Espanha vence Holanda com gol de Iniesta e é campeã mundial pela primeira vez
A Espanha coroou neste domingo o sucesso de uma geração. Foi sofrido, no final do segundo tempo da prorrogação da final da Copa do Mundo da África do Sul. Mas a "Fúria" bateu a Holanda na por 1 a 0, no Estádio Soccer City, em Jogannesburgo, e se sagrou pela primeira vez campeã do mundo. O herói do título foi Iniesta, que anotou o gol salvador. Mesmo antes do apito final, já era possível ver jogadores como Casillas e Piqué chorando muito em campo pelo feito que estavam alcançando.
A partida também foi marcada pela violência. Foram 12 cartões amarelos e um vermelho distribuídos pelo juiz Howard Webb, além de lances de extrema violência - como a "voadora" de De Jong em Xabi Alonso. O árbitro inglês preferiu atuar na base da conversa ao invés de expulsar um jogador de uma das duas equipes. Tanto que o cartão vermelho de Heitinga, que havia cometido falta dura em Villa quando recebeu o amarelo, só saiu no segundo tempo da prorrogação.
Os comandados de Vicente del Bosque, que há dois anos encantaram o mundo no título da Eurocopa, voltaram a fazer história. Tida por diversas vezes como grande seleção nas previsões antes dos Mundiais, os espanhóis acabavam decepcionando na hora H e ficaram com fama de "amarelões". Desta vez, a situação mudou. Chegaram pela primeira vez a uma semifinal de Copa, depois à primeira decisão e agora ao inédito título. Além de terem alcançado uma marca histórica para o país, os espanhóis se tornaram a primeira seleção europeia a conquistar um título mundial fora do seu continente.
Foi a premiação para uma equipe de toques rápidos e envolventes, com um belo entrosamento e que tem jogadores de muito talento como Xavi, Iniesta e Villa. Apesar de um tropeço na primeira partida contra a Suíça, os espanhóis deram a volta por cima durante o Mundial, deixando para trás adversários como Portugal e Holanda. Se há um ano, os espanhóis saíram da África como grande decepção da Copa das Confederações, hoje foram agraciados com a taça.
Primeiro tempo
As duas equipes vieram com força máxima, sem surpresas em suas escalações. Os holandeses mandaram a campo um time numerado de 1 a 11, com o tradicional quarteto ofensivo de Robben, Sneijder, Kuyt e Van Persie; do outro lado, Vicente del Bosque manteve Fernando Torres no banco, escalando Pedro e Iniesta abertos para apoiar David Villa no comando de ataque.
Como de costume, a Espanha tomou o controle do jogo nos primeiros minutos, mantendo a posse de bola e trocando passes. A primeira chegada de perigo também foi espanhola: aos 4min, Xavi ergueu na área em cobrança de falta e Sergio Ramos cabeceou com violência, para excelente defesa do goleiro Stekelenburg. Com 7min, Busquets deu um susto na torcida ao errar passe displicente na intermediária, mas o chute de fora da área de Kuyt não foi problema para Casillas.
Os comandados de Del Bosque seguiram mandando na partida e, aos 10min, Sergio Ramos driblou Kuyt pela direita e bateu cruzado; a bola bateu em Heitinga e foi para escanteio. Na cobrança, a jogada sobrou para Villa na esquerda da área e o artilheiro bateu de primeira, mas acertou a rede pelo lado de fora.
A Holanda não conseguia sair para o jogo e só foi ameaçar aos 17min, na bola parada. Sneijder bateu falta de muito longe direto para o gol, mas Casillas segurou firme. Aos poucos, o time laranja acertou a marcação no meio e a partida ficou truncada, com muitas faltas e poucas chegadas à frente. Em um intervalo de 13 minutos, o árbitro Howard Webb distribuiu cinco cartões amarelos - porém, a solada de De Jong no peito de Xabi Alonso aos 28min merecia o vermelho.
