Marcos quer evitar a depressão após pendurar as chuteiras
"Já comecei a fazer cortes financeiros, vender carro muito caro porque mais para a frente não vou ter condição de pagar", comentou Marcos, que tem dificuldades para apontar todas as contusões que sofreu em 18 anos como profissional. Mas não se arrepende da coragem que marcou sua carreira ao enfrentar os atacantes.
"Não sei se sou um fora de série, mas me machuquei muito por não ter limites para conquistar meu objetivo. Sempre me dediquei no máximo. Se eu tivesse a oportunidade de pôr a cara na frente da chuteira, eu colocava e muitas vezes me ferrei por isso", relembrou o camisa 12, chamado de São Marcos desde 1999, após o confronto com o Corinthians pela Libertadores daquele ano.
Felipão, no entanto, não quer mais ver Marcos arriscando sua cara ou músculos. O técnico e ex-zagueiro alerta o amigo para a vida que continuará fora dos campos. "Não quero que ele faça um esforço maior que o necessário, que tome comprimido. Daqui 22 anos, quero ver o Marcão gordinho, careca, mas bem. Não quero que ele sofra no futuro o que já sofre agora por não jogar", disse Scolari. "Dói mais para mim do que para ele, porque eu gostaria de ver o Marcos em todos os jogos. Mas não dá".
A confiança do chefe no comandado que fará 38 anos em agosto é tanta que é o próprio goleiro que se escala. "Vamos administrando e o Marcos vai administrando a dor dele também. Como ele é uma pessoa espetacular, diz quando sente mais dor do que pode suportar e faz um trabalho com o Pracidelli, avisa quando não pode ficar nem no banco. O Marcos só não vai quando não dá", disse Felipão, que não abre mão do ídolo. "A liderança do Marcos na concentração e no campo é algo que não dá para acreditar. Ele já fez tanto esforço que agora somos nós que fazemos por ele".
Sacrifício que já está perto do fim. Com pelo menos três anos garantidos em contrato com o cargo que quiser no clube como goleiro aposentado, Marcos já tem em mente, ao menos, o que não deve fazer. "Você passa de reconhecido a esquecido daqui alguns anos, pensa em um monte de coisa de quando chegar à aposentadoria. Sabemos muitas histórias de jogadores que ficaram com uma depressão tão grande por que pararam que viraram alcoólatras, usuários de drogas".
O momento do adeus, porém, não terá surpresa. "Vou chorar, com certeza. Vou largar uma coisa que faço há 18 anos e tenho prazer em fazer. Não jogo pelo dinheiro, muitas vezes fiquei triste e disse que ia abandonar, mas o amor pelo futebol faz você voltar e ouvir a torcida gritar seu nome", contou, mostrando o característico bom humor ao comparar sua aposentadoria com a de Ronaldo. "Se eu tivesse o que ele tinha na conta, eu também parava agora", gargalhou.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!