Mano defende "política de boa vizinhança" com clubes e diálogo com atletas

  Foto: Ide Gomes/Futura Press

Sucessor de Dunga muda discurso e admite evitar "atrito" com clubes brasileiros

Escolhido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para comandar uma renovação da Seleção Brasileira após a queda nas quartas de final da Copa do Mundo da África do Sul, Mano Menezes deu, na tarde desta sexta-feira, mais provas da diferença de trabalho em relação ao antecessor. Diferentemente do que fez Dunga nos quatro anos que seguiu no cargo, o novo técnico da equipe nacional defendeu a todo momento uma "política de boa vizinhança" com clubes do País e abertura para diálogo com os convocados.

No dia em que anunciou a segunda lista de selecionados pós-eliminação no Mundial, Mano optou apenas por jogadores que atuam no futebol europeu para um período de treinos em Barcelona, na Espanha, entre 2 a 8 de setembro e evitou desfalcar os clubes nacionais.

Exatamente o contrário do que fez Dunga na reta final do Campeonato Brasileiro do ano passado, prejudicando candidatos ao título na ocasião. Nesta sexta, o novo técnico falou da importância de preservar os times neste momento e fugir de possíveis "desgastes" na relação com dirigentes.

"Optamos por uma semana de treinamentos em função das opções (de amistosos) que tínhamos para este momento. Entendemos que, para este momento, o ideal seria aproveitar o período para conhecer os jogadores, ir formando uma ideia de questões táticas mais definidas. O mais coerente seria utilizar os jogadores que estavam lá, nos clubes europeus. Seria desgastante e desnecessário para os clubes brasileiros agora", disse, explicando que o mesmo prejuízo não ocorrerá com clubes do continente.

"Vamos a Barcelona aproveitar para treinar e cumprirmos aquilo que é regulamentação da Fifa, que limita um distanciamento de quatro horas. Cumprimos isso e podemos convocar os jogadores para este tipo de trabalho".

Mano também mostrou a diferença do estilo de comando em relação à antiga comissão técnica ao dizer que privilegia o diálogo entre a delegação na tomada de decisões. Durante a passagem da Seleção Brasileira pela África do Sul, muito foi discutido uma suposta insatisfação de jogadores com o regime fechado adotado e a distância de familiares.

Na nova era, o discurso é diferente, como disse o ex-corintiano nesta sexta. "Estabelecer um bom ambiente de trabalho é fundamental para que estes jogadores se sintam bem para entrar em campo e executar esta ideia que temos de futebol", disse.

"Em todos os clubes em que dirigi, gosto de ouvir a voz do meu jogador porque quero ele forte no jogo, e para ser forte, não pode ser oprimido no tempo de preparação. Jogador não é um botão que você liga quando quer ouvir e desliga depois. O atleta deve falar sempre para ter respeitada a sua opinião. Isso não é nada novo", disse Mano, descartando qualquer tipo de autoritarismo no comando. "Não pode inverter a ordem das coisas, pensar que a sua opinião prevalece sempre sobre o grupo. Isso tem uma contribuição muito grande na maneira de comportamento da equipe", completou.

O sucessor de Dunga adiantou que pretende estabelecer regras dentro da Seleção, mas que serão discutidas e avaliadas entre os jogadores antes de implementar.

"Existe uma parte que é mais teórica, de conversa mesmo. Temos que estabelecer regras de convivência e saber como temos que nos comportar para que o trabalho tenha sucesso lá na frente. Eu não gosto de chegar no grupo de jogadores e dizer: 'vai funcionar assim'. Até porque tem gente que não vai acatar. Para mim, relação de grupo é isso. Não vamos agradar a todos, mas estaremos satisfeitos".

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