Gerente geral do torneio, Luiz Procopio Carvalho aprovou primeira edição em São Paulo
A primeira edição do Aberto do Brasil em São Paulo terminou com um saldo melhor do que o esperado. A análise é do gerente geral do torneio, Luiz Procopio Carvalho, que comemorou o público de cerca de 45.700 pessoas que compareceu durante a semana de jogos. Apesar de admitir a existência de alguns problemas de infra-estrutura no Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, o diretor confia em solucioná-los para a próxima temporada, quando o evento deve permanecer na capital paulista.
Idealizado em 2001, o Brasil Open era organizado até 2011 em um resort Costa do Sauípe, na Bahia. Após "comprar muitas brigas dentro" da Koch Tavares, promotora da competição, e assumir "um risco enorme" com a mudança para São Paulo, Carvalho pôde sair satisfeito.
"Desde o começo a gente vinha falando em um número de 30 mil (pessoas), o que seria dobrar o público do Sauipe - era a nossa meta. Se fossem 30 mil eu ia estar pulando 1 m de altura e batendo a cabeça no teto. 45 mil é realmente muito, muito acima do que eu tinha imaginado", disse.
O número divulgado pela organização do torneio não inclui os fãs presentes nos dias 11 e 12 de fevereiro, quando as partidas do qualificatório eram disputadas sem cobrança de ingresso.
O recorde de público da semana foi estabelecido na semifinal do último sábado, quando o brasileiro Thomaz Bellucci e o italiano Filippo Volandri jogaram para cerca de 9.700 pessoas. Na decisão do domingo, mesmo sem a presença de um brasileiro, 9.600 espectadores prestigiaram a vitória do espanhol Nicolás Almagro sobre Volandri.
"Em semifinal de ATP 250 com 10 mil (torcedores), não sei se não é um recorde, vou olhar com a ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), para mim é um recorde. A quadra de Buenos Aires fica lotada, mas cabem 4 mil pessoas", ressaltou Carvalho. O palco principal do ATP 250 argentino, que começa na próxima segunda-feira no Buenos Aires Lawn Tennis Club, comporta até 4.950 fãs.
Problemas a serem corrigidos
Bom público à parte, nem tudo foi um sucesso na primeira edição do evento em São Paulo. Filas demoradas na bilheteria, falta de vagas de estacionamento e o fato de haver apenas uma lanchonete na área externa do Ginásio do Ibirapuera são alguns dos problemas.
"Tem alguns pontos para a área externa como estacionamento, a gente vai tentar solucionar com bolsões. E entretenimento tem que melhorar, a vila do tênis ter mais atrações para o pessoal realmente passar oito, dez horas aqui como faz nos Grand Slams. Mais lojas, uma parte de alimentação mais completa", afirmou.
Outro ponto a evoluir é o Ginásio Mauro Pinheiro, com capacidade para 750 torcedores e que recebia partidas da competição em duas quadras secundárias ao palco principal, no Ibirapuera. "O ginásio passou por uma reforma de R$ 35 milhões e não está completo, principalmente o Mauro Pinheiro, que deveria estar pronto em novembro e vai ficar pronto em maio. Toda essa parte de acesso tem que melhorar", afirmou.
No caminho de cerca de dez minutos de caminhada entre o Ibirapuera para o local secundário, os torcedores precisavam passar por algumas áreas em obras. "A partir do momento em que ficar boa a estrutura lá a gente pode montar duas estruturas meio que independentes para o público que só quer ficar lá, não quer vir pra cá (Ibirapuera)".
Pelo menos um top 10 em 2013
As facilidades em termos de locomoção e captação de patrocinadores com a transferência para São Paulo ajudou a fortalecer o torneio que é disputado sobre quadras de saibro e distribui US$ 475.300 (R$ 815.709) em premiação aos atletas.
O evento contou com três jogadores localizados entre os 30 primeiros do ranking mundial (o espanhol Nicolás Almagro como o 11, o francês Gilles Simon como o 12 e o espanhol Fernando Verdasco como o 26), contra dois no ano passado (Almagro como o 13 e o espanhol Albert Montañes como o 26).
Ao mesmo tempo, a chave deixa a desejar na comparação com a de Buenos Aires, também um evento 250 que contará com oito top 30 segundo o ranking da semana passada: os três que atuaram no Brasil mais o espanhol David Ferrer (quinto do mundo), o japonês Kei Nishikori (18º), o argentino Juan Mónaco (22º), o suíço Stanislas Wawrinka (26º) e o argentino Juan Ignacio Chela (28º). A diferença em termos de prêmios é mínima: são US$ 484.100 (R$ 829.941) oferecidos.
"A gente conseguiu trazer melhores jogadores, mas eu quero que 2013 seja ainda melhor, com um top 10 no mínimo", projetou Carvalho. "É um ambiente muito legal, todos os jogadores elogiaram, vamos ver: se o pessoal disseminar a opinião de que gostaram vai ser bem mais fácil trazer os caras tops".
O diretor argumentou ainda que o calendário desta temporada não foi favorável, visto que a rodada de oitavas de final da Copa Davis ocorreu justamente no fim de semana anterior ao do início do Brasil Open. O fato fez com que tenistas como Almagro, o espanhol Juan Carlos Ferrero e o argentino David Nalbandian chegassem a São Paulo somente a partir da última segunda-feira. Para 2013, o problema não se repetirá, com o evento sendo disputado na semana seguinte à do ATP 250 de Viña del Mar, entre 11 e 17 de fevereiro.
"Os franceses estão buscando uma melhor preparação para Roland Garros, querem ir bem lá e acham a temporada de saibro no meio do ano muito curta", disse Carvalho, explicando a participação de Simon no torneio. "Então vamos atrás de outros franceses top, vocês sabem de quais eu estou falando". Além de Simon, a França tem mais três tenistas entre os 15 melhores do mundo: Jo-Wilfried Tsonga, o número seis, Gael Monfils, o 14, e Richard Gasquet, o 15.
Embora defenda que uma transferência para as quadras rápidas atrairia mais atletas devido à proximidade dos Masters 1000 de Indian Wells e Miami, que acontecem nesse tipo de piso a cada mês de março, o diretor não acredita em uma alteração a curto prazo.
Permanência em São Paulo
Embora a edição 2012 do Brasil Open tenha sido aprovada pelos organizadores, a continuidade da competição em São Paulo ainda não é 100% garantida. O contrato com o governo do estado e a prefeitura da cidade, segundo o gerente geral, era válido por um ano - "como de praxe".
"Não sei como botar isso em palavras, mas depois do que a gente passou aqui seria muita loucura achar que não vão querer este evento de volta. A gente vai conversar obviamente com eles (governo e prefeitura), saber do interesse deles", disse Carvalho, prevendo que permanência no Ibirapuera deva ser assegurada.
"Acho muito, muito difícil sair daqui. Acho que o evento superou todas as expectativas, até mesmo deles. Não tem razão para sair daqui, não encontramos nenhum empecilho. Trabalhamos nas nossas falhas para melhorar, mas por mim fico aqui até o final da minha vida", afirmou ele, em meio a risos.
"Tem muita coisa para ser trabalhada. A gente tem objetivos ambiciosos para fazer esse evento crescer, ir para um ATP 500 e futuramente para um Masters 1000. Por que não? A ATP, não é novidade, olha para o Brasil com ótimos olhos", encerrou o diretor, não dando prazos para a obtenção dessas metas. Ele citou o acordo firmado em 2011 pelo estado do Rio de Janeiro para ser um dos patrocinadores do ATP Finals, em Londres, como um exemplo da força do País junto à entidade.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!