César Cielo chega sorrindo julgamento sobre o caso de doping
O julgamento por doping do campeão olímpico e mundial Cesar Cielo nesta quarta-feira, em Sheshan, cidade próxima à divisa com Xangai, não atraiu em peso a presença da imprensa. Devido à grande distância entre o complexo aquático onde ocorrem as competições do Mundial e a Faculdade de Ciência Política e Direito, onde foi realizada a audiência, poucos veículos se deslocaram até o local - em sua maioria, claro, brasileiros. Porém, um outro país chamou a atenção pela quantidade de jornalistas presentes: a França, nação que mais se beneficiaria de uma possível suspensão do nadador.
Se escapar de uma suspensão, Cielo vai nadar três provas individuais no Mundial de Xangai, todas com boas chances de ouro: os 50 m livre (sua especialidade), os 100 m livre e os 50 m borboleta. Nas duas primeiras, há franceses no páreo pelo lugar mais alto do pódio. Frédérick Bousquet e Alain Bernard são concorrentes fortes na distância mais rápida da natação, enquanto Fabien Gilot é um rival de peso nos 100 m.
Uma punição que tirasse o brasileiro da competição facilitaria muito o trabalho dos nadadores franceses, mas não deixaria o caminho livre para medalhas de ouro do país europeu nas provas de velocidade. Ainda restaria um adversário fortíssimo: o americano Nathan Adrian, que bateu Cielo nos 50 m e nos 100 m no Pan Pacífico de 2010.
Após uma audiência de quase seis horas de duração nesta quarta, Cielo saiu aparentando tranquilidade ao lado dos companheiros Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked. Nenhum nadador se pronunciou e o advogado Howard Jacobs disse apenas que a decisão agora está nas mãos do CAS (Corte Arbitral do Esporte). O resultado do julgamento sai em no máximo dois dias. A natação no Mundial de Xangai começa no domingo, dia 24, com as eliminatórias dos 400 m livre, 50 m borboleta, 100 m peito e 4x100 m livre.
Entenda o caso
O velocista Cesar Cielo teve resultado adverso para a substância proibida furosemida em um exame antidoping feito no Troféu Maria Lenk, realizado em maio, no Rio de Janeiro. Além dele, campeão olímpico e mundial, outros três nadadores brasileiros também foram flagrados: Nicholas Santos, Vinícius Waked e Henrique Barbosa.
De acordo com nota da CBDA, divulgada em 1º de julho, os envolvidos declinaram do direito de realização da amostra B e definiram com precisão como o diurético entrou no organismo, o que comprovou que não houve aumento dos seus desempenhos, fato que não ocorreu nesta competição. Desta forma, a entidade optou apenas por uma advertência aos quatro atletas uma vez que não foi identificada culpa ou negligência por parte deles no episódio. O próprio Cielo, em nota oficial divulgada posteriormente, disse que "em nenhum momento fui imprudente ou negligente ou usei de imperícia".
A situação dos atletas, no entanto, ainda não está totalmente definida. Já que a Fina (Federação Internacional de Natação) resolveu recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS) para tomar uma decisão se os quatro devem ou não ser punidos pelo uso da substância, seguindo as regras das leis antidoping da Fina. Os nadadores serão ouvidos a partir do dia 20 de julho, em Xangai, na China. Em seguida, o tribunal irá analisar os depoimentos e as provas para anunciar no dia 22 se haverá punições pelo antidoping positivo.
Dos quatro flagrados no exame, apenas Henrique Barbosa não faz parte do P.R.O 2016 (Projeto Rumo ao Ouro), idealizado por Cielo com vistas a Olimpíada do Rio de Janeiro. O nadador é também um dos destaques do Flamengo. No Troféu Maria Lenk, competição na qual os atletas foram flagrados, Cielo foi surpreendido pelo compatriota Bruno Fratus na prova dos 100 m nado livre, uma de suas especialidades, ficando em segundo. No entanto, levou ouro nos 50 m livre, 50 m borboleta e nos revezamentos 4x50 m livre, 4x100 m livre e revezamento 4x100 m medley. Todos os resultados dele e dos outros nadadores flagrados na competição foram cancelados.
Menos conhecido entre os quatro nadadores, Waked, 23 anos, já havia sido suspenso por dois meses ainda neste ano por uso da substância isometepteno. Na época, ele se defendeu alegando que utilizou um remédio para dor de cabeça.
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