Francês descarta doping de Nadal e critica compatriotas: "inveja"

Gilles Simon sai em defesa de Nadal após polêmica. Foto: Edson Lopes Jr./Terra

Gilles Simon sai em defesa de Nadal após polêmica

Hexacampeão de Roland Garros, Rafael Nadal está longe de ser o tenista mais amado entre os franceses. Mas ele tem um grande fã em Gilles Simon, número 12 do mundo que é o segundo maior favorito ao título do Aberto do Brasil. Em entrevista exclusiva ao Terra, o atleta nascido em Nice defendeu o espanhol das insinuações de doping feitas pelo Canal+, uma das principais emissoras de televisão gaulesas.

"Eu não entendo. Eu me desassocio completamente... para mim Rafa é um grande campeão, que merece ganhar tudo que ganhou. Eu acho que isso é nulo, dizer que ele ganha por que pode ser que tomou... para mim é apenas inveja", afirmou Simon, escolhendo com bastante calma as palavras na hora de falar.

Na esteira da punição ao ciclista Alberto Contador, que por testar positivo para clembuterol foi suspenso em 6 de fevereiro por dois anos com efeito retroativo pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) e perdeu o título da Volta da França de 2010, a emissora francesa divulgou um vídeo fazendo alusão a um suposto uso de substâncias proibidas pelo tenista espanhol. A animação traz um boneco de Nadal que bebe água e depois urina no tanque do próprio carro - este imediatamente ganha mais potência e é parado por autoridades rodoviárias devido a excesso de velocidade.

A antipatia dos franceses com relação ao campeão de dez Grand Slams não vem de hoje. Em 2009, na até aqui única derrota da carreira do jogador em Roland Garros, boa parte da torcida gritava o nome do sueco Robin Soderling, que se classificou às quartas de final fazendo 3 sets a 1, com 6/2, 6/7 (2-7), 6/4 e 7/6 (7-2). O fato motivou o técnico e tio de Nadal, Toni, a classificar o público parisiense como "estúpido".

"Por que? Não sei por quê", disse Simon, quando questionado sobre o fato de em seu país o tenista não ser muito querido. "Eu posso dizer por mim: eu o adoro. Entre todos os jogadores é o meu preferido, então eu não consigo entender. É um jeito de pensar muito francês. Mas o fato é que não estou absolutamente de acordo com os humoristas e com Yannick Noah", completou o tenista, que estreia na chave de simples do Aberto do Brasil por volta das 21h (de Brasília) desta quinta-feira, contra o argentino David Nalbandian, no Ginásio do Ibirapuera. Nas duplas, Simon e o compatriota Jeremy Chardy venceram nesta quarta por 6/4 e 6/3 o português Rui Machado e o espanhol Ruben Ramírez Hidalgo, avançando às quartas de final.

Diante da grande repercussão do quadro, os humoristas do canal defenderam "o direito à sátira". Enquanto isso, a Real Federação Espanhola de Tênis (RFET) considerou indevido o uso de sua logomarca e anunciou o interesse em processar a emissora.

Já Yannick Noah, o último francês a ter ganhado Roland Garros (em 1983), escreveu uma coluna em novembro para o jornal de Paris Le Monde colocando em dúvida o recente sucesso obtido pela Espanha em modalidades como futebol, tênis, basquete e ciclismo. "Como é possível uma nação dominar todo o esporte da noite para o dia?", questionou o ex-atleta, opinando que se deve "acabar com a hipocrisia" e "aceitar o doping": "todo o mundo tem a poção mágica", resumiu.

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