Por medalha no Pan, Brasil conta com ajuda de argentino no rúgbi

 . Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Nascido na Argentina, Julian Menutti defende o Brasil há nove anos

O crescimento do rúgbi no Brasil e o ótimo desempenho que a Seleção apresenta nesta temporada fazem com que a rivalidade existente com a Argentina - potência no esporte - seja alimentada para os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Para tentar diminuir a disparidade entre as duas equipes, os brasileiros contam com uma ajuda do principal rival na equipe de 7: o scrum half do time, Julian Menutti.

Nascido na Argentina, Julian trocou de bola logo cedo, e começou a fazer parte do mundo do rúgbi aos 12 anos. "Eu praticava futsal e rúgbi, mas chegou uma hora em que foi difícil conciliar os dois esportes. Desde os 14 anos, pelo meu biotipo e pela velocidade, jogo como scrum half, tenho facilidade", afirmou o atleta, que já residindo em território brasileiro, passou a defender o Bandeirantes Rugby Club.

Em 2002, quando o atleta tinha 16 anos, foi convidado para fazer parte de uma seletiva das categorias juvenis do Brasil. Desde então, se identificou com a camisa da Seleção; faz parte do grupo que vem conquistando ótimos resultados na América do Sul, e vive, atualmente, o melhor momento da carreira.

Diante das boas apresentações da Seleção Brasileira, Julian já almeja saltos maiores. Em outubro, nos Jogos Pan-Americanos, a ideia é a conquista de uma medalha, mesmo que o crescimento brasileiro seja recente, e que essa seja a primeira vez em que a modalidade estará presente no evento.

"Estamos treinando muito forte, e nossa comissão técnica está muito bem estruturada. Nossa preparação foi feita em Campos do Jordão, e com isso já estamos nos adaptando à altitude, assim como serão as condições em Guadalajara", disse.

Rivalidade, "pero no mucho"

O início da carreira de Julian ocorreu na Argentina, e, obviamente, como todo atleta em formação, absorveu dezenas de aprendizados de seus primeiros treinadores. Hoje, ele não crê em estilos distintos entre jogadores brasileiros e argentinos, mas ressalta que o pioneirismo de nossos rivais pode ser determinante.

"Pela cultura e tradição do rúgbi na Argentina, eles começam mais cedo no esporte, e desenvolvem suas qualidades antes dos brasileiros. O que carrego de ensinamento para a Seleção Brasileira são as filosofias que me foram passadas quando eu ainda era pequeno, como respeito ao adversário, companheirismo, dedicação e disciplina", afirmou.

Surpreendentemente, Julian não vê a seleção argentina como uma rival ferrenha, igualmente ao que acontece nos gramados do futebol. Ele, e a maioria do grupo, rivalizam muito mais com chilenos e uruguaios.

"Habitualmente, são os nossos adversários diretos por resultados", explicou Julian, que afirma ter parado de "enrolar" para aprender a cantar o hino brasileiro corretamente. "Canto melhor que muito companheiro de Seleção", disse.

Quem duvida que um argentino possa contribuir - e muito - para a campanha brasileira no Pan, precisa saber, no mínimo, de dois detalhes. O primeiro é que na conquista brasileira mais emblemática dos últimos tempos (o Sul-Americano de 2008, contra o Paraguai, que valeu vaga na elite do continente), Julian era integrante do grupo, mas estava lesionado, e agora quer fazer parte de um triunfo dentro de campo.

O outro detalhe é o tratamento que o jogador da Seleção Brasileira dá aos rivais argentinos, que foram derrotados pelo Brasil neste ano pela primeira vez na história. "Foi marcante demais. Tiramos uma invencibilidade sul-americana de 36 anos deles", afirmou.

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