Caçula na Libertadores, Bruno César quer Corinthians por mais 4 anos

Bruno César. Foto: Gazeta Press

Bruno César: o único novo titular do Corinthians para a Libertadores

Bruno César tinha certeza: ou mudava de vida em 2010 ou, depois de falhar por quatro clubes grandes, nunca mais seria jogador de ponta. Em dezembro de 2009, já havia viajado para Canoas, onde por empréstimo defenderia a Ulbra no Gaúcho. O Santo André desistiu do negócio, ele jogou o Campeonato Paulista e mudou seu destino. Revelação do Estadual e do Brasileiro, já é cotado para a Seleção e será o caçula do Corinthians na Copa Libertadores de 2011.

Dos titulares que Tite planeja utilizar para a estreia contra o Tolima, por um lugar na fase de grupos da Libertadores, todos menos Bruno César já estavam no elenco de 2010. Exceção, ele simboliza a mudança radical no elenco que era de Mano Menezes há um ano e hoje está com Tite. Mais jovem, rápido e vertical.

Homem que decepcionou por Bahia, São Paulo, Palmeiras e Grêmio, Bruno César, 22 anos, é hoje um jogador cobiçado por times da Europa. Tanto que Andrés Sanchez já confirmou ter um acordo para negociá-lo, eventualmente, depois da Libertadores. Bruno desconversa sobre sair no momento: "quero cumprir os quatro anos de contrato que ainda tenho", diz.

Confira a entrevista de Bruno César na íntegra:

Terra - Antes do ano passado, você era um jogador desconhecido. Hoje, é cotado para a Seleção. O que significou esse ano (de 2010) para você?
Bruno César - Foi muito importante. Fiquei chateado por não ter saído com o Brasileiro e também com o terceiro lugar, mas para mim particularmente foi muito bom. Tanto o primeiro semestre com o Santo André quanto o Corinthians. Havia a expectativa se eu ia fazer o mesmo por aqui, porque é tudo diferente. Fiz, ganhei prêmios e realmente houve uma reviravolta. Hoje saio na sua e sou reconhecido, as pessoas querem foto e autógrafo. Quero ficar muito tempo aqui.

Terra - Você estourou em uma idade onde os grandes jogadores normalmente já se afirmaram. Por que demorou tanto?
Bruno César - Foi falta de maturidade. Fui para times grandes muito cedo. Eu não tinha muita oportunidade de jogar, sempre entrava e não correspondia. No Corinthians já cheguei amadurecido quanto a isso. Vi que era a última chance e coloquei assim na minha cabeça, como um desafio. Não que não encarei as outras assim, mas tudo é experiência.

Terra - Como foi surgir tão cedo?
Bruno César - Fiz minha estreia no profissional do Bahia, que tem uma torcida maravilhosa também, com apenas 17 anos. Isso iria se refletir mais na frente. Cheguei ao Corinthians mais maduro e sabia o que queria. Ganhar a revelação duas vezes foi uma surpresa, pois pela idade que eu já tinha normalmente não seria visto como revelação. Fiquei feliz por isso e acho que fui merecedor.

Terra - Mesmo no Santo André você demorou a decolar. Em 2009 você estava, mas praticamente não jogou. Por quê?
Bruno César - Naquele Brasileiro, o Santo André tinha muitos jogadores com passagem por clubes grandes. Marcelinho, Gustavo Nery, Rodrigo Fabri, Sidnei e Fernando. Então em um clube pequeno, de menor expressão, o treinador vai pensar em colocá-los.

Terra - Aquele time do Santo André, vice-campeão-paulista, sofreu um grande desmanche e até foi rebaixado para a Série C no segundo semestre. Mas os jogadores continuaram bem em seus novos clubes. Que lição você tira disso?
Bruno César - Isso mostra a força do Santo André naquele Paulista. Colocamos 12 mil pessoas em um estádio que não recebia 5 mil havia muitos anos. E acho que cada um mostrou que as contratações foram certas. Branquinho deu certo no Atlético-PR, Rodriguinho e Carlinhos foram campeões (no Fluminense), Nunes e Cesinha foram para o Vasco. Não foi por acaso que o time deu certo. Méritos de quem contratou: do seu Ronan (Maria Pinto, presidente), do Romualdo (Magro Júnior, vice) e do Carlito (Arini, diretor de futebol). Quase ganhamos o título paulista e, naquele segundo jogo da final (contra o Santos), aconteceram muitas coisas que é melhor até deixar para lá.

Terra - O que você está esperando encontrar em sua primeira Copa Libertadores?
Bruno César - É completamente diferente dos outros torneios. São times de outros países e a arbitragem é o mais importante: deixam o jogo correr, tem muito choque e será importante em me adaptar a isso. De resto, é mostrar o que eu sei e já tenho mostrado.

Terra - O Grupo Sonda, que é dono dos seus direitos econômicos, já admitiu que você recebe muitas sondagens e propostas. O Corinthians, por sua vez, confirmou ter um acordo para que você pudesse sair após a Libertadores de 2011. Como está sua cabeça a respeito disso?
Bruno César - Eu fui muito claro com o pessoal do Sonda e com o Andrés falando que eu queria ficar, jogar a Libertadores, que era um sonho meu e é de todo corintiano. Quero disputar e vencer.

Terra - Mas o que chegou até você? Você quer sair?
Bruno César - Não sei se teve proposta. Fiquei de férias e preferi que, se chegasse, não fosse até a mim. Quero cumprir meus quatro anos de contrato com o Corinthians. Meu objetivo é esse, tem muita coisa para acontecer e quero ficar até o final do ano. Quero ajudar no Paulista, na Libertadores e no Brasileiro. Se vier proposta, a gente conversa, mas quero ficar no Corinthians.

Terra - Você vive na expectativa de jogar pela Seleção?
Bruno César - Estou bem tranquilo sobre isso. Fiz um belo ano de 2010, o Mano (Menezes) viu e todos viram, então estou bem tranquilo. Claro que a expectativa é grande, há uma reformulação e, se pintar oportunidade, é claro que vou tentar agarrar como Elias e Jucilei fizeram.

Terra - O Tite já declarou que, eventualmente, tem a intenção de te utilizar pelo lado do campo, posição onde você reclamou de jogar com o Adílson Batista. Está pronto para tentar outra vez caso seja preciso?
Bruno César - Creio que sim. O episódio com o Adílson foi meio isolado, a gente sabe das minhas características, que é de ficar centralizado e armar. Naquele momento, o Adílson me colocou em uma posição onde eu não rendia o esperado e acho que é aprendizado. Peguei experiência e o Tite sabe da minha preferência, como gosto de jogar e não está mudando isso.

Terra - Jogar pelos lados exige muita marcação aos laterais adversários e para isso é preciso estar bem fisicamente. Como você se sente?
Bruno César - Precisa estar adaptado e bem fisicamente. Você não vai jogar ali se não treinou. No final do ano passado, foi complicado para mim nesse sentido e ficou nítido. Tive lesões, fiquei gripado e isso me atrapalhou bastante. Agora, se precisar jogo pela esquerda ou pela direita, só quero é ajudar. Se precisar, podem contar comigo.

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