Aos 33min, um lance inusitado: De Jong foi devolver a bola para a Espanha com um lançamento longo e quase encobriu Casillas, que foi obrigado a espalmar para escanteio. Na cobrança, Van Persie manteve o fair play e tocou para o goleiro espanhol. Quatro minutos depois, a Holanda protagonizou outro momento pitoresco com uma furada de Mathijsen no ataque.
Os espanhóis finalmente voltaram a finalizar aos 38min, com Pedro, que arrancou pelo meio e arriscou de longe, para fora. Com 42min, foi a vez de Xabi Alonso soltar a bomba em cobrança de falta e novamente errar o alvo. A Holanda voltou a assustar no fim do primeiro tempo em chute de Robben, mas Casillas garantiu o 0 a 0 antes do intervalo.
Segundo tempo
Logo aos 2min da segunda etapa, Capdevila teve a chance de colocar a Espanha na frente, mas retribuiu a furada de Mathijsen no primeiro tempo ao errar a bola na pequena área após cobrança de escanteio. A Holanda respondeu aos 6min, em novo chute de fora da área de Robben, que parou em Casillas outra vez.
A grande chance da Holanda, que mais batia que jogava, caiu nos pés de Robben aos 16min. Sneijder descolou excelente passe para o camisa 11, que saiu na cara do gol, mas Casillas desviou com o pé o chute do atacante, mandando para escanteio. O jogo ficou mais aberto, com as duas equipes saindo em busca do gol da vitória.
A Espanha respondeu na mesma moeda aos 24min. Jesús Navas cruzou rasteiro da direita, a bola passou pela zaga e sobrou limpa para Villa no bico da pequena área; porém, o chute do artilheiro espanhol foi bloqueado de forma heroica por um carrinho de Heitinga. Villa parecia com a pontaria descalibrada, e teve outro chute travado aos 31min. Na cobrança de escanteio na sequência, Sergio Ramos apareceu sozinho para cabecear, mas mandou por cima do travessão.
Robben teve uma segunda chance de abrir o placar aos 37min ao ganhar na velocidade de Puyol e entrar na área, mas novamente foi abafado por Casillas, que saiu bem e ficou com a bola. Foi a última oportunidade clara de gol no tempo normal, e a partida se encaminhou sem gols para a sexta prorrogação da história das finais de Copa do Mundo.
Prorrogação
Os goleiros iam se transformando nos melhores em campo na decisão. Aos 4min, Iniesta deixou Fàbregas na cara do gol, mas o meio-campista do Arsenal bateu de pé esquerdo em cima de Stekelenburg, perdendo grande chance. No minuto seguinte, a Holanda quase balançou as redes em cabeçada de Mathijsen após escanteio, mas o zagueiro desviou para fora.
A Espanha parecia não querer o gol. Com 8min, Iniesta recebeu bola em profundidade de Fàbregas, invadiu a área, hesitou demais para concluir a jogada e acabou desarmado. Dois minutos depois, Navas chutou forte da direita, a bola desviou em Van Bronckhorst e saiu para escanteio. Aos 13min, Fàbregas arrancou pelo meio e chutou para fora da entrada da área.
No intervalo da prorrogação, Del Bosque sacou Villa para a entrada de Fernando Torres, autor do gol do título da Euro 2008. Aos 4min, finalmente a primeira expulsão do jogo: Heitinga derrubou Iniesta na entrada da área e levou o segundo cartão amarelo. Na cobrança da falta, Xavi bateu por cima da meta. Sneijder respondeu aos 9min, também em chute forte na bola parada, mas a bola desviou na barreira e saiu.
Com 11min, veio o gol salvador. Fàbregas tocou para Iniesta na direita da área e o jogador do Barcelona, que tanto hesitou em chutar durante a partida, encheu o pé para estufar as redes de Stekelenburg. Os holandeses reclamaram muito de impedimento, mas a posição do atleta era legal.
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