Morales e comissão da Fifa discutirão crise do futebol boliviano

Governo de Morales chegou a chamar Fifa de "máfia"

O presidente da Bolívia, Evo Morales, receberá nesta quinta-feira uma comissão da Fifa em La Paz em busca de uma solução para a crise técnica, institucional e financeira do futebol boliviano.

Após semanas de troca de mensagens, o líder aceitou receber amanhã, às 6h (horário local), uma delegação formada por membros da entidade, além da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e da Federação Boliviana de Futebol (FBF).

À crítica falta de sucessos da seleção boliviana, que não se classifica para uma Copa do Mundo desde 1994, se uniram agora sérios problemas institucionais e econômicos.

Os primeiros a perceberem isso foram os jogadores, que no ano passado ameaçaram não atuar pela seleção em algumas partidas até que o governo e a FBF encontrassem uma solução para a profunda crise.

A decisão esteve a ponto de afetar a partida contra a Seleção Brasileira, em outubro de 2009, pelas Eliminatórias, mas um compromisso de Morales de buscar uma saída freou a medida.

Houve então uma pausa nos protestos, até que a reeleição dos dirigentes da federação local, em julho deste ano, trouxe os problemas novamente à tona. Morales inclusive ameaçou intervir no futebol boliviano, algo proibido pela Fifa.

O principal organismo do futebol mundial ameaçou punir o país caso houvesse alguma intervenção estatal, e o governo acusou a Fifa de ser uma "máfia". A reeleição de Carlos Chávez como principal responsável pela FBF incomodou o presidente da Bolívia, que cortou relações com a instituição.

O conflito se agravou há algumas semanas, quando o Serviço de Impostos Nacionais decidiu leiloar a sede da FBF, em Cochabamba, por uma dívida de US$ 2,1 milhões.

Todos esses imbróglios obrigaram o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, a tomar partido do assunto e pedir uma reunião do organismo com Morales, o que finalmente acontecerá nesta quinta.

No encontro, estarão presentes o gerente das Associações Membros da Fifa, Primo Corvaro, o vice-presidente da Conmebol, Eugenio Figueredo, e o presidente da Associação Paraguaia de Futebol, Juan Ángel Napout.

Também participarão Carlos Chávez, o vice-presidente da FBF, Jorge Justiniano, e o presidente da liga local, Mauricio Méndez, a quem, em um primeiro momento, Morales não quis receber.