeu visitar Peru e Bolívia em breve, países que disse ainda não conhecer.

Se o presidente da CBF ainda não é tão conhecido por seus pares, o mesmo não se pode dizer de Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol. Del Nero já frequentava algumas reuniões da Fifa e estreou como membro do comitê executivo da entidade nessa semana. "Justamente por ele já ser bastante integrado a esse ambiente, acreditei que era importante conseguir a indicação dele para substituir Teixeira (no comitê executivo)", disse Marin.

Essa indicação teria custado ao Brasil a Copa América de 2015. Uma das primeiras decisões de Marin como presidente da CBF foi abrir mão de sediar o torneio para favorecer o Chile. Oficialmente, o cartola diz que queria proteger a Seleção Brasileira do desgaste pós-Copa e evitar que o Brasil tivesse uma overdose de eventos relacionados ao futebol entre 2013 e 2015.

No entanto, ao ser questionado se conseguiria emplacar Del Nero no comitê executivo sem ceder aos anseios chilenos, Marin parou, pensou, mas não conseguiu responder sem revelar os reais motivos.

"Veja bem, não posso dizer isso. O que posso afirmar é que havia uma concorrência muito grande para a vaga do Teixeira. Muito grande mesmo. E o Brasil não poderia perder essa posição", argumentou. "Além disso, não perdemos a Copa América. A única coisa é que vamos sediar o evento em 2019 ao invés de 2015", completou.

Del Nero também se mostrou aberto as entrevistas em Zurique. O presidente da FPF se disse satisfeito com o novo cargo e não considerou um problema substituir uma figura tão controversa como Teixeira. "Ele nunca teve problema com os outros integrantes do comitê executivo. Não acho que terei trabalho além do normal no órgão", afirmou.

De fato, os outros integrantes do comitê pouparam seus comentários sobre a saída de Ricardo Teixeira. Mas elogiaram o substituto. "O Marco Polo é uma grande figura", comentou o argentino Julio Grondona, vice-presidente da Fifa.

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